Texto/interpretação, movimentação e visagismo do elenco/ cenário/adereços/figurinos/iluminação/trilha sonora/projeção de imagens.
Não é fácil harmonizar todos os elementos que compõem um espetáculo teatral. Essa é a função atribuída ao encenador (diretor) que muitas vezes negligencia um ou outro elemento prejudicando o resultado final.
Luh Mazza revela uma notável maturidade na direção do texto de sua autoria em cartaz no SESC 24 de maio.
Conheci o trabalho de Luh em 2016 quando assisti a “Kiwi”, dirigido por ela, depois assisti a uma versão virtual de “Carne Viva” em 2021, dirigida por Reginaldo Nascimento. Meu conhecimento profissional de Luh limitava-se a esses dois trabalhos, dai a minha surpresa com o alto nível da atual direção. Pesquisando sobre sua carreira tomei conhecimento dos muitos trabalhos realizados por ela nos vinte anos em que está na ativa.
Quando assisti à versão virtual de “Carne Viva” escrevi algo que voltei a sentir ao presenciar esta versão no teatro e reproduzo o texto a seguir “O texto foi escrito por Luh Maza ainda adolescente e quando ainda atendia por Luciano. Realço isso porque é bastante importante saber que a virulência do texto contra o machismo e a sensibilidade da mulher que perpassam toda a ação da peça tenham brotado da imaginação de alguém que era visto como um rapaz. Isso só pode ter ocorrido porque, independentemente do corpo, a alma de Luh já era feminina.”
Luh retrata o universo feminino com crueza, mas com delicadeza. Na versão atual Luh distribuiu o monólogo original para três atrizes.
O espetáculo inicia com uma belíssima cena da silhueta das atrizes e daí em diante a beleza não abandona mais o palco.
A maturidade da direção está em conciliar os elementos citados no início desta matéria: o cenário formado por uma mesa com um espelho d’água de autoria da própria autora, a belíssima iluminação de Aline Santini, a potente trilha sonora composta pelo português Bruno Moraes, os figurinos pretos e brancos assinados por Telumi Hellen e Mari Morais, o visagismo assinado por Louise Helène e a precisa movimentação cênica das atrizes orquestrada por Bruna Longo.
A tudo isso se somam aa interpretações das atrizes: Mawusi Tulani empresta sua bela voz para várias intervenções / Tenca Silva, que já havia causado grande impressão em Agro Peça, volta a brilhar com sua poderosa presença em cena / Christiane Tricerri põe sua grande sensibilidade à disposição da personagem que interpreta.
Carne Viva é exemplo de teatro total onde todos elementos têm igual importância e se somam para resultar em um espetáculo magnífico.
Fotos de Ariela Bueno
CARNE VIVA está em cartaz no SESC 24 de maio até 20/04 com sessões às quintas (19h), sextas e sábados (20h) e domingos (18h). Sessão extra no dia 19 /04 (sábado) às 17h.
12/04/2025