O puma é um animal arredio,
predador e solitário, em tudo parecido com o personagem criado pelo dramaturgo
Sergio Mello que parece ter saído de uma obra do escritor austríaco Thomas
Bernhard (1931-1989).
Sabe-se muito pouco
sobre o passado desse homem tenso que não deixa pedra sobre pedra em seu
discurso de revolta contra os parentes e contra o mundo que parece não terem
entendido seus pendores literários. Ele não consegue ficar parado, nem sequer ficar
sentado em uma cadeira, durante o tempo que esbraveja contra tudo e todos.
O sempre talentoso Ricardo
Gelli transmite essa inquietude desde os primeiros momentos da peça, só parecendo
se acalmar quando pinta o quadro de uma mulher que deve ter sido a sua
companheira.
Em um cenário
entulhado de livros e de páginas soltas de livros belamente iluminado pela luz
de Caetano Vilela o personagem destila seu ódio, convivendo de maneira nada
cordial com o pai e com o filho.
A dramaturgia de
Sergio Mello é um pouco caótica, parecendo imitar o estado do seu personagem e
isso pode, segundo este espectador, dificultar a compreensão de alguns trechos
da trama.
Alexandre Reinecke
dirige o espetáculo de maneira discreta focando sua atenção na interpretação
visceral de Gelli que também é responsável pelo cenário.
PUMA está em cartaz
na Oficina Cultural Oswald de Andrade de 19/01 a 26/02 às segundas e sextas às
19h30 e aos sábados às 18h. Ingressos gratuitos.
27/01/2024
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