Um casal, cuja relação se deteriorou após a morte do filho, está separado há dez anos. Um reencontro se faz necessário para discutir para onde transferir os restos mortais do garoto, pois o terreno do cemitério em que ele está enterrado contém veneno no solo. O reencontro reacende coisas dolorosas do passado.
Essa é a sinopse do texto da dramaturga holandesa Lot Vekemans (1965).
Um clima presente em muitos filmes de Ingmar Bergman perpassa toda a rigorosa tradução cênica realizada por Eric Lenate que foca toda a sua atenção na interpretação da atriz e do ator.
Frases curtas trocadas entre o casal entremeadas com pesados silêncios revelam a dor, o luto, a frustração e a culpa por fatos passados de cada um deles.
Cléo De Páris e Alexandre Galindo emprestam seus talentos para interpretarem essas duas personagens muito complexas cujos sentimentos estão em ebulição.
Ora reclusos em suas dores, ora explosivos em suas revoltas a peça exige muita sensibilidade e versatilidade de seus intérpretes. Cléo e Alexandre hipnotizam o público ao dizerem o admirável texto de Lot Vekemans, que é, lembrando novamente de Bergman, cheio de gritos e sussurros.
A encenação de Lenate coloca o elenco em um palco quase vazio discretamente iluminado por ele mesmo. Todos os olhos presentes se voltam para as falas, os gestos e os silêncios dolorosos daquele casal e se identificam com essa ou aquela situação, pois a encenação é repleta de humanidade.
Tocante e comovente talvez sejam as palavras que melhor adjetivem esse trabalho de Cléo, Galindo e Lenate.
Mais um grande momento desta rica temporada teatral paulistana.
VENENO está em cartaz no ótimo TEATRO ESTÚDIO de segunda a quarta às 20h30 até 28 de maio.
01/05/2025
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