terça-feira, 28 de março de 2017

NÃO SOMOS AMIGAS

   

        “Inimigas íntimas”, poderia ser outro título da “peça enigma” de Michelle Ferreira recém-estreada no Espaço Beta do Sesc Consolação. Quem são aquelas mulheres se duelando verbalmente? Qual a relação entre elas? A trama bem engendrada conduz o espectador por caminhos sinuosos fazendo-o ficar em suspense na ponta da poltrona durante toda a hora que dura a peça. Os diálogos ágeis e cortantes de amor e ódio entre as personagens são mais um mérito do texto da autora. Escrevendo mais sobre a história corre-se o risco de estragar o prazer do espectador com o surpreendente final.
        Para completar o time feminino, a direção também coube a uma mulher (Maria Maya) notando-se pouquíssima participação masculina na ficha técnica. É o universo feminino muito bem representado na cenografia (Amanda Vieira), nos figurinos que têm papel importante nos detalhes da história (Tatiana Brescia/Danielle Tereza), na luz (Aline Santini) e na sonoplastia (Aline Meyer). Como se nota, pouco sobrou para o assim chamado sexo forte.
        Sabiamente a encenadora concentrou seu foco na direção das duas atrizes Lulu Pavarin e Sabrina Greve, ambas em momento iluminado de suas importantes carreiras. Sabrina tem cenas magníficas como a mulher fragilizada fisicamente, mas dotada de energia e ódio que beiram o insuportável (o movimento de suas mãos frágeis e deficientes pode se inscrever em qualquer antologia de gestus teatral). Lulu faz o contraponto com muita garra sendo dona de domínio cênico raro em nossos palcos. Torna-se imperdível para quem aprecia teatro assistir ao trabalho visceral dessas duas excelentes atrizes.
        Para completar o time feminino só faltou a visão do espetáculo de uma espectadora que com certeza seria muito distinta desta que escrevo.
        NÃO SOMOS AMIGAS fica em cartaz apenas até 18/04 no Sesc Consolação às segundas e terças às 20h. Mulheres e homens não devem perder!

28/03/2017

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