Mas tudo passa, tudo
passará
E nada fica, nada ficará
(Nelson Ned)
Nos anos 1970, regimes totalitários vomitavam
poder e truculência em muitos países da América Latina como Brasil, Argentina,
Chile e Uruguai.
Em 1971 o escritor e jornalista
uruguaio Eduardo Galeano (1940-2015) publica “As Veias Abertas da América
Latina”, volumoso livro analisando a história do continente sul americano que
passou da dominação europeia para a norte americana.
A “Aquela Cia.” do Rio de Janeiro se
inspira no livro de Galeano para fazer uma linha de tempo da América Latina por
meio de narrativa fragmentada com cenas que têm a velocidade das redes sociais
e não duram mais do que 60 segundos. Em um ritmo frenético o elenco se reveza
nas cenas que são interrompidas por um sinal que soa após 15, 30 e no máximo 60
segundos. Mesmo com esse delírio temporal o público é capaz de juntar as pedras
do quebra cabeça compreendendo o espetáculo como um todo.
As cenas são intituladas com ritmos:
mambo, rumba, samba e até os intervalos duram 15 segundos!!
Carolina Virgüez, Matheus Macena e
Rafael Bacelar revezam-se nos papeis de oprimidos e opressores em um verdadeiro
carrossel de situações e personagens chegando a entoar e dançar canções muito
importantes para o clima do espetáculo; dois músicos (Felipe Storino e Pedro
Leal David) fazem parte da cena e Carolina tem a leveza de uma pluma parecendo
flutuar quando dança.
A canção de Nelson Ned permeia toda a
encenação parecendo ilustrar que nada é definitivo e que um dia os tempos
sombrios também vão passar, mas para isso vai ser preciso resistir e lutar.
A direção de Marco André Nunes é tensa
e veloz como requer o texto de Pedro Kosovski e Carolina Lavigne.
A direção
de movimento é um ponto nevrálgico desse tipo de montagem e é resolvido muito
bem por Márcia Rubin.
Destaque para os figurinos e máscaras assinados por Fernanda Garcia.
A volta de “Aquela Cia” aos palcos paulistanos é sempre bem-vinda. Depois de “Caranguejo Overdrive” e “Guanabara Canibal” que se concentravam na realidade carioca, voltamos a nos impactar com esse poderoso e imperdível “As Veias Abertas 60 30 15 seg” que amplia o foco para toda a América Latina.
AS VEIAS ABERTAS 60 30 15 SEG está em cartaz no SESC Pompeia até 04/07 com sessões de quarta e quinta às 19h e sexta à 15h e 19h.
22/06/2025
Nenhum comentário:
Postar um comentário