AINDA RESTA UMA ESPERANÇA
Nelson
Rodrigues tinha pouco menos de 30 anos quando escreveu sua primeira peça A Mulher Sem Pecado e atingiu a fama aos
31 quando estreou Vestido de Noiva em
1943. O mesmo se deu com Jorge Andrade que escreveu O Telescópio aos 29 anos e tornou-se conhecido em 1954 com A Moratória. Gianfrancesco Guarnieri
escreve sua obra prima Eles Não Usam
Black Tie aos 23 anos. E no campo da música para teatro basta lembrar-se de
Edu Lobo com a trilha para Arena Conta
Zumbi aos 22 anos e Chico Buarque com a mesma idade compondo para Morte e Vida Severina.
Flor
da idade, onde estás nos dias de hoje?
Sempre
me faço essa pergunta cada vez que entro em um teatro para assistir a um
espetáculo realizado por jovens e tenho boas surpresas no campo da
interpretação e da direção, mas confesso que raramente isso ocorre em relação à
dramaturgia.
E
eis que o jovem e talentoso trinômio autor/diretor/ator se concretizou na noite
de ontem, quando assisti, já em final de temporada, ao surpreendente O Desmonte, escrito e dirigido por
Amarildo Felix e interpretado por Vitor Placca.
Um
homem isola-se do mundo ao perder alguém e sofre um verdadeiro desmonte físico
e moral. Acaba achando companhia em um rato, que a princípio o incomoda, mas
depois acaba fazendo parte dele. Com essa simples premissa, Felix escreve texto
repleto de poesia indignada e potente que mantém essa potência na sua tradução
cênica tendo por base a excepcional atuação de Vitor Placca, sem dúvida uma das
melhores deste ano prestes a acabar. Toda essa beleza é realizada por dois
jovens artistas beirando os 30 anos que contribuem e vão continuar contribuindo
de maneira inestimável com o teatro brasileiro... Se a realidade do nosso país
assim o permitir, é claro!
Artistas
maravilhosos como Antunes Filho, Fernanda Montenegro, Laura Cardoso, Zé Celso
Martinez Corrêa, Renato Borghi, Nathalia Timberg estão aí muito firmes
enriquecendo nossos palcos, mas necessitamos desse sangue jovem para dar
continuidade ao tesouro inestimável que é nosso teatro.
O
DESMONTE está em cartaz na Oficina Cultural Oswald de Andrade às segundas e
terças às 20h, só até a próxima semana (13/11). Entrada gratuita. IMPERDÍVEL
para todos aqueles que acreditam na qualidade e na renovação do nosso teatro.
06/11/2018
Amei o comentário de Nelson Rodrigos,nome forte e respeitado em se tratanto de teatro,televisão...
ResponderExcluirÉ gratificante,ou melhor ainda,quase um sonho,saber que esse homem, colocou a sua atuação, em primeiro lugar neste ano. Parabéns Ví,vc é guerreiro,nós sabemos disso, vai chegar lá, com certeza.Fico muito feliz em te ver um vencedor. Para mim,vc.já é vencedor faz tempo. Bjs.meu ator predileto.