sábado, 18 de janeiro de 2025

UM GRITO PARADO NO AR ou HOMENAGEM À GERAÇÃO ARENA

 

     Assisti a “Um Grito Parado no Ar” em 1973 no Aliança Francesa, dirigido pelo Fernando Peixoto. Othon Bastos dava um show como o ator Augusto, o saudoso Ênio Carvalho era o diretor Fernando, Oswaldo Campozano fazia Euzébio e o elenco feminino era formado por Martha Overbeck (Amanda), Liana Duval (Flora) e Sonia Loureiro (Nara). O grupo Arena já não existia há alguns anos, mas a chama desse grupo ainda estava presente no autor Gianfrancesco Guarnieri e as farpas contra a ditadura militar, tão presente naqueles anos sombrios, eram ainda bem afiadas.

     51 anos se passaram e muita água passou debaixo da ponte que sustenta o Brasil e muito consciente dos problemas atuais, Rogério Tarifa revisita esta obra de Guarnieri fazendo um exercício de meta teatro muito interessante no prólogo onde ele se coloca na pele de Guarnieri recebendo as figuras do Teatro Arena e entre elas o elenco da peça que vai ser apresentada, são pessoas do presente interpretando Othon/Augusto (Guilherme Carrasco), Ênio/Fernando (Rubens Consolini), Campozano/Euzébio (Oswaldo Ribeiro Acalêo, bem-vinda presença egressa do TUOV),  Martha/Amanda (Isadora Titto, forte presença cênica), Sonia/Nara (Maria Loverra) e destaque para a presença luminosa de Dulce Muniz como Liana/Flora, que também presta uma homenagem a Heleny Guariba, diretora teatral e militante, desaparecida nas masmorras da ditadura.

     A seguir é apresentada a peça permeada por depoimentos de integrantes de um coro formado por intérpretes não profissionais de teatro. A escolha feita por Tarifa de cada um desses integrantes poderia compor uma aula de sociologia e seus depoimentos versam sobre preconceito de gênero, prostituição, educação, movimentos estudantis, situação do operariado, entre outros. Desta maneira a peça de Guarnieri se abre sobre um leque de problemas sócio-políticos que insistem em ainda fazer parte da nossa realidade.

     Destaque também para as canções originais de Jonathan Silva com direção musical de William Guedes.

     Iluminação primorosa de Marisa Bentivegna.

     A peça acontece tendo como pano de fundo um telão onde aparecem cenas da montagem de 1973 e termina com uma emocionante homenagem a Guarnieri e ao teatro brasileiro.

     Fui agraciado publicamente por Rogerio Tarifa com um poster da peça com imagem feita pelo saudoso Elifas Andreato.


     HAJA CORAÇÃO PARA TANTA EMOÇÃO!

     UM GRITO PARADO NO AR está em cartaz no SESC Bom Retiro até 16/02, sextas e sábados às 19h30, domingos e feriados às 18h.

     Quem ama e/ou faz teatro não pode perder.

     18/01/2025


sábado, 11 de janeiro de 2025

O QUE A NOVIÇA REBELDE TEM A VER COM O PRÍNCIPE NICO?


     Anos 1965/1966. Anos sombrios da ditadura militar. Surgiu na época o que se convencionou chamar de esquerda festiva que considerava alienante e pequeno burguês tudo o que não fosse engajado. Atitude radical não compartilhada por muita gente da própria esquerda.

     Foi nesse clima que estreou em São Paulo o filme “A Noviça Rebelde” (The Sound of Music) de 1965. Estreou com muita pompa no Cine Rivoli, cinema de luxo na época, situado na Avenida São João entre a Rua Dom José de Barros e a Avenida Ipiranga. O filme vinha de um grande sucesso internacional e tinha sido o grande vencedor do Oscar e estava lotando o Rivoli.

     Eu estava no segundo ano da faculdade e começava a me politizar e a tomar consciência do mal que o regime militar estava fazendo para o país. Acompanhando os companheiros da esquerda festiva torci o nariz para o filme rotulando-o, sem assistir, de infantilóide e pequeno burguês.

     Por insistência de amigas e amigos lhes acompanhei para assistir ao filme. Entre eles estava o Nico, uma pessoa muito legal, educada e fina, tipo do rapaz que toda mãe gostaria que fosse o namorado de sua filha. Pelos seus bons modos passamos a chamar-lhe de Príncipe, mas logo veio um amigo de onça que fez a junção Príncipe Nico, que Nico levou na esportiva.

     Entramos no cinema e ali já era outro mundo. Ao som das belíssimas músicas de Rodgers e Hammerstein, a imensa tela começou a mostrar os Alpes e a majestosa paisagem de Salzburg. E como não se encantar dom a deliciosa figura de Julie Andrews surgindo de uma colina cantando “The Sound of Music”? A partir daí foi só emoção com as crianças, as dúvidas da noviça e até um toque político com a ascensão do nazismo na parte final do filme, Saímos do cinema deslumbrados com todo aquele colorido. Era um sábado cinzento e garoento e a saída do cinema mostrava uma Avenida São João suja, cenário de um Brasil também muito sujo. Aqui a figura do Príncipe entra de novo na história porque ele foi o primeiro a comentar o baque de ver a nossa realidade depois de assistir a tanta beleza na tela.

     Isso me trouxe de novo a essa  realidade voltando a questionar o filme e a rotulá-lo de alienado e desnecessário para nós. Pura reação de um esquerdista festivo!!

     Passaram os anos e acabei descobrindo que o alienado era eu! Posso ter minhas convicções políticas, mas isso não impede que eu alimente minha alma com uma boa música que não fale política, com comédias leves e inteligentes e com musicais que em geral são apolíticos.


     Tudo isso porque há alguns dias, assisti a “A Noviça Rebelde” em casa pela enésima vez, voltando a me emocionar e me encantar, agora sem culpa!

     E é claro que toda vez que assisto a esse filme eu lembro do meu amigo Príncipe Nico, que nunca mais eu vi. 

11/01/2025


sábado, 4 de janeiro de 2025

A ÚLTIMA SESSÃO NO CINESESC

     Conhecendo o tema do filme indiano “A Última Sessão”, o meu lado pesquisador foi atrás do que minha memória trouxe de tantos filmes que tratavam de assunto parecido: o cinema.

     O primeiro que me veio à mente foi “A Última Sessão de Cinema” (1971), o nostálgico filme de Peter Bogdanovich em branco e preto sobre o fechamento do único cinema de uma pequena cidade.


     Giuseppe Tornatore foi o diretor do mais queridinho do público que foi “Cinema Paradiso” (1988). Philippe Noiret e o garoto Salvatore Cascio garantiam a emoção e a empatia com o público.

     No ano seguinte Ettore Scola realizou aquele que para mim é o melhor filme sobre o assunto: “Splendor” (1989) com Marcelo Mastroainni, Massimo Troisi e Marina Vlady, sobre um homem dono de um cinema ao qual o público não vai mais por conta das modernidades surgidas (e pensar que o filme ainda não levava em conta as modernidades da informática que estavam apenas começando). Filme pouco conhecido que vale a pena ser descoberto.

     E há um documentário brasileiro menos conhecido ainda, que é “Cine São Paulo” (2017) de Felipe Tomazelli e Ricardo Martensen que trata da reforma que o cidadão Francisco Teles realizou para modernizar um antigo cinema da cidade de Dois Córregos. Aqui a nostalgia dos três filmes anteriores transforma-se em esperança: a cidade ganha de volta o seu cinema.

     Foi assim que me dirigi ao charmoso CineSESC para assistir ao filme de Pan Nalin (1965-). Para começar não concordo com o apelo comercial de chamar o filme de “Cinema Paradiso indiano”. A única semelhança com o filme de Tornatore é que se trata da visão de uma criança, mas o desenvolvimento do filme de Nalin segue por outros caminhos mostrando a decadência do celulóide e das técnicas de projeção até então utilizadas, mostrando também como a modernidade influiu nos usos e costumes para o bem e para o mal. A visão de uma Índia rural é outro dos atrativos do filme. 

     Mal comparando “A Última Sessão” está mais para “Splendor” e “Cine São Paulo” do que para “Cinema Paradiso”, este último só emociona, enquanto os outros também fazem pensar.

     O Cine SESC realiza anualmente a mostra AMOR AO CINEMA. Um ciclo mostrando esses filmes que falam de cinema (deve haver muitos outros) seria muito interessante. Fica a sugestão para a querida Simone Yunes e seu adjunto Rodrigo que acabei de conhecer na última semana, aos quais desejo muito sucesso na administração/programação desse tesouro que é o CineSESC.

     A ÚLTIMA SESSÂO está em cartaz com exclusividade no Cine SESC em sessão única às 20h. 

     IMPERDÍVEL. 


04/01/2025


segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

DRAMATURGIA BRASILEIRA NOS PALCOS PAULISTANOS BALANÇO DE 2024

 

     - Fontes da pesquisa: Guia OFF / Releases dos espetáculos / Anotações pessoais

     


     - A pesquisa não inclui espetáculos apresentados em mostras/festivais, stand up, espetáculos infantis. Por falta de informações também não fazem parte os espetáculos apresentados na periferia da cidade.


     O resultado do levantamento mostra uma situação bastante parecida com aquelas dos anos anteriores.

     Autores brasileiros estiveram presentes em 393 espetáculos, sendo que cerca de três dezenas deles vieram de temporadas anteriores. 

     Muitas adaptações de romances, algumas muito bem sucedidas como o musical Dom Casmurro que Davi Novaes adaptou do romance de Machado de Assis.

      Compareceram também colagens de textos com destaque para os brilhantes Cão Vadio (Ana Rosa Tezza), Prontuário 12.528 (Cesar Ribeiro) e Ao Vivo (Marcio Abreu).

     Dos clássicos (não sei se essa é melhor denominação para os medalhões) compareceram Ariano Suassuna e Nelson Rodrigues cada um com 4 títulos, Consuelo de Castro e Caio Fernando Abreu (2), Arthur Azevedo, Abílio Pereira de Almeida, Fauzi Arap, Paulo Gonçalves, Hilda Hilst e até Oswald de Andrade, cada um com uma peça montada. Curiosamente Plínio Marcos não aparece na lista de 2024.

     Os autores contemporâneos conhecidos comparecem com cerca de 50 títulos com destaque para Dione Carlos (4), Samir Yazbek, Mário Bortolotto e Jhonny Salaberg (3) e os outros (cerca de 15) com duas ou uma peça montada. Neste grupo há de se destacar Daniela Pereira de Carvalho (A Menina Escorrendo dos Olhos da Mãe), Nanna de Castro (O Vazio na Mala), Sandra Vargas e Luiz Miguel Cherubini (Para Mariela), Sara Antunes (Dora) e a grande surpresa que foi Bruno Cavalcanti com o instigante texto de Exercício das Crianças. Estranha a ausência de Luccas Papp, muito presente nos anos anteriores.

     Os mais de 300 títulos restantes foram assinados por autoras/autores pouco conhecidos que raramente solidificam uma carreira na dramaturgia, comparecendo apenas por um ano com textos montados. Em geral seus textos são apresentados em espaços alternativos e eles acumulam outras funções como intérpretes ou diretores. Urge que surjam novos dramaturgos que tragam novas experiências, novas linguagens e sangue novo para o teatro brasileiro.

     Completando a pesquisa vale informar que em 2024 a proporção foi de 3,8 autores nacionais para cada estrangeiro, sendo assim de maneira aproximada foi 500, o total de espetáculos de teatro adulto oferecido ao público paulistano em 2024. 


     27/12/2024  




segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

ZESCAR TEATRO 2024

Neste ano atípico passei cerca de quatro meses longe dos palcos paulistanos. 

Quarenta dias viajando pela Europa, dois meses acamado, dez fins de semana viajando pelo interior apresentando minha palestra dentro do projeto Que Fim Levou Carlotinha? e dez dias no Mirada em Santos me deixaram longe do que se fez em São Paulo nos teatros.

Isso resultou em 120 idas a espetáculos ao vivo, número bem menor do que a média dos últimos anos. Mesmo assim acredito ter assistido aos trabalhos mais importantes apresentados na cidade tendo perdido Brás Cubas da Armazém Cia de Teatro e Cabaret, dirigido por Kleber Montanheiro que foram apresentados enquanto eu estava hospitalizado.

Conforme já divulguei no ano passado a banalização dos prêmios que indicam/premiam até o papagaio de louça que faz parte do cenário, decidi que o ZESCAR não é um prêmio virtual; ele é apenas a lista dos melhores, na minha ótica de espectador apaixonado e o RACSEZ é a lista dos piores do ano!

O ZESCAR é minha lista pessoal. Ele leva em conta os espetáculos a que assisti no ano e nada tem a ver com a minha participação em comissões de premiação onde os premiados são eleitos por votação e nem sempre correspondem àqueles que a meu ver são os melhores.

Cada categoria pode ter apenas um ou mais de 20 títulos, o que importa é que o que está ali é aquilo que realmente me impressionou e que considero os melhores do ano.

Foi um ano repleto de interpretações marcantes e bons espetáculos.

Segue minha lista dos melhores (ZESCAR) entre as 108 peças de teatro a que assisti:

ATOR:


- Brian Penido Ross – Tio Vânia

- Chico Carvalho _ Primeiro Hamlet

- Daniel Gonzales – A Mulher Sem Pecado e Outono

- Elcio Nogueira Seixas – Alegria É a Prova dos Nove

- Evandro Santiago – Cão Vadio

- Fabio Enriquez – Dom Casmurro

- Isio Ghelman – Julius Caesar – Vidas Paralelas

- Kiko Mascarenhas – Todas as Coisas Maravilhosas

- Lucas Drummond -Orfãos

- Pedro Conrado – Patrimônio 12.528

- Rodrigo Mercadante – Dom Casmurro

- Tuca Andrada- Let’s  Play That


ATRIZ:


Em um ano de grandes interpretações femininas não há como não destacar o primoroso trabalho de Fernanda Viacava e Nicole Cordery em Exercício das Crianças.

Não custa lembrar que no cinema Fernanda Torres (Ainda Estou Aqui) e Yara de Novaes (Malu) também brilharam com seus trabalhos.

Segue a lista com mais de 20 nomes, todos eles “melhores do ano”!!

- Anna Cecília Junqueira -Tio Vânia

- Carla Salle – Shakespeare Apaixonado

- Carolina Fabri – 21 Passos Para MdEa

- Debora Falabella – Prima Facie

- Fafá Rennó – Shakespeare Apaixonado

- Fernanda D’Umbra – Alegria É a Prova dos Nove.

- Fernanda Viacava e Nicole Cordery – Exercício das Crianças

- Guida Vianna – A Menina Escorrendo dos Olhos da Mãe

- Isabel Teixeira – Jandira

- Jéssica Teixeira – Monga

- Karen Coelho – Hedda Gabler

- Lindsay Castro Lima – Petra

- Luciana Ramanzini – Codinome Daniel

- Mariana Leme – Hedda Gabler

- Mel Lisboa – Rita Lee – Uma Autobiografia Musical

- Miriam Jardim – A Mulher Sem Pecado e Outono

- Noemi Marinho – O Vazio na Mala

- Rafaela Azevedo – King Kong Fran

- Regina França – Alegria é a Prova dos Nove

- Renata Sorrah – Ao Vivo

- Sara Antunes – Dora

- Silvia Buarque - A Menina Escorrendo dos Olhos da Mãe


DRAMATURGIA:

- Bruno Cavalcanti – Exercício das Crianças

- Daniela Pereira de Carvalho – A Menina Escorrendo dos Olhos da Mãe

- Davi Novaes – Dom Casmurro (adaptação)

- Marcio Abreu – Ao Vivo

- Nanna de Castro- O Vazio na Mala

- Sandra Vargas e Luís Miguel Cherubini – Para Mariela 

- Sara Antunes – Dora


DIREÇÃO:


- Adriana Câmara – Traição

- Ana Rosa Tezza – Cão Vadio

- Bruno Perillo – Copo Vazio

- Cesar Ribeiro – Prontuário 12.528

- Claudia Schapira – Corte Seco

- Leonardo Netto – A Menina Escorrendo dos Olhos da Mãe

- Marcio Abreu – Ao Vivo

- Rafael Gomes – Shakespeare Apaixonado

- Sandra Vargas e Luis Miguel Cherubini – Para Mariela


ESPETÁCULO:

- A Menina Escorrendo dos Olhos da Mãe

- Alegria É a Prova dos Nove

- Ao Vivo (Dentro da Cabeça de Alguém)

- Cabaré Coragem

- Cão Vadio

- Codinome Daniel

- Copo Vazio

- Dom Casmurro

- Exercício das Crianças

- O Vazio na Mala

- Órfãos

- Para Mariela

- Prontuário 12.528

- Shakespeare Apaixonado


OUTROS DESTAQUES QUE ENRIQUECERAM OS PALCOS PAULISTANOS EM 2024:


- Aline Santini – Iluminação

- Diego Pallardo – Espaço de Provocação Teatral

- Gregory Slivar – Trilha sonora executada ao vivo

- J.C. Serroni – Cenografia

- Um Cafofo (André Grynwask e Pri Argoud) - Videomaping


ESPETÁCULOS INTERNACIONAIS:

- MITsp – Não acompanhei

- MIRADA – Não teve o brilho das anteriores com poucos espetáculos significativos, mesmo aqueles do país homenageado (Peru).

- Em viagem ao exterior tive o privilégio de assistir a dois excelentes trabalhos:

- Nôtre Vie Dans l’Art no Théâtre du Soleil/Paris

- Hadestown em Londres


PERDIDOS: Também foram muitos!

- A Árvore

- A Filha Perdida

- A Última Entrevista de Marília Gabriela

- Aqui 1.000.000.000.000

- Brás Cubas

- Cabaret

- Clara Nunes

- De Dionísio Para Koré

- Decameron

- Diário de Um Louco

- Donatello

- Esse Maldito Fecho-Éclair

- Hairspray

- Magnolia

- Martinho Coração de Rei

- Não Fossem as Sílabas do Sábado

- Norma

- O Ninho

- O Viajante

- Os Escafandristas

- Parto Pavilhão

- Por Trás das Flores

- Quase Infinito

- Real Politik

- Rei Lear

- Sangue

- Um Grande Encontro

- Um Jaguar Por Noite

- Vedete do Brasil

- Verme


SHOWS, CONCERTOS, ÓPERAS, DANÇA

Foram apenas doze espetáculos: 

- SHOWS (3): Monica Salmaso e André Mehmari - Elis e Tom/Afeto/Jards Macalé

- CONCERTOS (1): Outros Toms (OSESP)

- ÓPERAS (2): Maria de Buenos Aires /La Bohème (Theatro Municipal)

- DANÇA (6): Deborah Colker (Sagração) / Grupo Corpo (reprises) / Crusaders (Espanha no Mirada) / Sadeh 21 (Ópera de Paris)


RESUMO:

TEATRO:  108

SHOW:         3

CONCERTO: 1

ÓPERA:        2

DANÇA:        6

TOTAL:     120


RACSEZ para os piores do ano!



23/12/2024



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domingo, 8 de dezembro de 2024

21 passos Para MdEa

 

     Essa Medeia contemporânea criada por Marcelo Lazzaratto é MdEa, uma mulher sofrida e rejeitada pelo seu companheiro (Se você não me queria/não devia me procurar/não devia me iludir/nem deixar eu me apaixonar) com o qual teve dois filhos. 

     Com sua imensa dor, debruçada na mureta de uma ponte ela tenta, sem sucesso, esquecer desse homem que a rejeitou (Evitar a dor é impossível/evitar esse amor é muito mais/você arruinou a minha vida) e então se vale do mito de Medeia para dar vazão à sua ira. Suas mãos estão cobertas de sangue. Terá já cometido o infanticídio nos moldes do mito? Em cena, ao contrário de seu arquétipo, ela não age, mas só articula ações talvez nunca realizadas.

     Essa personagem angustiada e introspectiva é interpretada com muita contenção por Carolina Fabri. Poucos gestos, quase nenhuma movimentação facial e alteração de voz e ao mesmo tempo quanta emoção provocada em quem assiste.

     O monólogo de Carolina soma-se às grandes interpretações femininas do ano.

     A música de Monsueto (Me Deixa Em Paz) serve como uma luva para o tema da peça com a importante exclusão do “Ora vá mulher, me deixa em paz” dita pelo homem, que dava uma conotação machista à canção. Essa exclusão Milton Nascimento já havia feito na sua versão presente no álbum Clube da Esquina, com uma interpretação antológica de Alaíde Costa, que é aquela presente no espetáculo. 

     E por falar em canção é digna de nota a trilha sonora do espetáculo, assim como a sensível iluminação assinada pelo autor/diretor que pontua e separa os 21 passos que MdEa deve dar até decidir não se jogar da ponte, descer da mesma e talvez encontrar um novo caminho para sua existência.

     Assim o Espaço Elevador fecha com chave de ouro seu trajeto de vinte anos, tendo sido cenário de excelentes espetáculos nos quais, Marcelo e Carol, de uma maneira ou de outra, sempre estiveram presentes.

     A peça fica em cartaz até a próxima semana (15/12) com sessões às sextas às 20h e aos sábados e aos domingos às 19h.

     08/12/2024






sábado, 7 de dezembro de 2024

INDICADOS AO PRÊMIO APCA DE TEATRO ADULTO 2024



As indicações do segundo semestre unem-se àquelas do primeiro semestre para compor a lista da qual sairão os premiados do ano em votação a ser realizada em próxima reunião dos críticos. Na ocasião também serão votados o Prêmio Especial e o Grande Prêmio da Crítica.

ATOR:

. Beto Sargentelli (O Rei do Rock – o Musical)

. Caco Ciocler (A Mulher da Van)

. Giordano Castro (Édipo REC) 

. Isio Ghelman (Julius Caesar - Vidas Paralelas)

. Rodrigo Mercadante (Dom Casmurro)

. Tuca Andrada (Let´s Play That, ou Vamos Brincar Daquilo)


ATRIZ:

. Débora Falabella (Prima Facie) 

. Karen Coelho (Hedda Gabler) 

. Larissa Luz (Torto Arado - o Musical)

. Luciana Ramanzini (Codinome Daniel)

. Mel Lisboa (Rita Lee – Uma Autobiografia Musical)

. Noemi Marinho (O Vazio na Mala)


DRAMATURGIA 

. Liana Ferraz (Não Fossem as Sílabas do Sábado)

. Marcio Abreu (Ao Vivo [Dentro da Cabeça de Alguém])

. Maurício Arruda Mendonça (Brás Cubas)

. Nanna de Castro (O Vazio na Mala)

. Newton Moreno (O Ninho, um recado da raiz)

. Sara Antunes (Dora)


DIREÇÃO

. Ana Rosa Genari Tezza (Cão Vadio)

. Eduardo Tolentino (Tio Vânia) 

. Leonardo Netto (A Menina Escorrendo dos Olhos da Mãe)

. Rodrigo Portella (Ray - Você Não Me Conhece) 

. Tadeu Aguiar (Beetlejuice - O Musical, O Musical, O Musical) 

. Yara de Novaes (Prima Facie) 


ESPETÁCULO 

. Brás Cubas 

. Cabaré Coragem

. Cão Vadio

. Dom Casmurro

. Prima Facie

. Tio Vânia

. Todas As Coisas Maravilhosas


07/12/2024