terça-feira, 28 de agosto de 2012

TEATRO DA CRUELDADE?

      
 O Salão de Baile Elétrico (Foto de divulgação)

     Há três peças em cartaz em São Paulo de autores contemporâneos que poderiam se enquadrar num certo “teatro da crueldade” que nada tem a ver com aquele conceituado por Antonin Artaud. Essas peças tratam de pessoas que agem de uma maneira cruel e violenta com os outros e consigo próprias : O Casal Palavrakis da catalã Angélica Lidell (1966) é de 2004; O Salão de Baile Elétrico da irlandesa Enda Walsh (1967) é de 2005 e finalmente Mormaço do brasileiro Ricardo Inhan (1986) é, ao que parece, produção recente do jovem dramaturgo. Há muita crueldade e violência nas três peças e é uma pena que na maioria delas a direção e/ou o elenco não radicalizem da mesma maneira que os textos que lhe deram origem. As direções de Reginaldo Nascimento (O Casal Palavrakis) e de Cristina Cavalcanti (O Salão de Baile Elétrico) são por demais tímidas diluindo a força dos textos; por outra razão, a mesma  fragilidade aparece em Mormaço que tem uma vigorosa e bela encenação de Zé Henrique de Paula, mas conta com um elenco inexperiente que não consegue traduzir esse mesmo vigor (exceção feita à visceral  composição dos cachorros – excelente exercício de expressão corporal dos três atores -).

O Casal Palavrakis (Foto de divulgação)

     Vale a pena  assistir aos três espetáculos para conhecer os três poderosos textos e seus respectivos autores, a concepção cênica de Mormaço e as brilhantes interpretações de Ângela Barros e Lilian Blanc em O Salão de Baile Elétrico.
Mormaço (Foto de divulgação)


domingo, 26 de agosto de 2012

     A CIA. CASA DA TIA SIRÉ COLOCA UMA RUA SEM SAÍDA NO CENTRO DE SÃO PAULO!
      O delicado texto de Andressa Ferrarezi e Luciano Carvalho conta a trajetória de quatro crianças que habitaram bucólicas ruas de São Paulo e que a especulação imobiliária transformou em shoppings centers e prédios impessoais com varanda gourmet!! Aquelas crianças vivem o seu dia a dia com muita alegria, algumas tristezas e sempre com muita esperança num futuro que quando se presentifica não é tão dourado como o foi nos seus sonhos. A metáfora para o rito de passagem é uma árvore que as crianças plantam, vêm crescer e testemunham a sua derrubada em prol do progresso (!) da cidade. As crianças crescem e de certa maneira também são derrubadas de suas ilusões. A peça não economiza palavrões, comentando também a primeira menstruação de uma das garotas e a descoberta do amor e do contato físico entre o menino e uma das meninas. Essas situações são incomuns, mas muito bem vindas, num espetáculo direcionado ao público infanto-juvenil, que vivencia esses temas no dia a dia, geralmente por vias erradas.

     O texto recebeu uma sensível direção de Daniela Giampietro, tem cenário e adereços de cena simples, mas competentes e conta com a participação na parte musical do talentoso  Juh Vieira do grupo Engenho Teatral. O elenco desempenha muito bem e sem afetação o papel de crianças e, a meu ver, o único senão é o fato de  falarem o texto em volume muito alto o que chega a quebrar o tom delicado do espetáculo. Há uma simpática (e eficiente) participação de um garoto na percussão e em certos trechos da peça.
     RUA FLORADA, SEM SAÍDA. Espetáculo imperdível e gratuito da Cia. Casa da Tia Siré, em cartaz no Teatro de Arena Eugênio Kusnet (Rua Teodoro Baima, 94) aos sábados e domingos às 11 horas até 23 de setembro. PARA GAROTADA DE TODAS AS IDADES!!!