Dando continuidade à maratona teatral destes dias, no dia 27
de março assisti a dois espetáculos provenientes da Bahia e do Chile.
UMA VEZ, NADA MAIS (Bahia).
Este espetáculo faz parte da Mostra Bahiana no Fringe que é composta por sete espetáculos
selecionados por Lázaro Ramos. Trata-se de uma comédia onde duas mulheres de
origens diferentes vivem situações comuns ao mundo feminino. A originalidade da
encenação está na interpretação sem palavras e com visual e gestual que remetem
àqueles dos filmes mudos: os movimentos são acelerados e toda a ação é
acompanhada por músicas tocadas ao piano. Em alguns momentos são ouvidos
“reclames” (propagandas eram assim denominadas na época), trechos de novelas e
músicas que eram transmitidos pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro nos anos
1940/1950. O maior mérito do espetáculo acaba sendo seu maior problema, pois a
ideia se esgota nos primeiros dez minutos e a partir daí o mesmo se torna
previsível e cansativo. Este fato não tira o valor das atrizes que fazem um
belíssimo trabalho de expressão corporal: Lulu Pugliese é mais caricatural e
Aicha Marques está perfeita como a personagem menos favorecida pela sorte. A direção da peça
é de Hebe Alves.
OTELO (Chile).
Divulgação
O clássico de Shakespeare foi adaptado para dois
atores/manipuladores de bonecos que representam o quarteto principal da
tragédia: Otelo e Desdemona (bonecos), Iago e Emília (atores). Os dois atores
(Jaime Lorca e Teresita Iacobelli) junto com Christian Ortega são responsáveis pela
adaptação (centrada nos dois últimos atos do original) e pela direção da
montagem. A manipulação dos bonecos é muito precisa e em certos momentos o
corpo do boneco se mescla com o do ator criando um efeito muito interessante.
Jaime Lorca e Teresita Iacobelli são atores poderosos alterando com muita
flexibilidade as entonações de cada personagem a que dão voz. Apenas uma cama,
alguns objetos e as cabeças de Otelo, Desdemona e Cassius são suficientes para
os dois atores nos contarem a “triste história de Otelo, o mouro de Veneza”.
Belo e forte espetáculo assistido com muita atenção pelo público presente no
imenso Guairão e aplaudido entusiasticamente ao final.
Divulgação
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