Ontem
dediquei o dia a relembrar um dos momentos mais tenebrosos da nossa história
recente: a promulgação do ato institucional número 5 pelo General Costa Silva,
então presidente da ditadura que nos foi imposta pelo golpe civil-militar de
abril de 1964. É de conhecimento geral os verdadeiros anos de terror provocados
pela aplicação de tal ato e os dois eventos a que assisti tratam de sinalizar a
ato em si e suas consequências. Uma exposição e uma peça de teatro que se
complementam e que curiosamente foram idealizadas e realizadas em separado.
Organizadas por dois visionários, dois Paulos de sobrenomes muito parecidos
Miyada (exposição) e Maeda (peça), os dois acontecimentos são de suma
importância para o momento que estamos vivendo, momento esse que dependendo do
resultado das eleições dp próximo domingo pode fazer reviver os anos de terror
da ditadura instalada no Brasil por 20 anos (1964-1985).
AI-5
50 ANOS – Ainda não terminou de acabar é a exposição em cartaz no
Instituto Tomie Ohtake até o próximo dia 04 de novembro. Por meio de documentos
e de obras de arte (cinema, teatro, artes plásticas) realizadas no período
testemunhamos as barbaridades ocorridas como tortura, desaparecimento e morte
de opositores do regime, assim como, a censura imposta aos artistas que
corajosamente tentavam denunciar o que estava acontecendo. A lista dos artistas
participantes da exposição inclui cerca de 100 nomes.
AI-5
- Reconstituição Cênica da Reunião do Conselho de Segurança Nacional de 13 de
dezembro de 1968. Com esse
longo título Paulo Maeda coloca no palco os integrantes de tal reunião que sob
a liderança de Costa e Silva aprovaram o ato. Trata-se de poderoso exemplo de
Teatro Documentário que estarrece o mais preparado espectador. Sim, nossos
brasileiros são capazes disso, me obrigando a discordar do conceito de “homem
cordial” do Mestre Sérgio Buarque de Holanda. Com o intuito de amenizar a
aridez do texto e torná-lo mais atual o encenador permite a introdução de cacos
e brincadeiras relativas ao presente durante os discursos dos ministros, fato
que enfraquece a proposta, uma vez que não é preciso nada mais que o próprio
texto para mostrar como estamos infelizmente, próximos daquela realidade, haja
vista os discursos de Costa e Silva e de Médici, que são ditos tal como
ocorreram. A figura do vice-presidente Pedro Aleixo, único opositor do ato, é
mostrada de forma patética e muito bem representada pelo ator Paulo Goya. A
ficha técnica apresentada no mini programa da peça não mostra a relação
ator/personagem, mas cabe destacar o trabalho do ator que representa Costa e
Silva.
LEMBRAR
É RESISTIR. É importantíssimo que jovens vejam a exposição e a peça e conheçam
um pouco desse lado escuro da nossa história e que os mais velhos relembrem
como foi duro viver naqueles anos de chumbo. QUE A HISTÓRIA NÃO SE REPITA! E
para tal me vem à memória o nome de uma música do Ivan Lins: DEPENDE DE NÓS!
AI-5 50 ANOS – Ainda não terminou de acabar
é a exposição em cartaz no Instituto Tomie Ohtake até o próximo dia 04 de novembro
de terça a domingo das 11h às 20h. Ingressos grátis.
AI-5 - Reconstituição Cênica da Reunião do
Conselho de Segurança Nacional de 13 de dezembro de 1968. Cartaz do Casarão
do Belvedere toda terça feira às 20h30 até dezembro de 2018. Pague quanto puder.
Obs:
O dia 13 de dezembro de 2018, data oficial do aniversário de 50 anos do AI-5
cai em uma quinta feira e seria uma data politicamente excelente para a
apresentação do espetáculo. Fica a sugestão.
24/10/2018
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