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domingo, 26 de fevereiro de 2023

PLASTICUS DEI

 

Meu primeiro contato com essa incrível e talentosa família sorocabana foi em 2009 quando assisti absolutamente encantado a Astros, Patas e Bananas dirigido por Roberto Gill Camargo (pai) com participação de Janice Vieira (mãe) no acordeom e elenco liderado por Andréia Nhur (filha).

Seguiram-se As Estrelas São Para Sempre? (2015) e Mulher Sem Fim (2017), sempre com trabalhos impecáveis de Andréia Nhur.

Veio a pandemia, Andréia passou algum tempo se aperfeiçoando na cidade de Gent na Bélgica e ei-la de volta com este surpreendente Plasticus Dei onde radicaliza suas experiências com sonorocoreografia, usando a voz ora cantando suavemente, ora emitindo sons e grunhidos que servem de base para seus não menos que magníficos movimentos, onde pés, mãos e dedos atuam em perfeita sintonia com as expressões faciais e do resto do corpo

Guardadas as devidas proporções, a sensação que se tem ao assistir a performance de Andréia assemelha-se àquela que se sente ao ver passar o desfile de uma escola de samba. A cada momento é uma figura nova que surge e nos surpreende passando de uma jovem cantante, para um animal acuado e faminto, para uma rainha regiamente vestida com os plásticos que compõem a cena e até para uma donzela antipática que estende a mão para o público para em seguida rejeitá-lo.

A criação da encenação contou com a colaboração do coreógrafo moçambicano Horácio Macuacuá e de Paola Bertolini, além da mamãe Janice Vieira na sonorocoreografia. O papai Roberto Gill Camargo assina a iluminação junto com Paola Bertolini. Sempre em família!

São muitas as nuances deste excelente trabalho de Nhur que infelizmente cumpriu temporada relâmpago na Oficina Cultural Oswald de Andrade (apenas três dias, de 23 a 25 de fevereiro). Urge que o espetáculo retorne aos palcos paulistanos para que um público maior conheça e passe a admirar o talento de Andréia Nhur.

No sábado, dia 27, o delicado curta metragem O Cisne, minha mãe e eu com Andréia e Janice foi exibido antes da apresentação teatral, lotando a plateia do simpático e aconchegante Cineclube da Oficina Cultural Oswald de Andrade.

Diga-se de passagem que é sempre muito agradável ir à Oswald, ambiente acolhedor com seu gostoso Café Colombiano e agora com a perspectiva da inauguração de um novo espaço para os livros e a leitura.

Cultura é bom e nós gostamos!! 

26/02/2023

 

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

A LIVRARIA CULTURA E O TEATRO EVA HERZ

 

Eu gostaria de separar o Teatro Eva Herz da Livraria Cultura, se é que isso é possível. 

O teatro que leva o nome da saudosa fundadora da livraria, foi inaugurado em 2007 com curadoria artística de Dan Stulbach, assessorado pelo querido e competentíssimo André Acioli que mais tarde herdou o cargo e o exerce até hoje de maneira brilhante.

Espetáculos importantíssimos passaram pelo palco desse aconchegante teatro nesses 16 anos de vida, sendo que um deles (A Alma Imoral com Clarice Niskier) está ali em cartaz quase pelo mesmo tempo.

A Livraria Cultura surgiu muito antes, mas a memória dela aparece para mim no ano de 1972 quando eu trabalhava no escritório central da Philips, sediado na esquina da Augusta com a Paulista, no prédio hoje ocupado pelo Banco do Brasil. Todo dia na hora do almoço eu e alguns colegas íamos até a pequena livraria localizada na esquina onde hoje está a Livraria Drummond, lá os simpáticos vendedores Darcy e Piazza me atendiam das maneiras mais gentil e competente possíveis, sob os olhos atentos de Dona Eva e Sr. Kurtz, sempre presentes na loja (se fecho os olhos posso ainda ver o casal sentado em um canto da livraria).

Muita água passou debaixo da ponte nesses 50 anos, a livraria expandiu primeiramente dentro do Conjunto Nacional, cresceu com filiais em outros bairros e em outras cidades, mantendo durante um bom tempo as qualidades iniciais, mas nos últimos anos o gigantismo, o atendimento impessoal e talvez a má administração fizeram com que eu me afastasse, migrando para a Livraria Martins Fontes na esquina da Avenida Brigadeiro Luís Antonio. 

Sendo assim, me custa dizer que a Livraria Cultura para mim já fechou há muito tempo e a situação em que se encontra hoje não me sensibiliza. A minha frequência ao local se limita às idas ao teatro, sempre bem recebido por André Acioli e sua equipe.

Lamento pela perda do espaço que já foi ocupado pelo Cine Astor e que a julgar pelo andamento da carroça, pode se tornar um templo evangélico ou um supermercado e, mais que tudo, pelo Teatro Eva Herz que irá no mesmo embrulho em que for o espaço.

TRISTES TEMPOS!

 

15/02/2023

terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

GÊNESE – ESTÚDIO DE CRIAÇÃO

 

Dias atrás escrevi uma matéria-lamento sobre os fechamentos do Teatro Alfa, do Teatro Eva Herz, dos cinemas e do Café Fellini do anexo do Espaço Itaú-Augusta, mas os nossos guerreiros homens da cultura privada não esmorecem e eis que por iniciativa de Alexandre Galindo e Eric Lenate surge moderno espaço multiuso em uma zona degradada dos Campos Elíseos, mas que tem todas as chances de se tornar um polo de cultura importante para nossa cidade, desde que tenha uma programação diversificada e atraente e que seja facilitado o acesso às suas dependências.

O release do espaço aponta o uso do mesmo para “a produção de shows, peças de teatro em prosa e musicais, dança, ensaios fotográficos, gravações audiovisuais, base de produção audiovisual e outras atividades e eventos criativos em geral, além de um exclusivo estúdio próprio de podcast e videocast”. Como se pode notar o espaço pode ter múltiplos usos e a visita que fiz, guiada pelo querido Iuri Saraiva, só comprova o fato, através de várias salas que aos poucos serão equipadas para essas atividades.

A cereja do bolo do espaço é Sala Fênix com 11m de largura por 22m de comprimento com 5m de pé direito em vão livre. A plateia poderá ser disposta de várias maneiras. Citando novamente o release “Em breve esse ambiente estará preparado para também receber espetáculos cênicos de pequeno e médio porte e público em torno de 150 pessoas”.


A inauguração ocorreu no dia 13 de fevereiro de 2023 com breves falas dos seus idealizadores, seguidas de um delicioso coquetel de confraternização onde o pessoal de teatro brindou ao sucesso desse importante empreendimento para a nossa cultura.





O teatro e a cultura de São Paulo agradecem a Lenate e a Galindo!

 

14/02/2023

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

BANCO DOS SONHOS – 20 ANOS DA VELHA COMPANHIA

 

 

Nos primeiros dias de 2013, assisti entre comovido e surpreso a um espetáculo que havia estreado meio obscuramente no final de 2012 e que mudou a minha vida tanto de espectador como de ser humano. Na ocasião escrevi “Há um verdadeiro tesouro a ser descoberto no espaço subterrâneo do Instituto Capobianco: trata-se de Cais ou Da Indiferença das Embarcações do grupo Velha Companhia, escrito e dirigido por Kiko Marques.”

Essa identificação com o universo retratado me levou a visitar Bonifácio, Magnólia, Waldeci, Nilmar, Walcimar, Berenice, Walciano, Juciara, Cachorrinho, Ozorio, Sargento Evilázio e a poita Rosimeri quatorze vezes, sempre me encantando, me emocionando e apreendendo com a lição de humanidade que Kiko Marques imprimiu às suas personagens e à sua narrativa.

E a paixão por Cais me levou a uma amizade duradoura com os componentes da VELHA COMPANHIA que neste ano completa 20 anos de presença em nossos palcos. O cuidado na maturação do texto e na encenação de um espetáculo e talvez o enorme sucesso de Cais poderiam ser a razão da companhia ter produzido apenas oito títulos nesse período, todos eles sucessos de público e de crítica.

Em 2018, por ocasião da comemoração dos 15 anos da companhia, fiz uma matéria com seus fundadores Alejandra Sampaio, Virginia Buckowski e Kiko Marques intitulada Imitando a Girafa...Uma visão afetiva da Velha Companhia cujo link segue abaixo:

https://palcopaulistano.blogspot.com/2018/04/velha-companhia-15-anos.html

Em 2019 outro soberbo trabalho de Kiko Marques e da companhia chegava em nossos palcos, trata-se de Casa Submersa, que teve sua temporada de sucesso interrompida pela pandemia e transformou-se em um podcast de 12 episódios que está disponível no spotfy.

Então é com muita alegria que anuncio: A VELHA COMPANHIA ESTÁ DE VOLTA, comemorando agora seus gloriosos vinte anos de existência.

No dia 02 de março estreia no Teatro do SESC Pompeia BANCO DOS SONHOS, texto e direção de Kiko Marques, tendo no elenco Alejandra Sampaio, Virginia Buckowski, Maristela Chelala, Valmir Sant’Anna, Mateus Matilde Menezes, Marília Santos e ele.

A sinopse da peça constante do release não revela muito: “A peça revela o universo onírico de uma transtornada atriz à beira da morte, em uma rua insone da cidade de São Paulo, a partir da visita de uma inesperada credora”, mas conhecedor do universo criativo de Kiko Marques, ouso afirmar que o espetáculo irá revelar muito mais.

A produção sempre impecável da companhia conta com João Pimenta no cenário e no figurino, Bruno Menegatti na trilha sonora original, Marisa Bentivegna no desenho de luz e Um Cafofo/André Grynwask no videografismo e videomapping. Assistência de direção de Fábio Mraz.

Temporada de 02 de março a 02 de abril de quinta a sábado às 21h e aos domingos às 18h.

AGORA É SÓ SE PREPARAR para aquele, que tenho certeza, será um dos grandes eventos teatrais do ano.

 

13/02/2023

 

domingo, 12 de fevereiro de 2023

O TEATRO E O CINEMA


As artes me encantam e alimentam minha alma. Assim como não posso deixar de comer, tenho urgência em ouvir música, ler um bom livro, visitar uma exposição e, é claro, ir ao cinema e ao teatro, minhas maiores paixões, porque de alguma maneira essas duas artes englobam todas as outras.

Nos últimos tempos, por uma série de razões passei a frequentar mais o teatro do que o cinema. Em 2022 foram 216 idas ao teatro contra apenas 52 filmes, muitos deles assistidos em casa.

Nestes dias pré carnaval e considerando que já assisti à maioria das peças em cartaz - foram 21 até hoje, com destaque para as boas surpresas: SOLO DE MARAJÓ (vinda do Pará), F(R)ICÇÔES (grande momento de Vera Holtz e Rodrigo Portella) e VONTADE DE UMA COISA COM VOCÊ (delicado espetáculo com o grande ator Rogério Fróes) - e que há uma promoção nos cinemas com ingressos a dez reais resolvi por os filmes em dia, começando pelos candidatos ao Oscar na categoria de melhor filme.

O delirante e grandiloquente ELVIS de Baz Luhrmann eu já havia assistido no ano passado e nesta semana seguiram-se o bem chatinho OS FABELMANS (na tentativa de fazer um filme intimista, Steven Spieberg fez um filme sem conflitos e soporífero), o metido a pós moderno TÁR (onde Todd Field abusa da narrativa fragmentada e das cenas que não se desenvolvem, sendo que o único mérito do filme cabe à interpretação magnífica de Cate Blanchett), o histérico TUDO EM TODO LUGAR AO MESMO TEMPO (começa bem, mas depois abusa da velocidade das cenas em universos paralelos deixando o espectador tão desnorteado quanto a protagonista Evelyn, em ótima interpretação de Michelle Yeoh).

E ontem foi o dia de assistir a OS BANSHEES DE INISHERIN para o qual me dirigi meio incrédulo tanto pelo inusitado do título quanto pelas decepções com os outros candidatos.

E que grata surpresa!! A partir do rompimento de uma longa amizade por uma das partes, o filme idealizado e dirigido com muita delicadeza por Martin McDonagh trata, entre outras camadas, de solidão, de urgência em realizar coisas dada a finitude da vida e de amizade. Colin Farrell tem uma interpretação comovente como o inseguro Pádraic que faz de tudo para reaver a amizade do músico Coln interpretado por Brendan Gleeson. Têm função importante na trama a irmã de Pádraic (Kerry Condon, excelente), o rapaz problemático Dominic (Barry Keoghan), a misteriosa velha senhora Mrs. Cormick (Sheila Flitton), sem esquecer da adorável Jenny, a pequena mula companheira de Pádraic.

Tudo se passa na fictícia ilha de Inisherin na costa oeste da Irlanda no ano de 1923, época da guerra civil irlandesa, da qual se vêm e se ouvem os bombardeios ao longe.

Um grande pequeno filme que merecia o Oscar tanto de filme como de interpretação para o trio Colin (ator), Brendan (ator coadjuvante) e Kerry (atriz coadjuvante).

Dos cinco candidatos restantes não pretendo assistir nem a AVATAR e muito menos a TOP GUN. Assisto nesta semana NADA DE NOVO NO FRONT (na Netflix) e TRIÂNGULO DA TRISTEZA (aproveitando os últimos dias da promoção). Fica faltando ENTRE MULHERES (Women Talking) que não sei se já estreou ou estreará em breve.

Quanto à cerimônia do Oscar, garanto que não irei assistir.

E vou ficar atento aos lançamentos cinematográficos não hollywoodianos!!

VIVA o CINEMA!

VIVA O TEATRO!

12/02/2023

sábado, 11 de fevereiro de 2023

OUTONO INVERNO ou O QUE SONHAMOS ONTEM 2

 

Ontem foi o dia de rever esse importante espetáculo ao qual eu havia assistido na estreia em 27 de outubro de 2022 no Itaú Cultural. O espetáculo está mais “redondo”, como se diz na gíria teatral, com tudo no devido lugar, comprovando todas as qualidades a que me referi em matéria publicada na época: 

https://palcopaulistano.blogspot.com/2022/10/outono-inverno-ou-o-que-sonhamos-ontem.html

Além do renovado prazer de assistir ao desempenho desse maravilhoso elenco, participei de uma visita guiada pela produtora Marcela Horta pelos bastidores do Teatro Aliança Francesa passando pelo palco onde o elenco ensaiava uma cena da peça, pela coxia, pelos camarins e pela cabine de som e luz. Complemento perfeito para essa memorável noite teatral. 

A cena vista desde a cabine técnica


As meninas da técnica: Gabriela Cezario (luz), Madu Arakaki (projeções), Brenda Umbelino (som)

Grupo que participou da primeira visita guiada.
Detalhe: a Denise Weinberg olhando do alto para mim e para a Marcela.

NÃO DEIXE DE VER Outono Inverno e aproveite para fazer a interessante visita. Reproduzo abaixo as informações contidas no release sobre a visita guiada:
 

“Para os que tem vontade e curiosidade para conhecer o que está por trás das cortinas, a produção da peça Outono Inverno convidará 10 espectadores por noite para fazer um tour pelos bastidores do Teatro Aliança Francesa durante a temporada da peça, que termina em 05 de março.

O tour será feito às sextas, sábados e domingos e incluirá: visita ao palco, coxia, aos camarins onde os atores estarão se arrumando, ao porão do teatro, e à cabine técnica.

Vai funcionar assim:

Para ser um dos contemplados basta avisar do interesse através do email marcelahrt@gmail.com e  chegar 50 minutos antes da apresentação e ter o ingresso da peça para aquela noite.

As visitas guiadas sairão às 19h20 nas sextas e sábados e às 17h20 aos domingos.

A cada noite, a produção encaminhará um grupo de 10 nessa aventura. As pessoas que tiverem se cadastrado e não chegarem no horário, infelizmente, não poderão participar. Atividade é gratuita para espectadores da peça daquela noite, mas precisa ser pontual para dar certo!” 

11/02/2023

 

ASSIM CAMINHA NOSSA CULTURA...OU RASTEJA?

 

Sabe aquele jogo de tabuleiro que em um lance você pode avançar uma casa e na jogada seguinte tem de retroceder três casas? Com a nossa cultura acontece exatamente a mesma coisa com o dado sempre caindo no lugar que é preciso VOLTAR PRA TRÁS. A diferença é que o jogo é de azar e o retrocesso de nossa cultura acontece por conta de incompetência e do valor do dinheiro no perverso capitalismo neo liberal em que nossa sociedade está afundada. 

No final de 2022 tivemos a notícia alvissareira de que o SESC incorporou em suas atividades o que restou do prédio do icônico Teatro Brasileiro de Comédia e o fará renascer até 2030. Avanço de uma casa!

 

Enquanto isso recebia-se a notícia do fechamento do belíssimo Teatro Alfa, palco de grandes eventos como peças de teatro, musicais, concertos e a especialíssima Temporada de Dança que acontecia anualmente na primavera e contou com a presença constante do Grupo Corpo, da Companhia de Deborah Colker, como também de prestigiadas companhias internacionais como a Tanztheater Wuppertal de Pina Bausch. Palco que Pina Bausch pisou para nós é sagrado, não é, João Carlos Couto, meu querido Janjão? Retrocesso de uma casa.


 

Agora em pleno Carnaval, materializam-se mais dois retrocessos, que já tinham a morte anunciada. 

O Espaço Itaú de Cinema Augusta Anexo vai fechar para dar lugar a mais um prédio comercial.

O Espaço abriga dois pequenos e aconchegantes cinemas, sendo que um deles, com apenas 33 confortáveis poltronas, se assemelha à sala de estar da nossa casa. Quantos e quantos filmes de arte assisti nesses dois cinemas.

O Café Fellini decorado com posters dos filmes do grande cineasta italiano e sempre com flores nas mesas oferece sempre com muita gentileza e sorriso o café e as deliciosas tortas feitas ali mesmo, sendo que o banoffee é irresistivelmente tentador! Papos intermináveis e até reuniões aconteceram muitas vezes nesse também aconchegante espaço. O Café Fellini é tão acolhedor que mesmo que se assistisse a um filme nas salas maiores do outro lado da rua, o cafezinho era desse lado.

Toda essa maravilha é pouco. O complemento do Espaço é um belíssimo jardim com cadeiras e mesas, muito verde e uma centenária árvore no meio.

Pois é, toda essa maravilha será exterminada nos próximos dias.




O último retrocesso vem do fechamento da Livraria Cultura que além de ser uma grande perda para quem ama os livros, leva consigo o Teatro Eva Herz cuja excelente programação com curadoria do incansável e guerreiro André Acioli fará muita falta à cidade.


 

QUE PENA, MEU BEM, QUE PENA! como diria Heloisa de Lesbos em O Rei da Vela!!

 

11/02/2023

terça-feira, 7 de fevereiro de 2023

PRÊMIO APCA DE TEATRO 2022

 

Os críticos da categoria TEATRO da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) reuniram-se no dia 06/02/2023 para definir por votação os premiados da temporada teatral de 2022.

Os contemplados foram:

ATOR: CLAYTON NASCIMENTO – MACACOS


ATRIZ: INÊS PEIXOTO – ORFÃS DE DINHEIRO


DRAMATURGIA: DIONE CARLOS – CÁRCERE ou PORQUE AS MULHERES VIRAM BÚFALOS


DIREÇÃO: KLEBER MONTANHEIRO – TATUAGEM

    

ESPETÁCULO: BRENDA LEE E O PALÁCIO DAS PRINCESAS


PRÊMIO ESPECIAL: MARINA TENÓRIO e RUY CORTEZ pelo projeto formado pelo díptico com as peças AS TRÊS IRMÃS e A SEMENTE DA ROMÃ que foram apresentadas de forma simultânea para as duas plateias do teatro do SESC Pompeia.


GRANDE PRÊMIO DA CRÍTICA: ANA LUCIA TORRE

Votaram os críticos: Celso Curi, Edgar Olimpio de Souza, Evaristo Martins de Azevedo, Ferdinando Martins, Gabriela Mellão, José Cetra Filho, Kyra Piscitelli, Marcio Aquiles, Miguel Arcanjo Prado e Vinicio Angelici.

 

07/02/2023

 

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

O CEGO E O LOUCO

 

Conheci Cláudia Barral em 2019 quando comentava com um amigo que eu não havia gostado de A Cobradora, peça que tínhamos acabado de assistir e uma bela jovem chegou até mim de maneira muito simpática e disse: “Me conta porque você não gostou, eu sou a autora”. Confesso que fiquei meio sem graça, mas como ela foi tão elegante na sua abordagem e eu já havia feito muitos elogios a seus trabalhos anteriores - Cordel do Amor Sem Fim (2012 e 2019), Os Minutos Que Se Vão Com O Tempo (2016) e Hotel Jasmim (2016) – me senti a vontade para trocar algumas ideias com ela sobre o espetáculo o que resultou em um papo bastante agradável e sincero de ambas as partes.

Eis que agora tomo contato que esse surpreendente O Cego e o Louco, escrito por uma quase menina no final do século passado, onde já se nota o perfeito domínio da jovem dramaturga na construção dos diálogos e no desenvolvimento da trama que tem desfecho surpreendente, que eu não ousaria revelar aqui.

Texto conciso com apenas 16 páginas, segundo Daniel Dias da Silva no release, que Gustavo Wabner traduziu cenicamente de maneira brilhante colocando as duas personagens em um confronto que apesar de se revelar repetido cotidianamente é muito forte e vai envolvendo o espectador até o final surpresa. Para tanto Wabner contou com o excelente trabalho dos atores Alexandre Lino, como o vigoroso e dominador Nestor, pintor cego e Daniel Dias da Silva, o tímido e servil Lázaro, irmão de Nestor (a movimentação corporal e, em especial das mãos, de Daniel é um detalhe precioso de sua magnífica performance).

Colaboram para o bom resultado da encenação da Lunática Companhia de Teatro, a cenografia de Sergio Marimba, os discretos figurinos de Victor Guedes, a iluminação de Fernanda Mantovani e a preciosa direção de movimento de Sueli Guerra.

É distribuído um programa simples, mas com as informações básicas e importantes. Lição que toda produção de espetáculos deveria aprender, em prol da memória do nosso teatro. 

O CEGO E O LOUCO está em cartaz na Sala Paschoal Carlos Magno do Teatro Sérgio Cardoso até 26/02 com sessões de sexta a domingo às 19h (não haverá espetáculos na semana do Carnaval). 

06/02/2023

 

domingo, 5 de fevereiro de 2023

VONTADE DE UMA COISA COM VOCÊ

 

A emoção permeia todo o tempo de duração deste singelo e lindo espetáculo desde o momento em que entramos no espaço e nos deparamos com Rogério Fróes nos recebendo com um sorriso nos lábios até a linda cena final quase uma hora depois e os aplausos calorosos do público.

Apesar da fragilidade própria dos seus 88 anos, o grande ator se revela forte e com voz poderosa logo no início da apresentação ao dizer trechos da peça Equus que ele interpretou no Rio de Janeiro em 1976 dialogando com o neto Bento no papel do jovem que cegou os cavalos.

Daí em diante o ágil e sensível roteiro elaborado  por Luciana, filha do ator, revela toda a intenção do trabalho que já está explícita no título da mesma: vontade de juntar os membros da família e fazer algo juntos: assim, Rogério, a filha e o neto Bruno desfilam trechos de peças e de poemas, além, é claro, de lembranças do ator, tanto familiares, como de sua extensa carreira teatral (na maioria em palcos cariocas) e televisiva onde conviveu com Paschoal Carlos Magno, Bibi Ferreira e Paulo Gracindo, entre outros.

Numa prova que talento pode ser hereditário, Luciana e Bento se mostram teatralmente à altura do celebrado pai e avô.

Uma garotinha de nove anos que assistia atentamente ao espetáculo chamou a atenção de Fróes e o diálogo dele com a pequena tornou-se um dos momentos mais tocantes da peça.

O clima de espontaneidade criado pelo elenco contagia o público presente que sai do espetáculo energizado e acreditando que aquela utopia defendida por Fróes (vontade de caminhar e ir atrás de alguma coisa) ainda é possível.

Prato cheio para quem ama o teatro, Vontade de Uma Coisa Com Você, fica em cartaz só até o próximo fim de semana no pequeno auditório do SESC Ipiranga na sexta às 21h30, no sábado às 19h30 e no domingo às 18h30.

CORRA!!!! 

05/02/2023

 

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

A DIVINA FARSA

 

Assistir a um espetáculo da companhia LaMínima é certeza de divertimento e de boas gargalhadas e é assim com esta “divina farsa” que acaba de estrear em temporada relativamente longa (de 01 a 26 de fevereiro) quando se trata da duração das temporadas no Itaú Cultural.

A Divina Farsa é na verdade uma gostosa brincadeira escrita por Newton Moreno, Alessandro Toller e os membros da LaMínima, envolvendo os deuses do Olimpo Zeus, Hera, Atena, Apolo, Afrodite, Ares e Dionísio os quais são deliciosamente retratados por Laerte no belo programa da peça.

Tanto a dramaturgia como a direção de Sandra Corveloni privilegiam a dinâmica circense característica do grupo, com números de acrobacia e muitas gags envolvendo o muito engraçado Fernando Sampaio, responsável pelo papel de Apolo.

Mas a parte humorística não se restringe a Sampaio, pois todo o elenco faz a plateia se divertir: o mignon Fernando Paz (Zeus) e o grandão Filipe Bregantim (Ares) - que fazem parte da companhia há algum tempo - brincam com suas diferenças de tamanho e suas habilidades circenses e humorísticas; Alexandre Roit é o versátil Dionísio; a parte feminina é bravamente defendida por Rebeca Jamir sensualíssima como Afrodite e de quebra tocando acordeom e cantando Apolo Amor de sua autoria, pela vigorosa e muito engraçada Mônica Augusto como Hera e pela linda Marina Esteves (Atena e Dandara), que revela outra faceta após sua dramática participação em Desfazenda.

Tudo contribui para o bom resultado de A Divina Farsa: a bela cenografia do PalhAssada Ateliê que inclui uma sugestiva troca de cena do Olimpo grego para o Circo Olimpo aqui no Brasil; o desenho de luz sempre “luminoso” de Aline Santini; os divertidos figurinos concebidos por Christiane Galvan,  o visagismo assinado por Carol Badra e Leopoldo Pacheco e a direção musical de Marcelo Pellegrini.

A Divina Farsa pode não atingir os resultados das verdadeiras obras primas que foram A Noite dos Palhaços Mudos (2008) e os últimos Pagliacci (2017) e Ordinários (2018), mas é diversão garantida e merece uma ida ao Itaú Cultural.

 

Sessões de quarta a sábado às 20h e aos domingos às 19h. Entrada gratuita.

 

03/02/2023

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

INDICADOS AO PRÊMIO APCA DE TEATRO ADULTO DE 2022

 

Em reunião realizada em 31 de janeiro de 2023 os críticos da categoria teatro adulto da APCA definiram por votação as indicações do segundo semestre de 2023.

Segue abaixo a lista dos indicados ao prêmio de 2022:

ATOR: 

PRIMEIRO SEMESTRE:

- ODILON WAGNER – A ÚLTIMA SESSÃO DE FREUD

- PAULO MARCELLO – O FAZEDOR DE TEATRO

- ROGERIO BRITO – UM INIMIGO DO POVO


SEGUNDO SEMESTRE:

- CASSIO SCAPIN – O BEM AMADO

- CLAYTON NASCIMENTO - MACACOS

- RENAN MATTOS – NEY MATOGROSSO HOMEM COM H


ATRIZ:

PRIMEIRO SEMESTRE:

- ANA LUCIA TORRE – LONGA JORNADA NOITE ADENTRO

- ANDREZZA MASSEI – SWEENEY TODD – O CRUEL BARBEIRO DA RUA FLEET

- SARA ANTUNES – ANJO DE PEDRA


SEGUNDO SEMESTRE:

- DANI BARROS - TUDO

- FABIANA GUGLI – F.E.T.O.

- INÊS PEIXOTO – ORFÃS DE DINHEIRO


DIREÇÃO:

PRIMEIRO SEMESTRE:

- KLEBER MONTANHEIRO – TATUAGEM

- MIGUEL ROCHA – CÁRCERE ou PORQUE AS MULHERES VIRAM BÚFALOS

- MIKA LINS – PLAY BECKETT


SEGUNDO SEMESTRE:

- DENISE WEINBERG – OUTONO INVERNO

- GERALD THOMAS – F.E.T.O.

- MARINA TENÓRIO e RUY CORTEZ – DÍPTICO A SEMENTE DA ROMÃ / AS TRÊS IRMÃS 


DRAMATURGIA:

PRIMEIRO SEMESTRE:

- CLARICE NISKIER – A ESPERANÇA NA CAIXA DE CHICLETES PING PONG

- DIONE CARLOS – CÁRCERE ou PORQUE AS MULHERES VIRAM BÚFALOS

- MARIA CLARA MATTOS – LYGIA


SEGUNDO SEMESTRE:

- CLAYTON NASCIMENTO - MACACOS

- LUÍS ALBERTO ABREU – A SEMENTE DA ROMÃ

- SILVIA GOMEZ - GESTO


ESPETÁCULO:

PRIMEIRO SEMESTRE:

- BRENDA LEE E O PALÁCIO DAS PRINCESAS

- JACKSONS DO PANDEIRO

- SEM PALAVRAS


SEGUNDO SEMESTRE:

- DÍPTICO A SEMENTE DA ROMÃ / AS TRÊS IRMÃS

- MUSEU NACIONAL – TODAS AS VOZES DO FOGO

- O QUE NOS MANTÉM VIVOS?


A votação dos premiados será realizada no próximo dia 06 de fevereiro onde também serão revelados os prêmios especiais.

Críticos votantes: Celso Curi, Edgar Olimpio de Souza, Evaristo Martins de Azevedo, Ferdinando Martins, Gabriela Mellão, José Cetra Filho, Kyra Piscitelli, Marcio Aquiles, Miguel Arcanjo Prado e Vinicio Angelici.

31/01/2023