1984
No início dos anos
1980 Rainer Fassbinder tinha falecido a pouco (1982), mas ainda estava em voga
com seus filmes e com suas peças teatrais; além disso, o assunto
homossexualismo feminino começava a ser mais presente nas discussões.
Nada mais oportuno de que nossos produtores (Teatro
dos 4) escolhessem um texto desse autor que tratasse desse assunto para a
sua próxima montagem e a escolha recaiu em As Lágrimas Amargas de Petra von Kant
em uma montagem em grande estilo dirigido por Celso Nunes tendo nos principais
papeis Fernanda Montenegro como Petra, Renata Sorrah (Karin.a amante) e Juliana
Carneiro da Cunha (Marlene, a empregada muda).
A peça estreou no Rio
de Janeiro e depois veio para São Paulo causando comoção e tendo enorme sucesso
por onde passasse.
Por mais sucesso e
prêmios recebidos por Fernanda e Renata, quem brilhou nesse espetáculo foi
Juliana revelando todas sensações do seu personagem apenas com sua magnífica expressão
corporal. Na saída do teatro e nas críticas teatrais só se enfatizava sua extraordinária
performance eclipsando as interpretações das atrizes principais.
2001
A peça foi montada
novamente em São Paulo dirigida por Ticiana Studart com Denise Weimberg,
Deborah Sdecco e Miwa Yanagizawa, sem maior repercussão tanto na crítica como
no público,
2024
Marlene continua
sendo a maior atração de todas encenações dessa peça
A montagem tem Bete
Coelho e Luiza Curvo nos papeis de Petra e Karen. A ágil encenação também de Bete
em parceria com Gabriel Fernandes conta com belo cenário de Daniela Thomas e
Felipe Tassara envolvido em espelhos com poucos adereços manipulados em cena e
luz desenhada por Beto Bruel. A destacar a cena da dança de Petra com a assistente
e aquela da revolta de Petra com a amiga e as parentes que remete a cena típica
de filme do Almodóvar
O
visagismo e o penteado (Claus Borges) enfeiam sobremaneira Bete Coelho
chegando, a meu ver, a comprometer sua atuação que adquire um tom caricatural.
Luiza Curvo defende a sensual e aproveitadora Karen com dignidade. Também as
outras atrizes têm boa atuação em pequenas participações (Clarissa Kiste,
Renata Melo, Miranda Diamant Frias) assim como a cantora/atriz Lais Lacôrte em
bonitas e sensuais intervenções musicais acompanhada ao piano.
Mas
os melhores momentos do espetáculo ficam nas mãos, ou melhor, no corpo de Lindsay
Castro Lima como Marlene, a servil assistente de Petra. Contrariando aquele de
Petra o seu penteado bastante curto é o ideal para seu personagem, assim como
seu figurino sóbrio em contraste com aqueles luxuosos das outras personagens
(figurinos por Renata Correa). Com seu andar marcado e um impressionante
controle da expressão corporal Lindsay faz as vezes da contrarregragem, assim
como comenta todas ações e sensações de Petra com sua também incrível expressão
facial. Trata-se de uma performance mais uma vez digna de atenção e de muitos
prêmios. Sem desmerecer o restante da ficha técnica, a interpretação de Lindsay
como Marlene é a melhor atração deste espetáculo. NÃO DEIXE DE VÊ-LA!
PETRA
está em cartaz no Teatro Cacilda Becker até 07 de agosto de quarta a sábado às
21h e domingos às 19h.
Produção
da Cia. BR116-teatrofilme
14/07/2024
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