sexta-feira, 2 de maio de 2025

O CÉU DA LÍNGUA

 

Gosto de sentir a minha língua roçar a língua de Luís de Camões/Gosto de ser e de estar ......................................................................................................

E sei que a poesia está para a prosa/Assim como o amor está para a amizade / E quem há de negar que esta lhe é superior?

(Caetano Veloso)

Para criar minhas estradas/Cavalgo nas palavras/Quero arrumá-las com carinho/para atrair as fadas

(Tom Zé)

    Gregorio Duvivier inicia seu delicioso espetáculo falando que a poesia é inútil. Brincando, é claro! E quem há de afirmar que a prosa é superior à poesia, já questionava Caetano em “Língua”, ou vice versa eu acrescentaria. 

    Todo o espetáculo é uma inteligente brincadeira com as palavras e com nossa língua portuguesa. 

    Duvivier mostra ter conhecimento profundo de nossa língua, das palavras que a formam e da cultura brasileira, embaralhando tudo isso com muito humor. São magos da palavra como ele, Caetano e Tom Zé que nos brindam com esses momentos em que realizamos como a língua brasileira é rica, divertida e muito nossa.

    É louvável a criatividade e o cuidado de Duvivier na construção do texto (o programa impresso mostra a quantidade de obras consultadas), meticulosamente costurado com a dramaturgia elaborada por Luciana Paes que também assina a direção. As presenças discretas de Theodora Duvivier nas projeções e Pedro Aune no contrabaixo ilustram e enriquecem as cenas criadas pelo ator.

    Ri-se muito durante o espetáculo, mas também se aprende bastante sobre a nossa língua. Sem exagero, trata-se de uma deliciosa aula de português naquilo que a nossa língua tem de mais versátil e divertido.

    Em certo momento da peça, Duvivier declara que acredita que “cada um de nós tem o poder divino de lançar mundos no mundo só porque tem A PALAVRA.” E essa potência da palavra é a razão de ser do trabalho.

    São tantos os momentos hilários do espetáculo que seria inútil citá-los aqui, mesmo porque eles perdem muito do seu efeito quando simplesmente colocados no papel. É necessário ouvi-los ao vivo, ditos com toda a verve por Duvivier que tem energia e presença cênica dignas de todos os aplausos.


    O CÉU DA LÍNGUA está em cartaz na Sala Nydia Licia do Teatro Sérgio Cardoso de 1º de maio a 1º de junho, com sessões de quinta a sábado, às 19h e às 21h30, e aos domingos, às 16h.

    Ao que se noticiou, os 827 lugares do teatro já estão reservados até o final da temporada, mas sempre é possível buscar por um deles na fila da esperança. Garanto que vale a pena.


    02/05/2025


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