sábado, 7 de janeiro de 2023

A DRAMATURGIA BRASILEIRA NOS PALCOS PAULISTANOS EM 2022

        

        No ano de 2022 ressurge com toda a força o teatro de verdade usando o pleonasmo “teatro presencial”.

O chamado teatro virtual, muito bem vindo durante o período pandêmico, do qual se esperava uma significativa sobrevida, praticamente desapareceu das telas dos celulares e dos notebooks. O Guia OFF, mesmo que apenas em edição on-line, foi o único sobrevivente dos guias de teatro da cidade de São Paulo e indicou pouquíssimos espetáculos virtuais de janeiro a agosto, sendo que, a partir de setembro eles desaparecem por completo de suas páginas.

        A análise da dramaturgia brasileira em nossos palcos que venho realizando e publicando há vários anos, tornou-se cada vez mais difícil, necessitando a impressão mensal do único guia existente e a consulta aos meus arquivos a partir de releases e programas de peças. Sendo assim, é bem provável, que este seja o último ano que publico este tipo de estudo.

        Com base nos dados disponíveis estiveram presentes nos palcos da cidade cerca de 360 espetáculos que tiveram um nome brasileiro na dramaturgia. Foi mantida a proporção de 25 espetáculos com dramaturgia estrangeira para cada 75 espetáculos de dramaturgos brasileiros, sendo assim podemos fazer uma aproximação escrevendo que estrearam (ou reestrearam) na cidade de São Paulo em 2022, 480 títulos sendo 360 de autores brasileiros e 120 de autores estrangeiros.

        O foco, na presente matéria, é a dramaturgia brasileira.

        Houve um número significativo de peças vindas de temporadas anteriores. Aquelas apresentadas em mostras ou festivais não aparecem nesta matéria.

        Mais uma vez houve pouca presença dos autores clássicos: com dois títulos comparecem Ariano Suassuna, Jorge Andrade e Plínio Marcos, seguidos de Nelson Rodrigues, Dias Gomes e Oduvaldo Vianna Filho com apenas uma peça. Até Ronaldo Ciambroni, muito apresentado em anos anteriores, teve poucas peças em cartaz.

        Talvez o autor brasileiro mais montado tenha sido o jovem Luccas Papp com quatro peças apresentadas.

        A maioria dos dramaturgos é pouco conhecido e aparece com apenas um título e, infelizmente, tem pouca chance de voltar a comparecer nos próximos anos.

        Foram apresentados oito musicais biográficos e outro tanto de musicais gerais, a maioria deles sem grandes méritos dramatúrgicos.

        Daquilo que tive oportunidade de assistir (124 das 360) meus destaques vão para:

        - A Esperança na Caixa de Chicletes Ping Pong – Clarice Niskier

        - A Semente da Romã – Luís Alberto de Abreu

        - Brenda Lee e o Palácio das Princesas – Fernanda Maia

        - Cabaret dos Bichos – Zé Henrique de Paula

        - Comida nas Costas, Barriga Vazia – Alex Moletta

        - Festa dos Bárbaros – Georgette Fadel, Patrícia Gifford, Paula Klein

        - Jacksons do Pandeiro – Braulio Tavares e Eduardo Rios

        - Macacos – Clayton Nascimento

        - Museu Nacional – Todas as Vozes do Fogo – Vinicius Calderoni

        - Pérsia – Sandra Vargas

        - Renoir – A Beleza Permanece – Rogerio Correa

         Entendo o balanço do ano como positivo, tanto em qualidade como em quantidade, mesmo com todos percalços provocados pelo infame governo que terminou em 31/12/2022.

        Tudo leva a crer que, com os bons ares que o Brasil volta a respirar em 2023, a área cultural terá um novo impulso e muita coisa boa vai acontecer.


        06/01/2023

 

       

         

 



 

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