domingo, 23 de fevereiro de 2025

CLAUSTROFOBIA REDUX



     Circulando entre a portaria, os corredores e o elevador de um prédio dois homens e uma mulher destilam suas frustrações e preconceitos no dia a dia do local. Eles são o porteiro e o ascensorista do prédio e ela é Stella, uma executiva esnobe que vai iniciar seu trabalho no 16º andar. O dramaturgo Rogério Correa se utiliza desses três personagens para falar de solidão, preconceito e incomunicabilidade nas grandes cidades, sempre com a ironia e o humor ácido muito comuns em seus outros trabalhos. Raramente essas criaturas dialogam, mas passam o tempo todo ruminando seus anseios e frustrações.

     Poucos textos de Corrêa chegaram a São Paulo (“Boy” e “Renoir – A Beleza Permanece”) sempre em temporadas relâmpagos e este é também o caso de “Claustrofobia” que teve apenas quatro apresentações na simpática e bonita Arena [B]³ dentro do prédio da Bolsa de Valores no centro da cidade. Trata-se de um excelente trabalho e urge que ele retorne à cidade para uma temporada regular. Atenção SESC!

     Cesar Augusto que já havia dirigido outro texto de Corrêa (“Entre Homens”) dirige o espetáculo focando toda a atenção no trabalho do ator. 

   Em comum acordo, autor, diretor e ator optaram por concentrar as três personagens em um único intérprete.

   Todos os holofotes direcionados para o ator Márcio Vito em uma das interpretações mais marcantes deste início de temporada. Marcio se reinventa em cena a cada mudança de personagem apenas com pequenas modificações na emissão da voz e no gestual, em um domínio cênico poucas vezes visto em nossos palcos. Esse domínio ficou patente quando um incômodo microfone insistia em sair de sua meia até que ele desistiu e simplesmente o descartou, continuando com sua impecável atuação.

     Quem viu, viu...

23/02/2025


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