terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

CHICAGO – O MUSICAL

 

Chicago é um fenômeno!

Estreado na Broadway em 1975 com direção de Bob Fosse, o musical teve um importante revival em 1996 dirigido por Walter Bobbie, com coreografia de Ann Reinking no estilo Bob Fosse, nesse revival Ann Reinking também interpretou Roxie Hart.

Foi essa versão que se espalhou pelo mundo.

Eu a assisti com grande entusiasmo em Londres no ano 2000 e escrevi na ocasião: “É um belíssimo musical, totalmente calcado no irônico e ácido texto de Fred Ebb e Bob Fosse, nas músicas de John Kander com letras de Fred Ebb e nos talentos não só dos protagonistas, como dos cantores/dançarinos que são muito mais do que um ‘chorus line’. O espetáculo não tem aqueles efeitos espetaculares tão típicos dos musicais e a orquestra está em cena o tempo todo, fazendo parte da trama”.

Em 2002, Chicago chegou ao cinema, dirigido por Rob Marshall.

Em 2004 o musical chegou a São Paulo baseado na apresentação de 1996, com direção de Scott Faris, tendo Tania Nardini como diretora residente. Escrevi: “Tudo direitinho, bem montado, mas sem o charme e o vigor do espetáculo londrino. Os conjuntos feminino e masculino dançam e cantam muito bem. O espetáculo comprova que funciona melhor no teatro do que no cinema”.

Dezoito anos depois Chicago volta aos palcos paulistanos na mesma versão baseada na apresentação de 1996 do City Center’s Encores, desta vez com Tania Nardini assumindo a direção.

Com sua trama cínica e mordaz, a peça denuncia a corrupção, o jogo do poder e a efemeridade da fama, assuntos pouquíssimo usuais nos musicais. A coreografia baseada no estilo de Bob Fosse é forte e expressiva e o ambiente lembra os antigos cabarés e vaudevilles, remetendo a Karl Valentin e a Bertolt Brecht.

Não sou especialista em musicais, mas não é difícil avaliar o talento e a energia de Emanuelle Araújo como Velda Kelly, o estilo de Carol Costa como Roxie Hart e o charme e o vozeirão internacionalmente reconhecido de Paulo Szot. Eduardo Amir se sai muito bem como o patético Amos Hart, o Mister Cellophane. Mama Morton é interpretada com muito vigor por Lilian Valeska, que tem um dos momentos mais bonitos da peça ao interpretar Educação (Class) em dueto com Emanuelle Araújo.

A destacar ainda a brilhante versão brasileira assinada por Claudio Botelho e a deliciosa orquestra regida por Jorge de Godoy.

Vinte anos me separam da montagem londrina que tanto gostei, mas meu sentimento ao assistir esta versão em cartaz no Teatro Santander não deixou para menos, tirou meus pés do chão e me fez vibrar como há muito eu não o fazia com um espetáculo musical.

 

             Muita gente torce o nariz para este tipo de espetáculo, classificando-o pejorativamente como "cópia xerox" do original estrangeiro. Essa característica de reprodução fiel do original, normalmente faz parte do contrato internacional e acontece dessa maneira em todos os países onde o musical é montado. No meu modo de ver esse tipo de espetáculo merece seu lugar nos palcos paulistanos junto com todo BOM teatro, que vai do tradicional e/ou comercial até o mais experimental.

08/02/2022 

OBS: Infelizmente, o belo programa, que poderia ser vendido como costumava acontecer nos musicais, está disponível apenas por meio do deplorável QR code.

 

Serviço:

No Teatro Santander até 29/05/2022.

Quinta e sexta às 21h/Sábado às 17h e 21h/Domingo às 15h e 19h.

Ingressos de R$75,00 a R$340,00

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