Chegou a vez de Assis Chateaubriand
(1892-1968), o homem que revolucionou as comunicações no Brasil, ser lembrado
por um musical brasileiro. O texto foi escrito por Fernando Morais (autor de
sua biografia) e Eduardo Bakr e teve o toque de Tadeu Aguiar na tradução
cênica.
Mostrar a evolução da trama por meio
do sonho do protagonista foi recurso dramatúrgico muito usado nos filmes da
Atlântida dos anos 1950; tal recurso permite que se fuja da verossimilhança e
concede um passeio pelos tempos presente e passado. Esse foi o recurso usado
pelos dramaturgos em “Chatô”. Ao ficar desacordado após ser assaltado, a
personagem Fabiano sonha com a estátua de Chatô ganhando vida e iniciando uma
conversa com ele; a partir daí percorre-se a trajetória do biografado a partir
dos anos 1930 até a sua morte em 1968.
O primeiro ato é um desfile de números
musicais com canções da chamada época de ouro da rádio (anos 1930 a 1950)
permeados por rápidas cenas sobre a evolução da Rádio Tupi e a criação do MASP.
É simpática a participação de Sylvia Massari como a secretária Janete e muito
louvável a homenagem que Tadeu Aguiar lhe faz com a inclusão de dois números
musicais (Hino ao Amor e Cantoras do Rádio) onde ela mostra sua bela voz.
No segundo ato a dramaturgia se mostra
mais consistente ao mostrar o advento da televisão (início dos anos 1950) e o
terror provocado pela ditadura civil militar (a partir de 1964). A pouca emoção
provocada no espectador no primeiro ato floresce poderosa no segundo ato.
Claudio Lins interpreta Fabiano com
muita segurança e canta várias canções mostrando que herdou boas coisas de Ivan
e Lucinha Lins. Patrícia França faz dupla com Claudio como a secretaria / futura
namorada/esposa. Stepan Nercessian mostra garra e energia na interpretação de
Chatô.
Um elenco de vinte atores dá vida a
Dalva de Oliveira, Eliseth Cardoso, Ademilde Fonseca, Paulo Gracindo, Hebe
Camargo e até Lolita Rodrigues cantando o Hino da Televisão na primeira
transmissão da televisão brasileira, além disso cantam e dançam a bela
coreografia criada por Carlinhos de Jesus.
A versátil cenografia de Natália Lana
é iluminada por Paulo Cesar Medeiros e os figurinos variados e coloridos são
assinados por Dani Vidal e Ney Madeira.
O grande mérito da encenação é que ela
se desliga do modelo norte americano de realizar musicais, criando estética
original e bem brasileira. Grande mérito de Tadeu Aguiar.
Na alegria dos aplausos no final fomos
surpreendidos com a triste notícia da morte de Preta Gil.
CHATÔ está em cartaz no Teatro
Liberdade até 17 de agosto.
Sextas (20h) / Sábados (16h e 20h30) /
Domingos (18h)
22/07/2025
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