quarta-feira, 7 de setembro de 2016

O GRANDE SUCESSO



        Um grupo de figurantes aguarda na coxia do teatro a sua hora de entrar em cena, ora como coelhos, ora como ursos, ora com uma gaiola na cabeça e ainda com outras tantas fantasias. Vivem de pequenos cachês (que nem sempre são pagos) e sonham com seu dia de glória, sonhos estes que se realizam de forma mais que efêmera quando entram em cena atrás dos atores principais para agradecer os aplausos que, obviamente, é dirigido para as estrelas.
        A peça é um entra e sai desses figurantes com os mais variados disfarces. Quando eles saem da cena a que nós ,o público, estamos assistindo (o cenário é a coxia do teatro), eles estão entrando na cena que ocorre no teatro (para nós, a coxia do palco do Teatro Vivo). O musical é um suceder de cenas (todas ótimas) acompanhadas de músicas criadas e interpretadas pelos vários elementos do grupo. O texto de Diego Fortes é excelente exercício de metateatro que discute o fazer teatral, a fabricação das celebridades e o papel do ator figurante que busca seu momento de fazer sucesso, algo que, para a maioria, nunca acontece. A peça procura refletir sobre o sentido do teatro e da própria vida. Em certo momento um dos atores conta a outro que sonhou com deus (que era do sexo feminino, por que não?) e lhe perguntou qual o sentido da vida.
        - Começa, acontecem algumas coisas e acaba... Responde deus.
        - Como no teatro? Pergunta o interlocutor.
        - É... Como no teatro! Responde o ator.
        A direção do próprio autor é bastante dinâmica e não tem pontos mortos.


        O elenco (boa parte dele oriundo de Curitiba) é ótimo e, ao contrário da trama, cada ator tem seu grande momento. Rafael Camargo, com sua bela dicção, brilha em todas as suas intervenções; Marco Bravo também tem excelentes momentos; Alexandre Nero, interpretando e cantando, está bastante à vontade em cena sem nenhum sinal de estrelismo que a presença na Globo poderia ter lhe conferido; Fernanda Fuchs tem duas ótimas cenas: aquela em que ensaia um texto e é interrompida várias vezes pelo ex-companheiro e a outra quando tenta dialogar com o grande astro da peça que ela supõe estar se trocando atrás de um biombo; Eliezer Vander Brock tem bom tempo de comédia e faz rir com suas entradas como surfista; completam o elenco o músico Fabio Cardoso e as atrizes/instrumentistas Carol Panesi e Edith de Camargo.
        Irresistível para quem faz teatro e muito atraente para o público em geral, O GRANDE SUCESSO está em cartaz no Teatro Vivo às sextas (21h30), sábados (21h) e domingos (18h) até 18/10.

07/09/2016

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