Na foto, da esquerda para a direita: Davi Reis, Gabriela Rabelo, Rogério Brito, Fani Feldman e Ricardo Corrêa.
Scavenger: Alguém que recolhe coisas
descartadas por outros; catador de lixo; qualquer animal que come coisas
refugadas e apodrecidas.
A trama da peça do dramaturgo escocês Davey
Anderson é simples: o jovem e bem casado empreendedor Marco, depois de alguns
negócios bem sucedidos, vai à falência e acha a melhor solução no abandono de
tudo tentando o suicídio afogando-se no mar. Mas Marco não morre e no encontro
com alguns miseráveis ele vai descobrindo o sentido da vida, indo até o fundo
do poço para depois transcender numa das cenas mais bem resolvidas, do ponto de
vista poético, que temos visto em nossos palcos. Não vou estragar o prazer de
quem vai assistir à peça me estendendo no que acontece em seguida.
O
grande achado dramatúrgico é a maneira como a história é contada: um grupo de
atores vai narrando a saga de Marco, enquanto o ator que o interpreta, em
certos momentos, também narra a história. A tradução cênica realizada pelo
sempre competente e sensível Francisco Medeiros é engenhosa utilizando-se de
microfones espalhados pelos quatro cantos do palco por meio dos quais os atores
fazem a narração (um senão é que na sessão em que assisti algumas falas se
tornaram inaudíveis, talvez por algum problema de sonorização). Uma plataforma
central móvel que contém tampas por onde os atores entram e saem é o espaço
onde se desenrola a ação propriamente dita. O cenário é assinado por Cesar
Rezende Santana.
Quatro
bons atores (Davi Reis, Fani Feldman, Rogério Brito e a carismática Gabriela
Rabelo) revezam-se nas narrações e na interpretação das personagens que se
envolvem com o protagonista Marco, representado pelo talentoso Ricardo Corrêa.
A
produção é da Cia. Artera de Teatro
(Ricardo Corrêa e Davi Reis) que já montou Dadesordemquenãoandasó
do mesmo autor e o polêmico e assustador Bug
Chaser-Coração Purpurinado. As três montagens estão em cartaz na cidade.
Destaque
para a trilha executada ao vivo por seu autor Tiago de Mello e para a significativa
iluminação de Fran Barros.
SCAVENGERS
está em cartaz no Centro Cultural São Paulo às sextas e sábados às 21h e aos
domingos às 20h até 05/11.
29/10/2017
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