Festa do teatro no celebrado palco do Teatro Anchieta
A noite de 29 de agosto de 2025 foi
muito especial para o público que teve o privilégio de compartilhar a festa que
aconteceu no Teatro Anchieta, espaço que já foi cena de tantos espetáculos
memoráveis desde 1968 quando abriu sua cortina para Fernanda Montenegro
apresentar “A Mulher de Todos Nós”, daí em diante um desfile de talentos pisou
naquele palco que também abrigou grande parte das memoráveis encenações do
saudoso Antunes Filho.
Nesse palco Renato Borghi e Amir
Haddad, dois ícones do teatro brasileiro, relembraram momentos de suas vidas e
suas artes em um ambiente descontraído de reunião entre amigos que contam suas
histórias, cantam canções e relembram artistas que amam (como não se emocionar
junto com eles ao ouvirem Billie Holyday e Dalva de Oliveira, tão amadas por
Haddad e Borghi, respectivamente).
Funcionando como ponto, as presenças brilhantes
de Débora Duboc, Elcio Nogueira Sanches, Duda Barata e Máximo Cotrim vão
colaborando com as rememorações de Borghi e Haddad formulando questões para que
se cumpra o roteiro pré estabelecido. A memória fabulosa de Borghi e o
delicioso humor ácido de Haddad, lhes permite algumas improvisações/divagações as
quais exigem adequações e também improvisações dos quatro atentos e talentosos
artistas.
Um trio musical acompanha o grupo nas
várias canções entoadas durante o espetáculo.
A ideia deste espetáculo surgiu devido
a um jantar na residência de Eduardo Barata (criador e diretor) onde Borghi e
Haddad começaram a contar histórias sobre suas trajetórias. O grande lance é
que Barata conseguiu traduzir no palco o ambiente descontraído daquele encontro
fazendo o espectador se deliciar e se emocionar como se estivesse numa íntima
reunião. Há muito afeto envolvido e isso chega ao público.
Muitos momentos memoráveis envolvem o
espetáculo, mas cabe destacar a declaração de amizade emocionante que Borghi
faz para Zé Celso diante do enorme painel ao fundo do palco com a foto do Zé e
a singela cena na penumbra onde se ouve um bandolim (ou cavaquinho?) tocando
“Ave Maria no Morro” e desce um painel com fotos de pessoas caras aos
envolvidos. Some-se a isso, a cena em que uma emocionada Débora Duboc canta e fala
o texto de” É Por Causa do Teatro” e quase ao final, a leitura do monólogo de
Próspero na última cena de “A Tempestade” feita por Borghi e a garra de Haddad
ao relatar o manifesto de seu grupo “Tá na Rua”. É muita emoção!
Muito poderia se escrever sobre o
cenário criado por Rostand Albuquerque e Barbara Quadros, os figurinos de
inspiração carnavalesca de Rute Alves e as funções dos integrantes da imensa
ficha técnica que valorizam ainda mais o espetáculo.
Nesta rica temporada de 2025, este
espetáculo vem juntar-se a “Não Me Entrego, Não” (Othon Bastos) e “Lady”
(Susana Vieira) na reconstituição de grandes momentos e figuras do rico teatro
brasileiro surgido a partir do início dos anos 1950. Verdadeiras aulas de
teatro regadas a muita emoção por quem, mais do que ninguém, conhece e viveu o
assunto.
Mais uma joia a ser incorporada ao
currículo do icônico Teatro Anchieta, que não permite que a banalidade e a
vulgaridade pisem no solo sagrado do seu palco.
Mais que nunca é preciso clamar: VIVA O TEATRO!!
HADDAD E BORGHI está em cartaz no Teatro Anchieta até 28/09/2025, ás sextas e sábados às 20h e aos domingos às 18h.
31/08/2025
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