terça-feira, 22 de julho de 2025

CHATÔ E OS DIÁRIOS ASSOCIADOS – 100 ANOS DE PAIXÃO

 

Chegou a vez de Assis Chateaubriand (1892-1968), o homem que revolucionou as comunicações no Brasil, ser lembrado por um musical brasileiro. O texto foi escrito por Fernando Morais (autor de sua biografia) e Eduardo Bakr e teve o toque de Tadeu Aguiar na tradução cênica.

Mostrar a evolução da trama por meio do sonho do protagonista foi recurso dramatúrgico muito usado nos filmes da Atlântida dos anos 1950; tal recurso permite que se fuja da verossimilhança e concede um passeio pelos tempos presente e passado. Esse foi o recurso usado pelos dramaturgos em “Chatô”. Ao ficar desacordado após ser assaltado, a personagem Fabiano sonha com a estátua de Chatô ganhando vida e iniciando uma conversa com ele; a partir daí percorre-se a trajetória do biografado a partir dos anos 1930 até a sua morte em 1968.

O primeiro ato é um desfile de números musicais com canções da chamada época de ouro da rádio (anos 1930 a 1950) permeados por rápidas cenas sobre a evolução da Rádio Tupi e a criação do MASP. É simpática a participação de Sylvia Massari como a secretária Janete e muito louvável a homenagem que Tadeu Aguiar lhe faz com a inclusão de dois números musicais (Hino ao Amor e Cantoras do Rádio) onde ela mostra sua bela voz.

No segundo ato a dramaturgia se mostra mais consistente ao mostrar o advento da televisão (início dos anos 1950) e o terror provocado pela ditadura civil militar (a partir de 1964). A pouca emoção provocada no espectador no primeiro ato floresce poderosa no segundo ato.

Claudio Lins interpreta Fabiano com muita segurança e canta várias canções mostrando que herdou boas coisas de Ivan e Lucinha Lins. Patrícia França faz dupla com Claudio como a secretaria / futura namorada/esposa. Stepan Nercessian mostra garra e energia na interpretação de Chatô.

Um elenco de vinte atores dá vida a Dalva de Oliveira, Eliseth Cardoso, Ademilde Fonseca, Paulo Gracindo, Hebe Camargo e até Lolita Rodrigues cantando o Hino da Televisão na primeira transmissão da televisão brasileira, além disso cantam e dançam a bela coreografia criada por Carlinhos de Jesus.

A versátil cenografia de Natália Lana é iluminada por Paulo Cesar Medeiros e os figurinos variados e coloridos são assinados por Dani Vidal e Ney Madeira.

O grande mérito da encenação é que ela se desliga do modelo norte americano de realizar musicais, criando estética original e bem brasileira. Grande mérito de Tadeu Aguiar.

Na alegria dos aplausos no final fomos surpreendidos com a triste notícia da morte de Preta Gil.

CHATÔ está em cartaz no Teatro Liberdade até 17 de agosto.

Sextas (20h) / Sábados (16h e 20h30) / Domingos (18h)

 

22/07/2025



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