Eduardo Tolentino, além da
incontestável excelência como encenador e líder do Grupo TAPA desde sua
fundação há 41 anos, é um verdadeiro caçador de tesouros. Graças a ele tivemos acesso,
entre outras, às peças de Jean Tardieu e às peças curtas de Pirandello. Além disso,
sua apurada escolha de repertório nos trouxe clássicos da dramaturgia nacional
e internacional em mais de 70 títulos sempre apresentados com extremo
profissionalismo.
Em tempos de pandemia Tolentino foi em
busca de textos que teriam bons resultados para montagens virtuais: peças
curtas com poucos personagens e que não requeressem grandes aparatos cênicos e
novamente está nos trazendo algumas joias.
Tivemos contato com Encontro no Bar,
texto esquecido do também pouco lembrado Bráulio Pedroso, que permitiu
deliciosas interpretações de Clara Carvalho, Brian Penido Ross e Guilherme
Sant’Anna.
Seguiu-se o curioso Diálogo Com os
Personagens, monólogo tipicamente pirandelliano onde o dramaturgo
interpretado por Brian Penido Ross conversa com os personagens que está
criando, principalmente, aqueles da peça Assim É, Se Lhe Parece. Pura
delícia!
O texto de Cecé, também de
Pirandello, carece de maior profundidade, mas rendeu belos trabalhos de André
Garolli, Antoniela Canto e Riba Carlovich.
Outro grande momento dessa mostra
virtual do TAPA foi Uma Aventura Parisiense de Guy de Maupassant com
Denise Weinberg em estado de graça narrando as aventuras de uma provinciana
francesa quando em visita a Paris.
Agora foi a vez de A Penteadeira
onde Tolentino fez harmoniosa junção de três autores, seis personagens, uma
atriz e um ator em torno de penteadeiras parisiense, vienense e carioca. Um
narrador costura as três peças curtas de forma deliciosa.
Guy de Maupassant comparece mais uma
vez com No Quarto de Dormir, uma crítica mordaz à aristocracia
francesa do início do século 20 (a cena fez parte da montagem Contos de
Sedução de 2002).
Depois é a vez do olhar frio e
cirúrgico de Arthur Schnitzler (autor do livro História de Um Sonho que
deu origem ao filme De Olhos Bem Fechados de Stanley Kubrick) em Joias,
que trata de um casal onde o homem tem ciúmes doentios da mulher.
Para a terceira parte Tolentino foi
buscar no Rio de Janeiro do começo do século passado uma peça de João do Rio
intitulada Pena Ser Só Ladrão onde um gatuno invade o muquifo de uma
prostituta para roubar e ela, a princípio apavorada, acaba gostando da ideia (a
situação remete a Fala Baixo, Senão Eu Grito, grande sucesso de 1969,
escrito por Leilah Assumpção e com interpretação inesquecível de Marília Pêra).
Camila Czerkes (linda e charmosa com
seus longos cabelos loiros) e Bruno Barchesi (classudo e também charmoso) dão
conta com muita versatilidade dos três personagens que cada um tem que defender
iniciando com a leviandade parisiense, passando pela quase tragédia vienense e
chegando à malemolência carioca.
Ariel Cannal faz a amarração das três
peças de maneira informal e espirituosa.
As peças se passam em três ambientes
diferentes do Teatro Aliança Francesa - local de onde foram transmitidas - sempre
com a presença de uma penteadeira.
E tudo indica que na próxima semana (sábado, dia 05/12, às 19h) haverá outro grande momento na mostra do Grupo TAPA: a grande Walderez de Barros interpreta As Portas da Noite de Jacques Prévert, espetáculo que o TAPA realizou com grande sucesso em 1992 e que retorna de forma virtual.
Em tempo: Vários espetáculos do TAPA estão registrados em vídeo e os DVDs podem ser adquiridos na loja do grupo pelo site grupotapa.com.br
30/11/2020
Parabéns, Cetra...boas palavras....
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