quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

CHICA BOA


Foto de Ligiane Braga
 

        Paulo Magalhães parece ter sido um ativo autor de peças teatrais na década de 1940. Segundo o periódico carioca Correio da Manhã, Magalhães estrearia nada menos que seis peças em 1944, entre elas Chica Boa que a Companhia de Procópio Ferreira apresentou em primeira mão no extinto Teatro Santana em São Paulo. Chica Boa fez longa carreira entre várias companhias tendo sido rebatizada de O Solar dos Urubus em 1946 pela Companhia Déa-Cazarré em referência às vestes pretas que a ditadora dona da casa Dona Engrácia obrigava os seus familiares usarem. Com a modernização do teatro a partir do final da década de 1950 a peça caiu no ostracismo e eis que volta ao cartaz nesta segunda década do século XXI pelas mãos de Fernando Neves que vem resgatando textos de circo-teatro da primeira metade do século passado.

        A trama de Chica Boa é simples utilizando-se de tipos característicos (apesar de abrir mão da ingênua e do galã) e tendo situações que se resolvem superficialmente num piscar de olhos; na sua ingenuidade o texto é divertido e tem como objetivo as gargalhadas do público.

        A encenação de Fernando Neves complementa o projeto Baú de Arethuzza que o grupo Os Fofos Encenam apresentou em 2013 e segue as mesmas características daquelas montagens. Aqui os componentes dos Fofos participam apenas na parte técnica deixando a interpretação para alguns dos participantes da Ocupação do Riso ao Choro na Funarte.

        Para este tipo de espetáculo além da perfeita composição dos tipos, é necessário timing preciso dos atores na interpretação e na movimentação (principalmente nas entradas e saídas de cena) fato que nem sempre ocorre na atual montagem, além do que a maioria do elenco não tem a idade adequada para a personagem que representa. Apesar disso o rendimento é bastante satisfatório com destaque para Nereu Afonso como Teodoro, Guto Togniazzolo como Liberato e Juliana Gontijo como Dona Engrácia. A mudança de atitudes de Engrácia ao final do espetáculo poderia ser mais impactante para provocar uma surpresa maior no público.

        A direção de Fernando Neves é ágil e precisa focando sua atenção da atuação e movimentação dos atores. A trilha sonora selecionada por Fernando Esteves é deliciosa e ilustra bastante bem as situações da peça.

        Chica Boa é um bom espetáculo para quem quer esquecer por algumas horas as perspectivas sombrias que circundam este país sem água, sem luz e sem direção.

        VIVA O TEATRO que nos permite esses breves momentos!

        A peça está em cartaz somente até 22 de fevereiro na Sala Carlos Miranda da Funarte de quinta a sábado às 19h e aos domingos às 18h. O ingresso é gratuito. Chegue cedo para garantir o seu!

11/02/2015

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