O dicionário define transfiguração como o “ato de (se) transformar, metamorfose/alteração da figura, das feições, da forma”.
E é exatamente isso que o multiartista (pintor, escultor, fotógrafo e performer) Olivier de Sagazan (1959) faz diante dos olhos hipnotizados do público que em profundo silêncio acompanha sua performance.
Vestido com um sóbrio terno, ele senta-se diante de potes com tinta e os elementos naturais (terra, fogo, ar e água) e inicia as metamorfoses tornando-se um porco nazista, uma mulher nua acuada e tantas outras figuras que muitas vezes lembram personagens saídas de um quadro de Francis Bacon. O público atônito acompanha essas transformações realizadas apenas com a manipulação dos materiais disponíveis.
Três grandes placas metálicas móveis situadas atrás do artista provocam barulho ensurdecedor ao receberem materiais jogados por ele. Essas placas vão se tornando uma tela viva, realizada diante do incrédulo público. Enquanto isso, o artista vai abandonando seu terno, que fica totalmente inutilizado ao final da performance.
Um visagismo radical, ou melhor, visagismos em transformação poderia ser a definição desse trabalho perturbador. A experiente visagista Louise Helène estava sentada ao meu lado e saiu do espetáculo visivelmente emocionada com aquilo que viu.
Artaud, Grotowski e Bacon dizem presente nessa inusitada performance, experiência totalmente nova, mesmo para um velho com 81 anos de idade e mais de 60 como espectador.
São só mais cinco sessões até o dia 04/05 no SESC Belenzinho. Sexta e sábado (19h) e domingo (17h).
CORRA!
26/04/2025
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