MEMÓRIA DO TEATRO PAULISTANO/OS RAPAZES DA BANDA 1970
Em 1970 estreava no
antigo Teatro Cacilda Becker localizado na Avenida Brigadeiro Luís
Antônio Os Rapazes da Banda, peça do dramaturgo norte americano Mart
Crowley (1935-2020). O fato de ser produzida sob a chancela de um casal de
prestígio e notadamente heterossexual (Eva Wilma e John Herbert) colaborou para
que a peça tivesse ampla aceitação pelo público e não provocasse maiores
escândalos mesmo ao tratar de assunto ousado para a época: reunião de
homossexuais onde o anfitrião presenteia o amigo aniversariante com um garoto
de programa. O elenco reunia nomes importantes de nosso teatro como Walmor
Chagas/Michael, Otávio Augusto/Donald, Benedito Corsi/David-Emery, Denis
Carvalho/Arthur-Hank, Roberto Maya/Douglas-Larry, Bene Silva/Bernard, John
Herbert/Allan, Paulo Adário/Cowboy e Paulo César Pereio/Harold e a direção era
de Maurice Vaneau, encenador e coreógrafo belga de muito prestígio na época.
O que a memória me
traz depois de tanto tempo é que se tratava de uma comédia com alguns
estereótipos do universo gay, bastante inofensiva e leve, apesar do final
dramático e discutível onde Michael lamentava-se de sua solidão por ser
homossexual (!).
A peça havia estreado
dois anos antes em Nova York e virou filme dirigido por William Friedkin em
1970 sempre com muito sucesso. Em 2018 a peça foi remontada na Broadway e depois
se tornou filme dirigido por Joe Mantello.
Os tempos mudaram, muitos armários se escancararam, movimentos surgiram, mas permanecem o preconceito e a violência com aqueles que fogem aos valores estabelecidos por uma sociedade hipócrita e conservadora.
THE BOYS IN THE BAND
– OS GAROTOS DA BANDA
2023
No
dia 31/10/2023 Ricardo Grasson dirigiu e estreou no Teatro Procópio
Ferreira uma nova montagem da peça, a qual assisti na estreia com muitas
ressalvas pessoais a parte do elenco e ao ritmo arrastado da festa de Harold.
Exatos
três meses após, voltei a assistir à montagem com uma banda bem mais afinada/azeitada
que conduz a peça em ritmo excelente. Foi para mim um outro e muito melhor
espetáculo.
Muito bem-vindas as entradas na banda de Robson Catalunha/Larry, Fabrício Pietro/Hank (apesar que Otávio Martins também estava bem), Heitor Garcia (apesar que Leonardo Miggiorin também estava bem), Julio Oliveira/Emory, Gabriel Santana/Cowboy (excelente!) e Edgar Cardoso/Harold. Caio Paduan que estava extremamente artificial na estreia como Allan, o hetero convicto, agora atinge um perfeito equilíbrio na composição da personagem. Tiago Barbosa/Bernard e Mateus Ribeiro/Michael continuam ótimos como antes.
A peça termina a
temporada nesta sexta feira, dia 03, mas é bem provável que volte ao cartaz no
Teatro do Shopping Frei Caneca.
Que se mantenha a afinada banda atual!!!
02/02/2024
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