sábado, 17 de novembro de 2018

O ETERNO RETORNO


  
        O novo texto de Samir Yazbek, que está comemorando 30 anos de profissão dramaturgo, traz uma série de referências devidamente creditadas pelo próprio autor no programa da peça: o título é igual ao da memorável montagem do Mestre Antunes Filho de 1981 que abrigava quatro peças de Nelson Rodrigues e este é outra referência do autor, que se utiliza do recurso dramatúrgico-cênico dos três planos (realidade, memória, imaginação) de Vestido de Noiva para demonstrar os conflitos do protagonista (um ator em crise existencial e profissional) com a mãe (memória), o primeiro diretor (imaginação) e a namorada e o amigo produtor (realidade).
        Utilizando-se desses elementos e da linguagem do metateatro o dramaturgo cria trama cheia de significados que extrapola o universo teatral e faz refletir sobre os dias conturbados que estamos vivendo
        A encenação de Sérgio Ferrara faz límpida tradução cênica do texto de Yazbek e é amparada pela belíssima iluminação de Aline Santini. A meu ver trilha menos grandiloquente do que Richard Wagner na cena final surtiria melhor efeito para ilustrar os dramas do protagonista.

Patrícia Gasppar, Helô Cintra Castilho, Luciano Gatti, Carlos Palma e Gustavo Haddad

        Outro grande trunfo do espetáculo é o elenco harmonioso: desde o pequeno papel do amigo produtor muito bem defendido por Gustavo Haddad, passando pelas boas interpretações de Helô Cintra Castilho como a namorada (ótima na cena da ruptura), de Carlos Palma (como o diretor, lembrando Antunes Filho, do qual autor e diretor foram discípulos), de Patrícia Gasppar (grande presença cênica como a mãe) e culminando com Luciano Gatti como o protagonista, em significativo momento de sua carreira que nos últimos anos já nos ofereceu Ato a Quatro, Solilóquios e Se Existe Eu Ainda Não Encontrei, sempre com muito talento e comprovando que ele é um dos melhores atores dessa geração que hoje circula pela faixa dos 40 anos de idade.
        A encenação de O Eterno Retorno é acompanhada pela leitura dramática de cinco peças inéditas do dramaturgo, além de bate-papo sobre dramaturgia contemporânea brasileira e oficina sobre dramaturgia ministrada por Yazbek. (vide datas e horários na programação do SESC 24 de Maio)
        O ETERNO RETORNO está em cartaz no SESC 24 de Maio até 02 de dezembro às sextas (18h e 21h), sábados (21h) e domingos (18h).

        17/11/2108


       


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