sexta-feira, 31 de março de 2017

UMA PEÇA POR OUTRA

Foto de Claudinei Nakasone

        Há exatos trinta anos (1987) fui ao Teatro Aliança Francesa junto com alguém (que não lembro quem!) para assistir à nova montagem do Grupo Tapa, Uma Peça Por Outra. O grupo começava a se fixar em São Paulo e sempre sob a direção de Eduardo Tolentino já havia apresentado por aqui duas muito bem sucedidas montagens (O Tempo e os Conways e Viúva, Porém Honesta). Meus ingressos davam direito às poltronas D1 e D3.
        30 de março de 2017. Novamente me dirigi ao Teatro Aliança Francesa para assistir à nova encenação da peça de Jean Tardieu (1903-1995) desta vez produzida pelo Grupo das Dores e dirigida por Brian Penido Ross e Guilherme Sant’Anna (que fizeram parte da primeira montagem). Ao pegar meus convites com a sempre gentil Lívia Carmona, a surpresa: poltronas D1 e D3, ou seja, trinta anos depois assisti à mesma peça, no mesmo teatro e, pasmem, na mesma poltrona!! Outra manobra de Dionísio na mesma semana. O fato virou assunto no coquetel após o espetáculo e até rendeu uma bela foto com a querida Clara Carvalho que também está presente na atual montagem.


        Os esquetes de Jean Tardieu continuam a ser delícia pura. Brincando com as palavras e os jogos teatrais o autor oferece ao público momentos absurdamente divertidos. Os diretores souberam aproveitar o absurdo das situações criando espetáculo leve onde os esquetes são costurados pela bela presença da atriz/cantora Ana Lys que em números de cortina canta canções e introduz a cena que vem a seguir cujo cenário é preparado enquanto a cortina está fechada. Os cenários e figurinos da montagem são assinados por Ana Lys.

Foto de Claudinei Nakasone

        O elenco tem ótimo tempo de comédia como se pode comprovar nos movimentos que remetem ao cinema mudo na cena Uma Palavra Por Outra (Camila Czerkes, Lara Hassum, Paulo Marcos e Felipe Souza), nas mudanças de personagem e trocas de figurinos à Irma Vap com Clara Carvalho pândega como a criada portuguesa no suspense Havia Uma Multidão no Solar (Dalton Vigh e Clara Carvalho), na linguagem propositalmente confusa em peça de teatro que faz questão de ser incomunicável em Só Eles o Sabem (Clara Carvalho, Dalton Vigh, Paulo Marcos, Lara Hassum e Ana Lys como a incrédula espectadora que tenta entender o que está acontecendo em cena), no interessante... em Para Bom Entendedor Meia... (Camila Czerkes, Dalton Vigh e Lara Hassum) e, principalmente, na cena final Conversação Sinfonieta (todo o elenco). O instante nostálgico fica por conta de Oswaldo e Zenaide onde Clara Carvalho e Brian Penido recriam a cena de 1987, com a participação de Paulo Marcos como o pai de Zenaide.

Foto da montagem de 1987 (crédito desconhecido)

            Os músicos Ricardo Augusto (na noite da estreia) e Jonatan Harold (durante a temporada) nos teclados e Bráulio Vidile no acordeão também fazem parte do espetáculo, assim como o ator José Lucas Bello em Conversação Sinfonieta. 
        No melhor estilo do teatro do absurdo de Ionesco a peça faz rir, mas também faz refletir sobre a falta de comunicação entre as pessoas, fato ainda mais grave hoje do que quando o autor a escreveu (entre 1955 e 1975) e o Tapa a montou (1987).

        UMA PEÇA POR OUTRA está em cartaz no Teatro Aliança Francesa de quinta a sábado às 20h30 e aos domingos às 19h até 28/05. NÃO PERCA!

31/03/2017


Um comentário:

  1. Eu vi em 1987. E vou ver de novo neste domingo. Mas juro que não lembro qual era a minha poltrona. Rs

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