sábado, 11 de julho de 2015

AS ESTRELAS SÃO PARA SEMPRE?


 


        Dotado de grande expectativa após ter me surpreendido e me deliciado com o espetáculo anterior do Grupo Katharsis Teatro de Sorocaba (Astros, Patas e Bananas) me dirigi ontem ao Teatro Sérgio Cardoso para assistir a As Estrelas São Para Sempre?. A estrutura dramatúrgica, assim como, o conteúdo poético do novo espetáculo me pareceram inferiores àqueles do anterior uma vez que os quadros são mais soltos e menos alinhavados, mas o resultado final é muito bonito e também surpreendente.
 

        Quatro atores e dois músicos totalmente integrados à ação se encarregam de dar vida às inúmeras personagens que transitam pelo palco mostrando em cerca de uma hora a trajetória do homem da infância à velhice. Do elenco afinadíssimo há que se destacar a presença de Andréia Nhur; dotada de extrema versatilidade cênica (canta, dança, interpreta, toca instrumentos) ela é responsável por momentos do espetáculo que beiram o sublime: a metamorfose de uma linda jovem em um bebê logo no início da peça, a locutora que vira estátua e aquela cena que para mim pode fazer parte de qualquer antologia de interpretações femininas quando uma jovem começa a declamar o lindo texto de Violeta Parra Gracias a la Vida e vai envelhecendo ali na frente do espectador que a esta altura está suspenso com os pés fora do chão.
 

        Como bem definiu o Professor Alexandre Mate os espetáculos do Grupo Katharsis têm uma “impressionante narrativa rapsódico-babilônica”. Essa narrativa tão particular não faz uso da palavra da maneira tradicional, os textos são falados em várias línguas e o não entendimento dos mesmos não impedem que se compreenda e se sinta o espetáculo.

        Na noite em que assisti ao espetáculo parte da plateia acompanhou grande parte do mesmo às gargalhadas, fato que contribuiu para que eu não fruísse totalmente a encenação, visto que a poética da mesma desperta, no meu entender, sorrisos e não gargalhadas. Mas teatro é isso e o resultado de uma apresentação será para sempre o resultado da ação que se passa no palco com a reação do público na plateia. Por isso não reclame espectador rabugento!

        Assistir a As Estrelas São Para Sempre? é tomar conhecimento do trabalho de um grupo coerente que faz trabalho muito sério de pesquisa dramatúrgica (tanto textual como cênica), surpreender-se com  a performance de uma grande atriz (Andréia Nhur) e, principalmente, se deliciar com a poesia e a beleza da encenação.

        As Estrelas São Para Sempre? está em cartaz na Sala Paschoal Carlos Magno do Teatro Sérgio Cardoso de 10 a 26 de julho de sexta a domingo sempre às 20h. NÃO DÁ PARA PERDER!!

 

11/07/2015

 


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