“Naquela mesa tá
faltando ele
E a saudade dele tá
doendo em mim”
(Sergio Bittencourt)
“Queda da baleia" (ou whale fall) é o termo usado para o fenômeno em que o corpo de uma baleia morta afunda e se torna um ecossistema complexo e sustentável no fundo do oceano, alimentando diversas espécies por décadas”
Com a morte do pai em 2022, Bruna
Longo passou a enxergar a finitude de frente, a questionar como ela acontece
materialmente e como se realizam os ritos fúnebres em diversas culturas e até
entre os animais. Tudo isso para elaborar o luto.
Foi uma pesquisa profunda (como atesta
a bibliografia constante do programa bastante informativo) e, segundo ela,
bastante dolorosa chegando a afetar a sua saúde mental até o momento em que deu
vazão a todo esse material por meio do teatro que é seu meio de expressão,
resultando nesse denso e belo trabalho e que lhe trouxe a paz interior de
volta.
Bruna Longo é dona de uma potente voz e tem no
seu corpo poderosa ferramenta para expressar os mais diversos sentimentos e é
visceral em certos momentos como aquele em que descreve em detalhes o processo
de decomposição de um corpo morto. Interpretação corajosa que se inscreve entre
as melhores deste ano pródigo em excelentes trabalhos.
Essa peça, um ritual fúnebre, é
apresentada na capela do Cemitério Redentor para apenas vinte pessoas que
compartilham com a atriz o velório de Bruna Longo, personagem que é sósia/xará
da atriz Bruna Longo e que faleceu exatamente no dia da apresentação.
Belo jogo teatral capitaneado pela incrível
Bruna na interpretação, na direção, na dramaturgia, na cenografia e nos
figurinos, auxiliada na direção por Vitor Julian.
E é assim:
Assim como a carcaça das baleias, a
herança cultural deixada por pensadores, intelectuais, amigos e familiares
alimenta as almas dos que ainda estão por aqui por muito tempo.
Um espetáculo que emociona e faz
pensar.
Saiu de cartaz no dia 27/10, mas deve voltar no início do ano. Fique alerta para não perder.
28/10/2025


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