E, no entanto, é
preciso cantar
Mais que nunca é
preciso cantar
É preciso cantar pra
alegrar a cidade
(Vinicius de Moraes)
Em momento tão grave de sua trajetória a
“Cia. Mungunzá de Teatro” realiza o espetáculo mais descontraído de seu
repertório. Não se trata de trabalho descompromissado, muito menos alienado, a
denúncia e a militância tão próprias do grupo estão ali, mas de maneira irônica
e até bem humorada, graças em boa parte à direção de Isabel Teixeira. Um
momento especial do espetáculo retrata bem isso, quando Virginia Iglesias acompanha
Nina Simone tocando bateria na icônica canção “I Feel Good” (Eu me sinto muito
bem), enquanto as imagens mostram a tragédia de um carro rolando na ribanceira
matando todos os seus passageiros.
O processo de criação que envolveu idas
e vindas de textos criados/improvisados pelo grupo e supervisionados por Isabel
resultou em um belo livro costurado a mão; desse livro saiu o texto teatral
apresentado.
São cenas envolvendo situações e
personagens diversas apresentadas de maneira aparentemente aleatória e desta
vez cabe ao público costura-las da maneira que achar melhor.
É surpreendente e muito prazeroso
assistir à descontração das moças Sandra Modesto, Verônica Gentilin e,
principalmente, Virginia Iglesias, em papéis bem diferentes daqueles que
realizaram até hoje. Dilma Corrêa é uma delícia como a mãe do vendedor de
morangos interpretado por Marcos Felipe, que na realidade é filho dela. Lucas
Bêda tem grande momento como o animador de velórios (clara referência à agonia
do Teatro de Contêiner). E é sempre uma alegria testemunhar a evolução de Leo
Aiko e Pedrinho das Oliveiras (também filho de Dilma e irmão de Marcos)) como
atores.
Esta não é uma crítica, nem tampouco uma matéria, é apenas um conselho para que você não perca este instigante trabalho de um dos mais importantes grupos teatrais de São Paulo.
ELÃ está em cartaz no SESC Pompeia até 12/10 de quinta a sábado às 20h e domingo às 18h
29/09/2025
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