- Seis Personagens à Procura de
Existência -
I got life, mother
I got laughs, sister
I got freedom, brother
I got good times, man
(Ragni, Rado,
MacDermot)
Há certos assuntos dos quais é difícil
se manifestar com o risco de sermos julgados preconceituosos ou racistas. Às
vezes só por ser branco se pode pensar que se é contra os negros e sua rica
cultura.
Ser branco absolutamente não significa
pertencer ou defender a branquitude que é uma atitude bastante racista.
Sou contra certos espetáculos do
movimento negro que colocam um dedo indicador no nariz de um espectador que só
pelo fato dele ser branco é acusado de inimigo e causador de toda sofrida saga
dos negros desde a época da escravidão. DENUNCIAR E ACUSAR É PRECISO, mas que
se aponte o dedo para quem merece.
Negros ou brancos todos nós procuramos
um lugar ao sol e quando alguém ocupa o nosso lugar é justo que reivindiquemos
o espaço que nos cabe.
O primeiro mérito de “As Armas Milagrosas”
é que denuncia e acusa o racismo fortemente, mas de maneira elegante e
artística.
Para ilustrar a sua tese sobre os
malefícios da branquitude Anderson Negreiro coloca em cena de um lado um grupo
de brancos sem viço e opaco que ensaia burocraticamente uma peça e do outro um
grupo de negros cheio de energia e vida (“I got life”). Os negros que atuavam
nos bastidores em funções secundárias, reivindicam seu merecido espaço e não há
como o espectador não vibrar com a performance dos negros e as vozes
perturbadoras e potentes de Cainã Naíra e Joy.Anne torcendo para que eles
atinjam seus objetivos.
Um desenho de luz rigoroso idealizado
por Anderson Negreiro e realizado por Matheus Brant define os limites de
atuação de cada grupo, cabendo aos negros romper essa fronteira.
A dramaturgia assinada por Negreiro mescla a ideia de “Seis Personagens A Procura de Um Autor” de Pirandello com “As
Armas Milagrosas” e “Os Cães se Calavam” do autor martinicano Aimé Césaire e o
resultado é um importante libelo contra o racismo.
A direção conjunta é assinada por
Daniela Manrique e Anderson Negreiro.
Esse importante espetáculo deixou o cartaz em 07/12, mas deve voltar em 2026 no TUSP.
09/12/2025

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