Victor Nóvoa é um dramaturgo com
produção bastante profícua. Desde 2012 quando foi montado “Quase Memória”, o
autor vem escrevendo e encenando novos textos a cada dois anos o que resulta em
uma produção de quase uma dezena títulos, entre os quais vale salientar a força
da denúncia em “Condomínio Nova Era” (2014), a originalidade de “Entre Vãos”
(2016) que tinha seu desfecho na Estação Sé do metrô, a novidade de “Estilhaços
da Janela Fervem no Céu da Minha Boca” (2019) que incluía transporte do público
por aplicativo até o condomínio de luxo onde se passava a ação e a humanidade
de “Mãos Trêmulas” (2023), um sensível retrato do amor na velhice. Como se pode
notar trata-se de obra bastante original tanto nos temas tratados como nas
concepções cênicas, sem jamais negligenciar a denúncia das mazelas impostas pelo
capitalismo perverso em que vivemos.
Na esteira de um trabalho mais
intimista iniciado com "Mãos Trêmulas" Nóvoa cria agora “Macuco”, uma espécie de
“Amarcord” pelo litoral paulista inspirado nas lembranças que ele tem de seu
avô.
Macuco é um texto bastante poético com
narrativa fragmentada envolvendo Sebastião, um senhor que é entregador na
cidade grande e que retorna à ilha onde nasceu e revive histórias com sua mãe e
com o velho companheiro Bernardo. Revoadas de macucos, pássaros em extinção,
também fazem parte de sua jornada.
O que poderia ser apenas diálogos
entre as partes, o diretor Luiz Fernando Marques (Lubi) traduziu cenicamente
com bela cenografia que consiste de uma espécie de mastro giratório pelo qual
os atores aparecem e desaparecem em um passe de mágica. Nesse mastro são
projetadas imagens do mar e da mãe de Sebastião com a figura sempre iluminada
de Cleide Queiroz em vídeo.
A movimentação dos atores deve ser
precisa no entra e sai do campo de visão do espectador e Edgar Castro e Vitor
Britto o fazem de maneira perfeita.
Vitor, reforça o talento que já havia
mostrado em “O Avesso da Pele”, mostrando sua versatilidade como Bernardo, como
a mãe e como um macuco coberto de penas.
A fragilidade e a nostalgia de
Sebastião encontram em Edgar o intérprete ideal onde ele mostra mais uma vez
seu enorme talento.
MACUCO está em cartaz no SESC Pinheiros de quinta a sábado às 20h até 30 de agosto.
18/07/2025
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