sábado, 23 de setembro de 2017

PEDRAS AZUIS


        Pedras Azuis (nome fictício?) é um vilarejo situado no sertão nordestino que leva esse nome, pois surgiu quando sertanejos vieram explorar a terra que continha preciosa pedra azul. “As pedras acabaram, mas os habitantes e os problemas ficaram”, revela uma das personagens da peça homônima. O vilarejo sofre com a seca e Antero, um dos habitantes, sobrevive transportando água de local distante cerca de 200 km com seu carro pipa. Antero é casado com Diana, mulher submissa, portadora de defeito físico e, segundo ele, “atrasadinha no raciocínio”. Acontece que o governo resolve trazer um caminhão pipa mais moderno, fato que inviabilizará o sustento da família. Aí começam os problemas de Antero e também a ação da peça escrita e dirigida por Márcio Mecena ora em  cartaz na cidade.
        O texto bem estruturado e escrito nos padrões da dramaturgia tradicional conta uma história com começo, meio e um fim que é deduzido pelo espectador, mas não explicitado em cena. A peça traz para o sertão brasileiro trama inspirada em 27 Carros de Algodão de Tennessee Williams, mas tem, ao meu modo de ver, uma grande diferença no comportamento da protagonista Diana, em relação à Flora da peça de Williams.  A direção do próprio autor tem grande apoio no simples, mas bastante funcional cenário, este, por sua vez, inundado pela bela iluminação de Cesar Pivetti e Vânia Jaconis. A trilha sonora escolhida por Felipe Roseno e Frederico Puppi com canções de prévio conhecimento encaixa-se perfeitamente ao ambiente da peça.
        Neto Mahnic, apesar de seu aspecto sulino, encarna com muita propriedade o nordestino Antero e Annelise Medeiros comove com a perplexidade e aparente fragilidade de Diana não esquecendo em nenhum momento de exteriorizar o defeito físico da personagem. Emanuel Sá completa o elenco como Lívio, o homem “civilizado” que veio esclarecer o acidente ocorrido na cidade.
        Pedras Azuis é espetáculo que deve ser prestigiado por contar uma boa história, com bons intérpretes e por denunciar os abusos e violências sofridos pela mulher neste mundo de meu Deus.
        PEDRAS AZUIS está em cartaz no Viga Espaço Cênico às quartas e quintas às 21h até 16/10/2017.

23/09/2017

        

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