segunda-feira, 10 de maio de 2021

WEB TEATRO

 

Fernanda Montenegro em noite memorável no Theatro Municipal de São Paulo em 2019

O diretor Kiko Rieser me enviou uma mensagem questionando algumas coisas sobre minha posição sobre teatro virtual, o texto que reproduzo abaixo é a minha resposta. 

        Bom dia, Kiko Kiko

Fiquei procurando o que escrevi no ano passado (*) sobre certo cansaço em assistir os espetáculos on line, mas não achei. Ao que eu me lembro os pontos que me irritavam eram: 

1 - A dificuldade de acesso. A produção colocava um endereço, mas na hora não dava certo e eu acabava perdendo a apresentação.

2 – Interrupções domésticas da Internet. No melhor da trama, a imagem congelava, eu tentava retomar a Internet e, se voltasse, eu já havia perdido uma parte da peça.

3 – As deficiências de som e/ou imagem da maioria dos trabalhos apresentados.

4 – As apresentações em janelinhas com interação muito artificial entre o elenco. Esses trabalhos em zoom, em certos casos, tiveram bons resultados, mas foram raros.

5 – A quantidade enorme de monólogos apresentados.

6 – Assistir na telinha do note book.

7 – A falta de público reagindo (rindo, se emocionando e até tossindo) 

Com exceção dos itens 2,6 e 7 o restante se devia à inexperiência dos profissionais envolvidos e as condições que se apresentavam naquele momento, caso do item 5. 

Ao procurar cada vez mais o auxílio de profissionais do audiovisual a situação mudou bastante e surge com mais intensidade em 2021 a peça híbrida, ou peça filme, ou teatro filme. Chame do que quiser, isso deu um novo alento à vontade de assistir ao teatro virtual. O som e a imagem melhoraram e novos planos com posições mais criativas das câmeras tornam mais agradável a fruição da peça.

Não resta dúvida que essa nova postura se aproxima mais da linguagem cinematográfica do que da teatral, mas não vejo maiores perigos nisso, uma vez que certas técnicas poderão ser aproveitadas quando o teatro voltar a ser ao vivo, como já o faziam, com excelentes resultados, a diretora Christiane Jatahy e o próprio Zé Celso.

Mesmo os espetáculos ainda realizados à moda antiga se aprimoraram no que se refere aos cuidados com som e imagem.

O pessoal de produção também tem tomado mais cuidado ao divulgar o acesso aos espetáculos, tornando menos tortuoso o caminho para chegar até eles.

Tudo isso me reconciliou com o teatro virtual que é o único que nos é permitido atualmente. Tenho assistido a muitas coisas em 2021. Até o dia de ontem (09/05) foram 68 apresentações, das quais eu assinalei 34 com meu marca-texto amarelo (sinal que gostei). É um dado bastante positivo e aqui deve ser levado em conta também o meu interesse pelo texto, pelas interpretações, pela direção e por tudo o que a gente leva em conta numa apresentação teatral. Não sei se você tomou conhecimento de uma matéria que escrevi com o título OUTROS ABRIL(S) VIRÃO. Ali eu faço um balanço das muitas peças que me surpreenderam no abril passado, incluindo a sua direção QUANDO AS MÁQUINAS PARAM.

Você comenta sobre a duração da peça. Realmente há um cuidado, perfeitamente compreensível, por quem concebe um espetáculo virtual de não ultrapassar os sessenta minutos de duração, uma vez que é sobejamente conhecido o fato de que o grau de concentração do web-espectador é bem menor do que daquele que está ao vivo numa poltrona de teatro, porém, tudo depende do interesse criado. Quando se tem um bom texto, bem montado e bem interpretado ele segura o espectador virtual diante do seu notebook e até do seu celular.

Como diria o bardo, tudo está bem quando bem acaba e eu espero que o verdadeiro teatro volte para onde ele nunca devia ter saído, mas foi obrigado: as salas de espetáculo, com as poltronas lotadas de espectadores aplaudindo e interagindo com o elenco.

Como disse a querida Ilana Kaplan: DO PALCO VIEMOS, AO PALCO RETORNAREMOS!

O TEATRO NOS UNE

O TEATRO NOS TORNA FORTE

VIVA O TEATRO! 

Beijos, José Cetra 

10/05/2021

(*) Na verdade foi no início deste ano.

 

 

 

Um comentário:

  1. Cetra:
    Concordo com vc q houve melhora nas produções online.
    Mas continuo verificando erros banais que poderiam ser solucionados antes de a produção ir para o ar (já q é teatro/cinema, filme/peça); tudo foi gravado com antecedência e equalizar o som é de extrema necessidade. Acabo de assistir a uma peça q o texto é maravilhoso, mas cada ator está num local q o som é precário na maioria do tempo de duração do espetáculo.
    Que realmente não demore muito para q as produções voltem ao seu lugar de origem, o palco!
    Bjs, querido
    Maurício

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