domingo, 1 de setembro de 2019

CRIATURA – UMA AUTÓPSIA


 
       O artista que muito jovem escreve sua obra prima fica marcado por ela pelo resto de sua vida. Com Mary Wollstonecraft Shelley (1797-1851) não aconteceu diferente. Ela tinha apenas 21 anos quando escreveu Frankenstein e essa é a obra pela qual ela será sempre lembrada. Apesar de muito jovem Mary já tinha uma experiência de vida e já havia perdido dois filhos, mesmo assim é surpreendente pensar em sua imaginação ao criar personagem tão monstruoso.
       Bruna Longo concebeu um espetáculo onde coloca frente a frente criadora e criatura e em apenas uma hora dá ao espectador uma boa ideia da vida de Mary Shelley e de seu personagem mais famoso. Pequenina em tamanho, Bruna se agiganta em cena colocando seu corpo e sua límpida dicção (como é bom entender cada sílaba que o ator diz!) a serviço de seus personagens. Contribuem para o sucesso da empreitada a lúgubre ambientação cênica criada pela atriz e por Kleber Montanheiro; assim como os adereços que compõem a cena trazidos também por Bruna com a colaboração de Larissa Matheus; a precisa iluminação de Rodrigo Silbat e a poderosa trilha sonora escolhida também por Bruna. Todos esses elementos harmoniosamente somados oferecem a moldura perfeita para a intérprete que transitando entre o criador e a criatura mostra pleno domínio de cena e oferece ao espectador uma marcante interpretação com base no assim chamado teatro físico.
 
Foto de Danilo Apoena
 
       Para quem não conhece detalhes da vida de Mary Shelley a primeira parte da peça pode soar confusa, principalmente pelo fato de uma parte da história ser narrada em off e outra pela atriz em cena. Uma leitura prévia do texto incluso no programa ajudaria, mas o mesmo só é entregue quando se entra na plateia.
        
       CRIATURA – UMA AUTÓPSIA encerrou sua temporada na Oficina Cultural Oswald de Andrade no dia 31/08, mas fará QUATRO SESSÕES EXTRAS no mesmo local no mês de setembro. Fique de olho nas datas e horários (Telefone: 3222-2662)
 
       01/09/2019
 

Um comentário:

  1. Peça maravilhosa e atriz completa. Saímos do teatro com vontade de dissecar a obra de Mary Shelley.
    Trabalho de corpo perfeito. Que bom seria ter uma temporada mais longa.

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