Eu nunca me autodenominei crítico; afirmava
e ainda afirmo que sou um espectador apaixonado que assiste teatro desde 1964
com muita paixão, perfazendo um total de 4.930 espetáculos teatrais completados
na noite de ontem com “Chatô” no Teatro Liberdade. A peça de número 5000 deverá
ocorrer no segundo semestre e será alvo de comemoração.
Sempre escrevi sobra minhas impressões
sobre os espetáculos a que assistia e depois do mestrado em artes cênicas e a
criação de um blog comecei a publicar aqueles escritos sobre os espetáculos que
me diziam algo, calando sobre aqueles que em minha opinião não estavam bem
realizados. Essa posição, que defendo até hoje, leva em conta que a maioria
daqueles que não me agradaram são resultado de sangue, suor e lágrimas de
grupos esforçados.
Quando me criticam que eu só falo
bem dos espetáculos que escrevo, as pessoas não entendem que eu
só escrevo sobre os espetáculos que me fazem bem, que me dizem algo,
me deslumbram e me tiram do chão.
Outra crítica que recebo é que minhas
matérias são curtas e superficiais não fazendo críticas sobre este ou outro
ponto que poderiam contribuir para a melhora do espetáculo. Não tenho essa
pretensão nem me considero um teórico do calibre de Décio de Almeida Prado e
Sábato Magaldi, dois grandes críticos nunca igualados.
Minhas matérias/impressões são um
exercício de amor pelo bom teatro e têm a modesta pretensão de colaborar para
uma vida mais longa para uma arte que se extingue quando as luzes se apagam
após a última apresentação do espetáculo, colaborando assim para a preservação
da tão desprezada memória do teatro brasileiro.
Ao tomar contato com as denúncias de
Marcelo Marcus Fonseca e Kil Abreu sobre a conduta indevida de certos críticos
e também ao ler aquilo que o demolidor Chico Carvalho escreveu no Facebook: “Eu
acho sensacional que se pague "críticos-blogueiros" para assistir aos
espetáculos de teatro e tecer críticas”, enfatizando o pejorativo ao colocar
críticos blogueiros entre aspas.
Depois disso tudo chego a pensar:
- O que estou fazendo aqui?
- Qual o meu papel e qual a
importância da minha escrita para o engrandecimento do teatro?
- No que estou contribuindo para a
preservação da memória do teatro?
- Como a classe teatral enxerga o meu
trabalho? E o público espectador?
- Vale a pena esse esforço de assistir de quatro a cinco espetáculos por semana e depois escrever sobre eles?
Se a maioria dessas questões tem
resposta negativa, o melhor a fazer é aquilo que Décio de Almeida Prado fez
após os artistas devolverem o prêmio Saci para O Estado de S. Paulo.
21/07/2025
Caro José Cetra, há alguns anos, como já conversei com vc, venho também escrevendo sobre espetáculos e sobre teatro em geral. Também não me considero crítico, por achar uma expressão antipatica é que já denuncia algo negativo, mas sim Observador Teatro. Fui aluno de Sabato Magaldi, que sempre me incentivou a escrever e, segundo seus ensinamentos, quando vejo um espetáculo analiso todos os pontos que acho que poderia melhorar, como professor e pesquisador de teatro, e enalteço o que me agrada e, acredito, agradará ao público.
ResponderExcluirNão estou a par do que o Marcelo falou, mas credito que o papel da “crítica” anda muito deturpado e mal interpretado. Muitos artistas, infelizmente, não aceitam alguma observação que tem o objetivo de provocar um questionamento que possa resultar na melhora do seu trabalho. Cheguei até a repensar em não continuar escrever quando alguns artistas (apenas eles) entenderam erroneamente que falava mal de sua atuação, não os elogiava, mas apontava pontos em que deveriam melhorar. Por outro lado, muitos outros amigos da classe teatral continuam me estimulando, além de outros amigos, e que gostam de meus textos e para eles eu os envio.
Sou um apaixonado pelo Teatro e acho que, infelizmente, ele vem sendo banalizado, e pouco valorizado, sendo um instrumento de transformação para o artista e, para o público, se bem realizado.
Sempre haverá aqueles que só querem elogios, mesmo que mentirosos, mas acho que , como na vida, temos que escutar as opiniões e filtra-las, para levarmos ou não a sério.
Continue seu belo trabalho meu amigo!