Uma festa profana alegre e colorida para contar a história de um padre?
Nada mais acertado quando se trata de José de Souza Pinto (1947-2019), o famoso Padre Pinto que deu uma banana para os dogmas da igreja católica para viver sua vida, sua arte e seu politeísmo com liberdade e defendendo com unhas e dentes a tolerância e os direitos humanos do povo de Lapinha, bairro de Salvador.
Personagem controversa e debochada, Padre Pinto encontrou em Ricardo Bittencourt o ator perfeito para interpretá-lo no teatro. Escrito originalmente como um monólogo para Ricardo interpretar, o autor Luiz Marfuz foi expandindo o texto, colocando em cena os três reis magos, representantes da igreja católica, um emissário da Santa Sé, representantes evangélicos e o povo de Lapinha gerando, quando traduzido cenicamente, uma montagem coral de rara beleza e vitalidade.
Ricardo Bittencourt esbanja talento em cena, bem acompanhado pela sobriedade do emissário interpretado por Sérgio Marone. Todo o elenco atua, canta e dança com mita desenvoltura e cabe notar a ótima figura da madrinha do padre interpretada com muito humor por Rita Brandi e a presença de duas atrizes icônicas do Oficina, Luciana Domschke e Sylvia Prado.
Destaque também para a parte musical executada ao vivo; para o cenário de Cris Cortilio que permite a projeção de obras pintadas por Pinto; para o desenho de luz assinado Cesar Pivetti e Rodrigo Pivetti e para os coloridos figurinos de Kelly Siqueira e Paula Mares Ruy.
Como diretor, Luiz Marfuz reúne tudo isso com muita harmonia, o que resulta em um espetáculo pleno da alegria e da energia tão características do personagem focado com um toque herdado do saudoso Zé Celso.
É como escrevi no início: uma festa profana alegre e colorida a que se assiste com o mesmo prazer com que deve ter sido concebida.
PADRE PINTO está em cartaz no SESC Pompeia até 23/02 de quinta a sábado às 20h e domingos às 17h. Sessão extra no dia 19/02às 20h.
10/02/2025
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