O
novo texto de Samir Yazbek, que está comemorando 30 anos de profissão
dramaturgo, traz uma série de referências devidamente creditadas pelo próprio
autor no programa da peça: o título é igual ao da memorável montagem do Mestre
Antunes Filho de 1981 que abrigava quatro peças de Nelson Rodrigues e este é
outra referência do autor, que se utiliza do recurso dramatúrgico-cênico dos
três planos (realidade, memória, imaginação) de Vestido de Noiva para
demonstrar os conflitos do protagonista (um ator em crise existencial e
profissional) com a mãe (memória), o primeiro diretor (imaginação) e a namorada
e o amigo produtor (realidade).
Utilizando-se
desses elementos e da linguagem do metateatro o dramaturgo cria trama cheia de
significados que extrapola o universo teatral e faz refletir sobre os dias conturbados
que estamos vivendo
A
encenação de Sérgio Ferrara faz límpida tradução cênica do texto de Yazbek e é
amparada pela belíssima iluminação de Aline Santini. A meu ver trilha menos
grandiloquente do que Richard Wagner na cena final surtiria melhor efeito para
ilustrar os dramas do protagonista.
Patrícia Gasppar, Helô Cintra Castilho, Luciano Gatti, Carlos Palma e Gustavo Haddad
Outro
grande trunfo do espetáculo é o elenco harmonioso: desde o pequeno papel do
amigo produtor muito bem defendido por Gustavo Haddad, passando pelas boas
interpretações de Helô Cintra Castilho como a namorada (ótima na cena da
ruptura), de Carlos Palma (como o diretor, lembrando Antunes Filho, do qual
autor e diretor foram discípulos), de Patrícia Gasppar (grande presença cênica
como a mãe) e culminando com Luciano Gatti como o protagonista, em significativo
momento de sua carreira que nos últimos anos já nos ofereceu Ato a Quatro, Solilóquios e Se Existe Eu Ainda Não Encontrei, sempre
com muito talento e comprovando que ele é um dos melhores atores dessa geração
que hoje circula pela faixa dos 40 anos de idade.
A
encenação de O Eterno Retorno é
acompanhada pela leitura dramática de cinco peças inéditas do dramaturgo, além
de bate-papo sobre dramaturgia contemporânea brasileira e oficina sobre
dramaturgia ministrada por Yazbek. (vide datas e horários na programação do
SESC 24 de Maio)
O
ETERNO RETORNO está em cartaz no SESC 24 de Maio até 02 de dezembro às sextas
(18h e 21h), sábados (21h) e domingos (18h).
17/11/2108
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