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quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

O RIO


        A primeira grata surpresa acontece ao entrar no Teatro Anchieta e se deparar com o magnífico cenário ultrarrealista da sempre talentosa Marisa Bentivegna que reproduz a cozinha e a sala de uma casa de campo tendo ao fundo, do lado externo, várias árvores. Esse cenário será belamente iluminado (Wagner Freire) durante o desenrolar da trama culminando com a cena da tempestade quase ao final da peça. Finalmente é importante citar que a potente trilha sonora de Daniel Maia colabora fortemente para criar o ambiente necessário para o desenvolvimento da história de um homem cujo sonho maior é pescar trutas que vêm do mar e está envolvido com uma mulher. Uma mulher? Duas? Três? Ou nenhuma?


Foto de Ligia Jardim

        O instigante texto de 2012 do dramaturgo inglês Jez Butterworth (1969) tem aquela magia de deixar muitas perguntas para o espectador e não dar nenhuma resposta, apenas pistas metafóricas. A título de curiosidade cabe lembrar que o autor já teve outro ótimo texto (Mojo) montado em São Paulo pelo Núcleo Experimental sob a direção de Zé Henrique de Paula.
        A direção de Nelson Baskerville é bastante límpida e objetiva (até onde o texto permite sê-la) valendo-se dos ótimos recursos citados na abertura desta matéria e de elenco ótimo formado por ele próprio como o Homem e Virginia Cavendish e Maria Manoella como a(s) personagem (s) da Mulher.


         Não há como não notar que Maria Manoella, apesar de bastante jovem, tem porte, talento e beleza para se tornar mais uma das grandes damas do nosso teatro. Sua entrada em cena ilumina o palco mais que todos os refletores do teatro.
        Seria injusto não citar, sob pena de ser estraga prazer (seria essa a melhor tradução para spoiler?), a participação muito especial de Luciana Caruso.
        O Rio marca mais um tento na carreira de Nelson Baskerville e deve ser visto por quem aprecia textos inteligentes que não dão soluções, mas indagações.

        O RIO está em cartaz no Teatro Anchieta até 25/02 às sextas e aos sábados às 21h e aos domingos às 18h

31/01/2018

        

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

ENQUANTO CHÃO


        A primeira alegria foi conhecer a sede de A Próxima Companhia, mais um grupo jovem empreendedor e apaixonado pelo teatro que com a cara e a coragem cria seu próprio espaço. O teatro fica na Rua Barão de Campinas, 529 na Barra Funda, bastante próximo à Estação Santa Cecília do metrô. Sala de espera aconchegante dotada de bar, sala de espetáculos confortável e versátil e ainda uma área bastante grande para armazenagem de cenários e figurinos formam o espaço administrado por Caio Franzolin, Caio Marinho, Gabriel Kuster, Juliana Oliveira e Paula Praia, gente muito jovem nas mãos de quem está o futuro do teatro paulistano.
        A segunda alegria veio com o espetáculo solo de Caio Franzolin Enquanto Chão, criado a partir das pesquisas acadêmicas dele com Carminda Mendes André em Tocantins e em Minas Gerais. O objetivo da pesquisa era verificar o quanto a intervenção urbana estava ameaçando a cultura popular e os locais escolhidos foram Vila Canela/TO (inundação da Vila para construção de uma hidroelétrica) e em Patrimônio/MG (especulação imobiliária – surgimento de altos edifícios). O que poderia resultar em algo árido foi transformado em sólida e poética dramaturgia assinada por Solange Dias e posta em cena com muita criatividade por Rafaela Carneiro com interpretação deliciosa de Caio Frazolin.
        Narrando parte da trama e interpretando as personagens com que teve contato em suas andanças pelos locais pesquisados o ator se mostra em plena maturidade artística, algo notável para alguém tão jovem. O público interage com o ator de maneira natural e divertida desde a montagem do cenário até um gostoso forró, com direito a café, bolo, licor de jenipapo e até tubaína. Durante o forró tive a honra de fazer um bom arrasta pé com o ator Edgar Castro.
        Nesse clima festivo, Caio Frazolin mostra aos espectadores do que é capaz a força do dito “progresso” que literalmente com escavadeiras vai demolindo culturas centenárias transmitidas oralmente de pai para filho. Assim, se divertindo, refletimos sobre esses assuntos e essa reflexão pode ajudar na mudança de rumo deste país tão sem memória.
        O espetáculo, por seu tema, dialoga com outras excelentes encenações que já passaram pelos palcos da cidade: Dezuó de Rudinei Borges, Hotel Mariana de Munir Pedrosa (de volta ao cartaz, no Sesc Vila Mariana) e Os Atingidos de José Fernando Peixoto Azevedo. Todos eles, à sua maneira, denunciam os desmandos a que os brasileiros são/estão submetidos.

        ENQUANTO CHÃO fica em cartaz só até o próximo fim de semana (21/01) com sessões sexta (21h) e sábado e domingo (19h) no Espaço Cultural A Próxima Companhia.

15/01/2018


O HOMEM QUE QUERIA SER LIVRO



       Há muita delicadeza e bons sentimentos no espetáculo idealizado e interpretado por Darson Ribeiro que acaba de estrear na Livraria da Vila da Alameda Lorena. Com esse tema nada mais apropriado do que estrear em uma livraria. Pena o espaço não oferecer muitas condições para a plena fruição do espetáculo (calor, má visibilidade e poucos recursos de iluminação).
       Grande admirador e leitor voraz de livros, o ator sofreu bastante com a morte de sua mãe e com esses elementos solicitou a Flavio de Souza que escrevesse um monólogo para interpretar.
       Flavio de Souza é exímio "lidador" com as palavras, além de muito criativo, e o resultado é obra de alta carga poética que, apesar de triste ao falar de morte e solidão, nos permite aqui e acolá, um terno sorriso nos lábios.
       Só em cena, Darson desfila a trajetória daquele homem que busca respostas para seus dramas nas personagens dos livros que lê, mas acaba as encontrando em si mesmo. Essa primeira incursão em espetáculo solo rende boa marca em sua carreira.
       Especialista em peças de Beckett, Rubens Rusche encontra neste texto bom material para continuar suas pesquisas cênicas em trabalhos que falam do vazio da existência. Pontua o espetáculo com bela trilha sonora que vai desde Vangelis até uma comovente “Coração de Luto” interpretada à capela por Ney Matogrosso.

       O HOMEM QUE QUERIA SER LIVRO está em cartaz na Livraria da Vila da Alameda Lorena às sextas e sábados às 20h até 03/03.

13/01/2018


HOLLYWOOD


        A mais paulista das companhias teatrais cariocas está de volta na cidade para apresentar Hollywood, a última peça da Trilogia Mamet realizada por ela. Trata-se da Cia. Teatro Epigenia que já nos trouxe os memoráveis Olleana em 2015 e Race em 2017. Hollywood tem o mesmo grau de excelência dos espetáculos anteriores, todos eles dirigidos por Gustavo Paso.
        Ùltima a ser encenada pela companhia, Speed the Plow, título original (algo como “dê mais velocidade ao arado”) de Hollywood, foi a primeira escrita (1988) das três peças que compõem o projeto. O jogo de palavras, a qualidade dos diálogos e a dualidade das personagens características do dramaturgo americano aqui também estão presentes. Tony Miller e Daniel Fox são dois amigos/colegas que trabalham na indústria de entretenimento, ambos com ideias muito claras sobre o que produzir (no caso, filmes) com o objetivo de ser comercialmente bem sucedido (muito público e muitos dólares de retorno). Surge uma secretaria temporária, segundo eles, sem a menor importância, que com suas ideias abala as convicções comerciais de um deles convencendo-o a produzir um filme de arte com mensagens humanistas. Nessa reviravolta surge o embate entre os amigos. Contar mais seria estragar o prazer do final da peça. Só posso adiantar que, ao contrário de Olleana e Race, aqui, ao menos um personagem, não tem segundas por trás das más e oportunistas intenções.
        A encenação de Paso, adaptada ao palco do auditório do Sesc Pinheiros, consegue superar o pequeno tamanho do espaço. O cenário coberto de papel bolha, de autoria do diretor, nos leva a um escritório em obras com a ajuda da iluminação de Paulo Cesar Medeiros, que tem belo momento na cena do apartamento de Tony Miller. Paso sabe manter a qualidade e o fluxo dos diálogos do autor, conduzindo os atores para o melhor resultado dessas características.
        Rubens Caribé atende às características de Tony Miller, o produtor recém-promovido que é influenciado pela opinião da secretaria. Com seu habitual carisma o ator marca mais um gol  na sua bem sucedida carreira.
        Luciana Fávero empresta seu talento para compor Karen, a secretaria. Participação relativamente pequena, mas fundamental para o desenvolvimento da trama.
        Iuri Saraiva, um jovem de 33 anos, com a difícil tarefa de interpretar o estressado Daniel Fox, substituindo o excelente Gustavo Falcão (que o fez na temporada carioca) é uma verdadeira revelação fazendo a cena pulsar (e até desmoronar!!) com seus ataques histéricos, quando vê sua chance de ficar rico correr o risco de não se realizar.
        E viva o poder do dinheiro! Mamet ironiza e critica o mundo machista e material. Grande texto, solidamente traduzido cenicamente com elenco muito preparado, só pode resultar em bom teatro, daquele a que não se assiste todos os dias. Relembrando as palavras de Ferreira Gullar: “A arte tem de ter algo que me tira do chão e me deslumbra”.
       
        Hollywood fica em cartaz de 11/01 a 10/02 no de quinta a sábado às 20h30 no Sesc Pinheiros. Para quem não viu (ou quer rever) haverá três sessões de Olleana em 15, 16 e 17/02 e outras três de Race em 22, 23 e 24/02 nos mesmos horários.

O casal Luciana Fávero e Gustavo Paso, idealizadores da Cia. Teatro Epigenia

        Em tempo: A companhia tem intenções de se estabelecer em São Paulo. Será um grande ganho para os palcos paulistanos. Torcendo!


        13/01/2018

TEMPO DE VIVER - INSTALAÇÃO

Colabone fazendo a abertura da exposição/ocupação

        Na noite de 20 de janeiro de 2017 estreava no Centro Cultural São Paulo a peça Tempo de Viver, escrita, dirigida e cenografada por Carlos Colabone. No final daquela tarde choveu torrencialmente em São Paulo e a cidade virou um caos. Metrô parado, ruas alagadas, enormes engarrafamentos. Muita gente não conseguiu chegar a tempo para a estreia. Aqueles, como eu, que saiam da paisagem caótica lá de fora, se encantavam ao entrar e se deparar com aquele ambiente plácido e encantador formado pela cenografia do espetáculo. Diante daquela beleza eu me lembrei do texto de Eduardo Galeano que reproduzo a seguir:

                ”Diego não conhecia o mar. O pai, Santiago, levou-o para que descobrisse o mar. Viajaram para o Sul. Ele, o mar, estava do outro lado das dunas altas, esperando. Quando o menino e o pai enfim alcançaram aquelas alturas de areia, depois de muito caminhar, o mar estava na frente de seus olhos. E foi tanta imensidão do mar, e tanto o seu fulgor, que o menino ficou mudo de beleza. Quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai: Pai, por favor, me ajude a olhar.”

        Naquela noite tormentosa ao adentrar aquele espaço, a minha vontade era dizer: “Carlos Colabone, por favor, me ajude a olhar!”

Dinho Lima Flor

O olhar atento e carinhoso de Suia Legaspe

Marco Antônio Pâmio

        Quem não teve a oportunidade de assistir à peça, agora tem a chance de admirar e ocupar a bela instalação que foi remontada no grande hall da Oficina Cultural Oswald de Andrade. Na noite de abertura vários artistas e amigos de Colabone realizaram pequenas performances recriando poesias, trechos de peças e de livros evocando amizade, velhice, tempo ou mar, temas da peça do autor. Foi uma noite mágica e poética, onde amigos se congraçaram. O teatro nos permite essas maravilhas.

Tuna Dwek

André Acioli recriando o diálogo do último encontro entre Lear e Cordélia

Carol Badra

12/01/2018

       



sábado, 6 de janeiro de 2018

MICHEL III


        As falcatruas dos ditos governantes deste pobre país se ajustam como uma luva às perversas intrigas palacianas das peças de Shakespeare. Foi assim com o memorável e absurdamente não reapresentado Os Collegas (2003), criação coletiva da Bendita Troupe dirigida por Johana Albuquerque que mostrava as mazelas da era Collor de maneira direta e corajosa e é assim agora com este Michel III , brilhante texto de Fabio Brandi Torres que, fazendo quase uma colagem - no melhor estilo do teatro de revistas - dos textos de Shakespeare mostra de maneira cômica os absurdos acontecimentos políticos brasileiros da última década.
        O diretor Marcelo Varzea em sintonia com a ironia do texto cria encenação ágil sem tempos vazios com toques circences e revisteiros, tudo isso para falar de coisas muito sérias como a corrupção, os jogos de poder e o radicalismo que assolam o país. Sabe-se que o humor tem poder corrosivo e reflexivo e é nesta linha que Varzea conduz o espetáculo.


        Todo esse esforço seria em vão sem um elenco talentoso e harmonioso com bom tempo de comédia e distanciamento brechtiano como esse formado por três atrizes e três atores. Todos eles têm seu momento no espetáculo. Lena Roque tem presença cênica forte e aproveita cada instante para mostrar seu lado cômico como aquele em que desenvolve o famoso solilóquio de Hamlet trocando o verbo “ser” por “delatar”. A hilariante “majestada” da talentosa Martha Meola mostra que, apesar de tudo, a peça não toma partido de nenhum dos lados. Amazyles de Almeida, que comenta que nunca fez comédia, brilha nos tropeções, na transformação da Lady MacBeth e na famosa cena da Julieta no balcão (pois é, até Romeu e Julieta entrou na divertida trama de Brandi Torres). A ala masculina não deixa por menos: Fabiano Medeiros é um impagável Iago Cunha, além de cantar muito bem. Michel Waisman se encarrega com desenvoltura de várias personagens. Finalmente, o protagonista! Marcelo Diaz tem  grande momento de sua carreira como o maquiavélico Michel, usando seu lado histriônico e engraçado com bem vindo equilíbrio. Digna de nota a melhoria da dicção do ator que também equilibrou a velocidade com que emite as palavras.
        O movimento dos atores é bastante dinâmico graças à direção de Erica Rodrigues. Perfeito equilíbrio e discrição nos demais elementos de cena: cenário (Marcelo Varzea), figurinos (Larissa Paulino e Vanessa Wander), iluminação (Lena Roque) e sonoplastia (André Hã). Assistência de direção de Tadeu Freitas.
        O grande mérito de Michel III é a fácil identificação de quem está por trás do Mineirinho, do Iago Cunha, da Majestada e também  daquelas personagens de Shakespeare. Somente o Michel é Michel mesmo. Com isso a peça se torna quase didática e fonte de muita reflexão, além de ser muito divertida.
        SÃO SÓ QUATRO FINS DE SEMANA! De 06 a 28 de janeiro, sábados e domingos às 19h. Ingressos gratuitos distribuídos uma hora antes do início. Apresentado no simpático Teatro dos Arcos, reaberto para este espetáculo. NÃO DEIXE DE VER!

06/01/2018


sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

ZESCAR TEATRO 2017

ZESCAR


O melhor (e o pior) do teatro em São Paulo em 2017 na visão de José Cetra Filho

         O ZESCAR é minha lista mais pessoal. Esta é uma lista que leva em conta os 229 espetáculos a que assisti no ano e nada tem a ver com a minha participação em comissões de premiação onde os premiados são eleitos por votação. Para não ser totalmente injusto, listo também aqueles “perdidos” que julgo terem sido importantes. É incrível que mesmo tendo assistido a 215 peças teatrais ainda restaram algumas que não tive a oportunidade de ver. Distribuo também os RACSEZ para os piores do ano, mas me permito ser politicamente correto não divulgando essa lista. Meus preferidos são contemplados “virtualmente” com o troféu ZESCAR.
        Essa história do ZESCAR começou com uma brincadeira. Há muitos anos que faço minha lista particular do que considero os melhores do teatro e do cinema. Minha cunhada um dia brincou perguntando quando eu ia distribuir o ZESCAR (amálgama de Zé com o Oscar do cinema norte americano). A partir daí esse se tornou o nome da minha lista e nos últimos anos eu a torno pública através deste blog.  
        O teatro brasileiro ficou mais pobre em 2017 com a partida de tanta gente insubstituível: Rogéria, Eva Todor, Nelson Xavier, Marcos Tomura, Ruth Escobar.
        Minha lista está dividida em categorias e não há um número certo para cada categoria (se listo só dois é porque foram só eles, assim como posso listar sete ou mais). Por categoria, a lista está em ordem alfabética.
        “Hors Concours”, ressalto que para mim o grande acontecimento teatral do ano por sua criatividade e inovação foi um espetáculo onde texto (Ângela Ribeiro), direção e concepção cenográfica (Eric Lenate), elenco (com destaque para Maurício de Barros), figurinos (Rosângela Ribeiro), iluminação (Aline Santini),  visagismo (Leopoldo Pacheco) e trilha sonora (L.P. Daniel) eram absolutamente impecáveis formando conjunto coeso e brilhante. O ZESCAR DE OURO de 2017 vai para REFLUXO.


        ESPETÁCULOS. Em ano tão problemático é uma felicidade ter 12 títulos, além de Refluxo, para incluir nesta categoria:

        - Boca de Ouro
        - Céus (RJ)
        - Eigengrau – No Escuro
        - Grande Sertão: Veredas (RJ)
        - Gritos (RJ)
        - Hotel Mariana
         - Jacy (RN)    
        - Nuon (PR)
        - Pagliacci
        - Race (RJ)
        - Suassuna – O Auto do Reino do Sol (RJ)
        - Tchekhov É Um Cogumelo
       

        ESPETÁCULOS EM TEMPORADAS RELÂMPAGO que mereciam retorno mais prolongado à cidade:

        - Madame Satã (MG)
        - Ocupação Rio Diversidade (RJ)
        - Tom na Fazenda (RJ)
        - Vou Voltar (MG)
       
       
        ESPETÁCULOS MUSICAIS:

        - Cantando na Chuva
        - Hebe – O Musical
        - Mineiramente (MG)

        DIREÇÃO:

        - Ana Rosa Tezza – Nuon
        - André Guerreiro Lopes – Tchekhov É Um Cogumelo
        - Bia Lessa – Grande Sertão: Veredas
        - Felipe Hirsch - Selvageria
        - Gabriel Villela – Boca de Ouro
        - Gustavo Paso – Race


        ATRIZ:

        - Amanda Lyra – Quarto 19
        - Ana Elisa Mattos – Vocês Que Nos Habitam
        - Andréia Nhur – Mulher Sem Fim
        - Cleide Queiroz – Palavra de Stela
        - Georgette Fadel - Selvageria
        - Magali Biff – As Criadas
        - Naruna Costa – Antígona
        - Norma Gabriel – Mil Mulheres e Uma Noite
       
        ATOR:

        - Caio Blat – Grande Sertão: Veredas
        - Claudio Fontana – Boca de Ouro
        - Clóvis Gonçalves - Obsceno
        - Daniel Warren – Pontos de Vista de Um Palhaço
        - Luciano Gatti – Se Existe, Eu ainda Não Encontrei
         - Marat Descartes – Ponto Morto
        - Marcos Damigo – Memórias Póstumas de Brás Cubas
        - Paulo Betti – Autobiografia Autorizada
        - Renato Borghi – O Rei da Vela
        - Rodrigo Caetano – O Assalto

       
        DRAMATURGIA NACIONAL:

        - Arthur Ribeiro e André Curti - Gritos
        - Bráulio Tavares – Suassuna – O Auto do Reino do Sol
        - Munir Pedrosa – Hotel Mariana
        - Pablo Capristano e Iracema Macedo – Jacy
        - Rudifran Pompeu – Siete Grande Hotel
        - Silvia Gomez: Marte, Você Está Aí?
       
        OUTROS DESTAQUES:

        - Carlos Colabone: Espaço cênico de Tempo de Viver
        - Dr.Morris:  Trilha sonora de Marte, Você Está Aí?
        - Gregory Silvar: Trilha sonora de Tchekhov É Um Cogumelo
        - Marcelo Lazaratto: Iluminação de Tchekhov É Um Cogumelo
        - Marcio Medina: Cenografia de Pagliacci
        - Marisa Bentivegna: Cenografia e iluminação de Buda
        - Wagner Freire: Iluminação de Pagliacci
       
        ESPECIAIS (PROJETOS E EVENTOS):

        - Carlos Alberto Soffredini: Lançamento de quatro livros com textos de suas peças.
        - Espaço Ademar Guerra (Porão do CCSP): Reabertura
        - Instituto Capobianco: Reabertura
        - O Rei da Vela: Projeto 50 anos.
        - O Torniquete: Projeto do Grupo TAPA
        - Roberto Vignati: Retorno de suas atividades de encenador aos palcos paulistanos.
         - Teatro de Contêiner da Cia. Mungunzá.
        - Teatro do Incêndio: Inauguração da nova sede.

        ACOLHIMENTO:

         - Teatro do Sol (Grupo Gattu)

        PROGRAMAS NOTÁVEIS (Produção gráfica e conteúdo):

        - Boca de Ouro
        - Gritos
        - Hebe, o Musical
        - O Rei da Vela
        - Palavra de Stela
        - Refluxo
        - Tempo de Viver
        
        ESPETÁCULOS ESTRANGEIROS:

        - Black Off (África do Sul) – MIT
        - Los Incontados (Colômbia)
        - Mateluna (Chile) – MIT
        - Revolução em Pixels (Líbano) – MIT
       
         ESPETÁCULOS TEATRAIS PERDIDOS:

        - 11 Selvagens
        - A Missão
        - Aeroplanos
        - Carne de Mulher
        - Chopin ou O Tormento do Ideal
        - O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu
        - O Som e a Sílaba
        - Oeste Verdadeiro
        - Paquiderme

        Foram poucos os concertos, óperas e shows a que assisti neste ano, dedicando meu tempo aos espetáculos teatrais, haja vista a participação no júri de teatro da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). Segue abaixo os destaques dentre ao que assisti:
       
        ÓPERAS: -
        
        CONCERTOS:

         - Sinfonia nº 9 – Mahler - OSESP

        SHOW:

         - Carminho Canta Tom Jobim (Teatro Bradesco)
        - Jorge Mautner e Bem Gil (Casa da Francisca)
        - Maria João canta Aldir Blanc com André Mehmari (Casa da Francisca)
        - Zizi Possi canta Gonzaguinha (Sesc Pinheiros)
        
        DANÇA: -
                
        RESUMO:

        - TEATRO: 215
        - CONCERTO: 6
        - SHOW: 8
        - ÓPERA: -
        - DANÇA: -
        - CIRCO: -
        - TOTAL: 229
       
        RACSEZ PARA OS PIORES DO ANO:

         Consegui selecionar 13 títulos que, para mim, foram os grandes constrangimentos de 2017.

RACSEZ

05/01/2018


terça-feira, 2 de janeiro de 2018

A DRAMATURGIA BRASILEIRA NOS PALCOS PAULISTANOS EM 2017

Refluxo

        Crise, corte de verbas para a cultura, editais ameaçados de não se realizarem. Tudo isso não foi suficiente para o teatro paulistano esmorecer. Cerca de 1000 espetáculos passaram pelos palcos da cidade em 2017 e 633 deles foram de autores brasileiros. Essa informação é extraída dos guias de teatro de São Paulo e não inclui teatro infantil, espetáculos de comédia stand up e trabalhos realizados na periferia da cidade que não constam dos guias consultados. Os títulos apresentados podem ser tanto estreias e reestreias como espetáculos vindos da temporada do ano anterior.
        O objeto de análise da presente matéria é dramaturgia brasileira. Segue abaixo quadro comparativo dos títulos brasileiros apresentados em São Paulo nos últimos sete anos:

2011 – 505
2012 – 493
2013 – 578
2014 – 583
2015 – 495
2016 – 611
2017 – 633

        Quantitativamente os números estão longe de demonstrar uma situação crítica.

Suassuna - O Auto do Reino do Sol

        De maneira geral, com exceção de Nelson Rodrigues e Plínio Marcos que são constantemente reencenados, os autores contemporâneos dominam a cena. Obras importantes de autores como Jorge Andrade, Carlos Alberto Soffredini, Oduvaldo Vianna Filho e José Vicente raramente aparecem. Dos mais antigos, eventualmente surgem apenas os nomes de Martins Pena e Artur Azevedo e é só. A gloriosa exceção do ano foi a remontagem de O Rei da Vela de Oswald de Andrade pelo Grupo Oficina, oitenta anos após ter sido escrita e cinquenta após ter sido montada.

O Rei da Vela

        O ano de 2017 não foge à regra. O autor mais montado foi Rodolfo García Vázquez com seis títulos, cinco deles em parceria com Ivam Cabral (esses números incluem a trilogia Pessoas). Mário Bortolotto e Nelson Rodrigues também comparecem com cinco peças.
        Autores com quatro espetáculos: Michele Ferreira, Plínio Marcos, Regiana Antonini, Ricardo Leitte e Vinicius Calderoni.
        O expressivo número de 18 autores apresentou três espetáculos no ano e com dois trabalhos foram 36 autores.
        Excetuando-se as criações coletivas (62), os espetáculos em processo colaborativo (oito) e outros tipos de dramaturgia (nove), 491 autores tiveram apenas um título apresentado. Muitos nomes desconhecidos aparecem nesta lista e lamentavelmente é muito difícil que eles venham a comparecer no futuro.
        Fato digno de nota é que o ano teve média de 53 novos títulos por mês, mas o total em cartaz se manteve constante (aproximadamente 160), assim se pode concluir que em média 53 títulos deixaram o cartaz a cada mês, o que significa alta rotatividade e pouco tempo de permanência em cartaz.
        Foram 105 monólogos, 118 peças com dois atores e 410 espetáculos com elenco de três ou mais atores.

Tchekhov É Um Cogumelo

        399 dramas, 137 comédias, 51 musicais e 46 em outros gêneros. Apesar da maior concentração em dramas, são as comédias que apresentam maior longevidade em cartaz. Os musicais continuam mostrando bastante fôlego, o que - apesar de não fazer parte desta análise - parece não acontecer com as comédias stand up.
        Dificilmente a ficha técnica explicita se determinado espetáculo foi concebido em processo colaborativo. O critério aqui adotado foi: se aparece apenas o(s) nome(s) do(s) autor(es) a classificação é “Dramaturgia de Autor”; caso apareça o nome do grupo na autoria a classificação é “Criação Coletiva”; caso apareça o nome do grupo e um autor a classificação é “Processo Colaborativo”. Os outros títulos podem ser “Adaptação” ou não se encaixar em nenhuma dessas classificações.

Dramaturgia de autor: 535
Criação Coletiva: 62
Processo Colaborativo: 8
Adaptação: 19
Outros: 9
       
        136 espetáculos levam o nome de um grupo e 497 não o fazem.
        Em 334 casos o autor exerce outra função no espetáculo (em geral diretor e/ou ator), restringindo-se somente à dramaturgia em 299 títulos.

Siete Grande Hotel

        Títulos expressivos e de alto nível como Refluxo (Ângela Ribeiro), Pagliacci (Luís Alberto de Abreu), Jacy (Pablo Capristano e Iracema Macedo), Gritos (Arthur Ribeiro e André Curti), Marte, Você Está Aí? (Silvia Gomez), Hotel Mariana (Munir Pedrosa), Suassuna – O Auto do Reino do Sol (Bráulio Tavares), Siete Grande Hotel (Rudifran Pompeu), Tchekhov É Um Cogumelo (André Guerreiro Lopes) mostraram que qualidade também esteve presente nesse 2017 quantitativamente bastante rico.

        VIVA O TEATRO BRASILEIRO!

02/01/2018