Entre estreias e reestreias, 578
títulos de dramaturgos brasileiros estiveram em cartaz na cidade de São Paulo
em 2013, isto sem considerar os infantis, as stand up comedies e as encenações que não foram veiculadas pela
mídia especializada (guias de cultura e de teatro), situando-se neste último
caso, a maioria dos trabalhos apresentados na periferia da cidade. As
conclusões aqui apresentadas baseiam-se nas fichas técnicas dos espetáculos
constantes nos programas dos mesmos e/ou nas informações contidas nos guias: OFF, Guia
de Teatro, Divirta-se (de O Estado de
São Paulo), Guia Folha (de A Folha de São Paulo) e Veja São Paulo (encarte da revista Veja).
Com 11 títulos, Nelson Rodrigues
continua a ser o autor mais montado, seguido de Ronaldo Ciambroni (7), Mário
Bortolotto (6), Samir Yazbek (6), Plínio Marcos (5), Paulo Faria (5) e Renato
Andrade (4). Vários autores tiveram três peças montadas e a grande maioria
comparece com um título. 56 encenações foram chamadas de criação coletiva e as 522
restantes levam um ou mais nomes como autores, não havendo em sua grande
maioria, a possibilidade de distinguir quantas delas foram criadas a partir de
processo colaborativo.
Apesar da quantidade de dramas
(341) ser muito superior à de comédias (178), são estas as mais longevas em
cartaz. Os títulos apresentados naqueles teatros especializados em espetáculos
puramente comerciais revelam a natureza dos mesmos e a que vieram. Eis alguns
deles:
- Teatro Bibi Ferreira: Quem Ri Por Último É Loira ou
Português/TPM-Tempo Para Mulher/Júnior-A Filha Que Mamãe Sempre Quis.
- Teatro Ruth Escobar: Entre a Pizza e o Motel/O Dia Que Eu Comi a
Pomba Gira/Engolindo Sapo Pra Um Dia Comer Perereca/ A Sogra Que Pedi a Deus.
- Teatro Maria Della Costa: Casal TPM/TPM-Tratamento para Machos/Super
Mulher-A Comédia.
- Teatro Paiol Cultural: Virgem aos 40.com/ O Amante do Meu Marido, o
Fantasma da Minha Sogra/Us Filhos da Guta em Kenga Kamigase (sic).
- Teatro Folha: A Minha Primeira Vez/ Mulheres Solteiras
Procuram/ Meu Ex-Imaginário.
- Teatro Gazeta: Filodaemprego.com/ 100 Dicas Para Arranjar
Namorado/Adão, Eva e Mais Uns Caras.
- Teatro Juca Chaves: Amor, Brigas e Novela das Oito/Vamu Ki
Vamu/Como Monitorar Um Homem.
-
Teatro Brigadeiro: Homens no Divã.
-
Teatro Ressurreição: Pobre ou Rica É Com
Ela Que Ele Fica/Sexo, Etc. e Tal.
As
peças de caráter experimental e dos coletivos que buscam novas linguagens se
apresentaram em espaços alternativos e nos teatros do Sesc.
Apesar
da grande quantidade de títulos de autores brasileiros, foram poucos na opinião
deste articulista, aqueles que atingiram um nível satisfatório. Leve-se em
conta, nesta conclusão, que assisti “apenas” cerca de 80 dos quase 600
espetáculos apresentados:
-
Cais ou Da Indiferença das Embarcações
de Kiko Marques foi o grande texto do ano (apesar de ter estreado no final de
2012). O autor apresenta de maneira poética e muito original a saga de três
gerações de habitantes de Ilha Grande.
-
Jacinta de Newton Moreno, Aderbal
Freire-Filho e Branco Mello (estreou no Rio de Janeiro em 2012). Texto de humor
amargo contando as aventuras e desventuras da pior atriz do mundo, vivida brilhantemente
por Andrea Beltrão.
-
Eu Não Dava Praquilo de Cassio Scapin
e Cássio Junqueira. Brilhante compilação das falas da saudosa Myrian Muniz.
-
Ausência de André Curti e Artur
Ribeiro. Espetáculo sem palavras interpretado por Luís Mello.
-
Operação Trem Bala de Naum Alves de
Souza. Retorno do autor aos palcos após um longo silêncio.
-
A Bala na Agulha de Nanna de Castro.
Após o excelente Novelo (temporada de
2010), a dramaturga volta a surpreender com este exercício de metalinguagem.
-
Morro Como Um País de Fernando Kinas.
Pungente espetáculo da Kiwi Companhia de Teatro sobre regimes opressores.
E
O RESTO É SILÊNCIO...
OBS:
Neste artigo são analisados apenas os espetáculos de autores brasileiros.
Zé, a sua análise é bem interessante. Não assisti nem a metade das peças que você viu, mas todas que você citou são extremamente interessantes, principalmente Cais, Eu Não Dava Praquilo e Ausência. Sabe, ler o seu Blog faz com que as emoções causadas pelo espetáculo permaneçam em mim por mais tempo.
ResponderExcluirFico feliz com seus comentários. Obrigado.
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