quinta-feira, 17 de março de 2016

O MUSICAL MAMONAS



A IRREVERÊNCIA DOS MAMONAS ASSASSINAS COM O TOQUE DE CLASSE DE JOSÉ POSSI NETO

        Quando os Mamonas Assassinas estouraram em 1995 eu já era cinquentão e confesso que fui um pouco avesso à música daqueles garotos que ao meu entender (na época) vinham contribuir para a deteriorização que a música brasileira vinha sofrendo desde o início da década. Puro preconceito e falta de humor. Quando esses meninos sofreram o terrível acidente que acabou com suas vidas o Brasil parou e chorou. Sensibilizado com o fato resolvi ouvir com maior atenção aquele único disco e surpreendi-me com o besteirol que eu tanto admirava no teatro agora na forma de música. Tarde demais para pedir “Quero mais”.

Os originais

        Exatas duas décadas depois do acidente de 1996 eis que o pedido que não pude fazer na época é, de alguma forma, atendido. Os Mamonas estão de volta!

O elenco

         José Possi Neto muniu-se de uma equipe de ouro para realizar este delicioso e divertido espetáculo baseado na curta existência do grupo: do texto enxuto de Walter Daguerre que parte de uma interessante premissa “celestial”, às mais que competentes e criativas coreografias de Vanessa Guillen e também aos figurinos de Fábio Namatame, recriados a partir dos modelos originais. Tudo funciona banhado pela iluminação de Wagner Freire. Possi orquestra todos esses elementos e um elenco afinadíssimo de jovens atores que canta e dança muito bem. Em elenco tão homogêneo fica difícil fazer destaques; porém é impossível não citar o desempenho de Ruy Brissac como Dinho; de Patrick Amstaldem, hilário em todas as personagens que desempenha e de Bernardo Berro, mais parecido com o Jô Soares do que o próprio Jô Soares!!
        Por último, mas não menos importante, noto a parte musical dirigida por Miguel Briamonte e muito bem executada por uma banda que, por opção da direção, não aparece em cena, uma vez que os atores estilizam o uso dos instrumentos.
        O MUSICAL MAMONAS é diversão pura para quem curtiu e também para quem não curtiu a banda original e destaca-se, por sua criatividade, dos mornos musicais biográficos que têm grassado em nossos palcos.
        AH! O programa da peça é lindo e inclui um DVD com o making of da montagem.
        Em cartaz no Teatro Raul Cortez às quintas e sábados (21h), sextas (21h30) e domingos (19h). Até 29 de maio.

17/03/2016




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