quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

A PROPÓSITO DOS PROGRAMAS ACESSÍVEIS POR MEIO DE QR CODE

 

1. Histórico dos programas de teatro em São Paulo.

- Até a década de 1950 houve predominância de programas de dois tamanhos 14cmX18,5cm e 16cmX23cm que apresentavam material sobre a peça, fotos da equipe em branco e preto, ficha técnica e propagandas. Em geral eram distribuídos gratuitamente.

14cm X 18,5cm

16cm X 23cm

- Na década de 1960 predominam os de tamanho 16cmX23cm com as mesmas características apresentadas acima.

- Décadas de 1970, 1980 e 1990, os programas aumentam de tamanho 21cmX27cm, ficam mais sofisticados, com parte das fotos coloridas e, em geral, com menos propaganda. Normalmente são vendidos.

21cm X 27cm

Havia empresas especializadas na confecção de programas teatrais como a Progran e a Proteatro em São Paulo e a Editora Teatral Ltda. No Rio de Janeiro.

- A partir do ano 2000 o material torna-se bastante variado tanto na forma como no conteúdo indo de simples flyers a luxuosos programas de espetáculos musicais vendidos. As propagandas praticamente desaparecem. 

2. Os espetáculos virtuais durante a pandemia. 

Com a suspensão dos espetáculos devido ao fechamento dos teatros por conta da pandemia da covid 19, a partir de 16 de março de 2020 surgem os espetáculos virtuais. O público assistiu aos espetáculos apenas com acesso virtual à ficha técnica dos mesmos. Em função da minha atividade, recebi, via assessorias de imprensa, os releases das peças e pude imprimir, no mínimo, sinopse e ficha técnica das mesmas, mantendo assim em meu acervo, os dados básicos dos espetáculos para futuras consultas e preservação da memória do nosso teatro. 

3. A volta dos espetáculos presenciais. 

Nos últimos meses de 2021, aos poucos os teatros foram reabrindo e com a justificativa que o manuseio de papel pudesse ser um transmissor do vírus, os programas físicos foram suspensos e se disponibilizava QR codes para consulta dos mesmos.

Já se provou que inexiste a transmissão do vírus via esse material, no entanto na maioria dos casos, manteve-se a suspensão do programa em papel, muito provavelmente por questões econômicas.

Alguns programas nesse formato muitas vezes são quase ilegíveis quando acessados via celular, alguns nem permitem o download. Imprimir domesticamente esses programas é tarefa árdua e cara: gasta-se muita tinta e muito papel e na forma, nunca se obtém o efeito desejado.

Honrosa exceção foi a publicação pelo SESC do programa da peça Língua Brasileira, que contém matérias preciosas sobre o assunto tratado no espetáculo as quais seriam dificilmente absorvidas quando lidas em um celular.

A grande pergunta que me ocorre é: essa tendência vai continuar? É o fim dos programas impressos?

Em caso positivo, tenho certeza que esse é um grande desserviço à memória, já tão desprezada, do nosso teatro. Esses programas hoje disponíveis via QR code tendem a se tornar indisponíveis com o passar do tempo e será tarefa árdua ou missão quase impossível um pesquisador encontrar um deles para seu trabalho. O Google é bom, mas não faz milagres!

Assim solicito aos produtores, ao SESC, ao SESI, ao Itaú Cultural que estudem uma maneira de voltar aos programas impressos talvez com edições reduzidas e disponibilizados para venda, evitando o desperdício no caso de pessoas que pegam um ou mais programas, não os lê e acaba jogando-os fora.

Tenham em mente que o programa impresso é ferramenta valiosa para quem faz teatro, para pesquisadores e para quem ama o teatro.

Na impossibilidade da volta do programa impresso seria importantíssimo que se estudasse uma forma de disponibilizar as informações sobre os espetáculos de maneira segura, prática e acessível, algo que não acontece com o acesso via QR code e, no mínimo, que se distribuísse material contendo a ficha técnica do espetáculo.

TUDO PELA PRESERVAÇÂO DA MEMÓRIA DO TEATRO BRASILEIRO.

O TEATRO NOS UNE

O TEATRO NOS TORNA FORTES

VIVA O TEATRO! 

03/02/2022

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