terça-feira, 13 de setembro de 2022

MIRADA 2022 – QUARTA JORNADA

 

Na segunda feira, dia 12 de setembro assisti a mais dois espetáculos:

LA MUJER QUE SOY – Argentina – As grandes atrações desse delicioso trabalho do Teatro Bombón, escrito e dirigido por Nelson Valente são a encenação que se passa na sala de dois apartamentos e no hall de distribuição de um hotel (no caso do Mirada, o Atlântico, icônico hotel santista) e a interpretação soberba das atrizes com grande destaque para Maiamar Abrodos (Mercedes) e a fabulosa e muito engraçada Silvia Villazur (Martha, a mãe), além de Mayra Homar (Cecília, a filha) e Daniela Pal (Lucia). O público visita os apartamentos de Martha e da misteriosa Mercedes testemunhando no tête-à-tête o que acontece quando a filha chega na casa da mãe com uma nova namorada.

A trama é bastante simples, mas as interpretações são tão envolventes que o público vive a ação junto com as personagens e sai do espaço encantado e discutindo sobre o que acabou de ver: Estaria Lucia realmente apaixonada por Cecília ou ela é uma pilantra? Tudo acaba bem quando as personagens saem da sala e vão para o quarto? Ou não? As delícias de um trabalho tão bem realizado.

Mais um grande momento do Mirada 2022.

ORGIA, PASOLINI – Portugal – Esta excelente realização da companhia Teatro Nacional 21 é espetáculo árido e denso que exige muita atenção e sensibilidade do espectador.

O grupo define o espetáculo como “um teatro de palavras conjugadas pela carne”, no entanto a fruição do mesmo pode ficar comprometida por algumas razões: 1. A pouca visibilidade devido à penumbra em que a ação acontece e principalmente pelo fato que em muitas cenas o elenco representa deitado e a inclinação da plateia não é suficiente para permitir a visão do espectador/2. Mais que um texto dramático, Orgia é um poema do cineasta Pier Paolo Pasolini onde a palavra tem valor peculiar e a dificuldade de ouvir/entender plenamente aquilo que é falado pode  obrigar o espectador a recorrer às legendas em castelhano, o que faz o sentido poético do texto ficar comprometido.

Produzido com muito esmero o espetáculo tem seu ponto alto na instigante cenografia com muito barro e lama criada por Ivana Sehic, na belíssima iluminação assinada por Rui Monteiro, na trilha sonora e nas interpretações de Albano Jerónimo e Beatriz Batarda. Tudo isso regido com muito rigor por Nuno M. Cardoso. 

13/09/2022

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