O TEATRO INFANTIL VAI MUITO BEM, OBRIGADO
Quando
eu era criança havia muito poucos espetáculos feitos especialmente para o
público infantil. Meus pais tentavam preencher essa lacuna contentando-se em
nos levar a shows de mágica ou de
patinação no gelo (Holyday on Ice).
Íamos também ao circo, onde além dos números tipicamente circenses (acrobacias,
malabarismo e palhaços), se podia assistir a peças de circo teatro, nem sempre
interessantes e adequadas para um pequeno de cinco anos.
Há
cerca de 35 anos voltei a assistir a espetáculos infantis para levar minha
filha Mariana. Na maioria das vezes eram apresentações constrangedoramente
fracas, quer no conteúdo (mensagens edificantes), quer na forma (produções
baratas e mal feitas), tratando as crianças como débeis mentais.
Agora
volto a frequentar o teatro infantil para levar minha netinha Laura que está
com três anos e meio e é surpreendente a qualidade das montagens: dramaturgias
bem elaboradas e traduções cênicas que acompanham o seu nível de qualidade, pensando
no ser inteligente que está sentado na plateia, seja criança ou adulto. Os
cuidados da produção aparecem nos cenários, trilha sonora, iluminação e nos
atores muito bem preparados tanto na interpretação como na interação com a
criançada.
Restrinjo-me
apenas aos trabalhos que assisti este ano para exemplificar o que escrevo
acima: A Gaiola (texto de Adriana
Falcão e direção de Duda Maia), A
Princesinha Medrosa (texto de Carolina Moreyra e direção de Kiko Marques), Kazuki e a Misteriosa Naomi (de Marcus
Cardeliquio e direção de Heitor Goldflus) e agora O Dragão de Fogo (de Cássio Pires e direção de Marcelo Lazzaratto).
Todos excelentes.
Cássio
Pires baseou-se em conto japonês para contar a história do garoto Shun-Li que
deve enfrentar perigoso dragão que está ameaçando a sua aldeia.
O Dragão de Fogo usa pouquíssimos
adereços cênicos (leques, lanterna, papel e uma bandeira) e palco nu apenas com
grande tapete branco, além dos sugestivos figurinos de Fauze Haten. Lazzaratto
aposta na imaginação do público contando com isso com a excelência do trio de
atores. Esio Magalhães com sua arte de palhaço interpreta várias personagens atingindo
o auge quando faz o rato Shun-Lé (Laura, literalmente, rolou de rir na
poltrona). Eduardo Okamoto exibe sua sofisticada expressão corporal saindo-se
muito bem em sua primeira incursão no teatro infantil. A surpreendente Luciana
Mizutani exibe sua versatilidade tanto na delicada (e louca!) borboleta como no
vigoroso e ameaçador dragão.
Uma
criança que assiste a espetáculo desse nível que trata o amor como a coisa mais
forte do mundo e que comenta de maneira sutil que é preciso estar atento e
forte porque o perigo está sempre à nossa porta só pode sair fortalecida do
teatro, além de querer continuar a ir ao teatro. Quer formação de público mais eficiente?
A
peça saiu do cartaz do Teatro Anchieta no sábado, dia 01/07, mas deve cumprir
nova temporada no Teatro Cacilda Becker. Atentos, pois!
02/07/2017
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