quarta-feira, 21 de março de 2018

PRÊMIO SHELL DE TEATRO 2018 – SÃO PAULO



        Aconteceu na noite tempestuosa de terça feira na bonita Villa Vérico a entrega do Prêmio Shell àqueles considerados pelo júri os melhores em sete categorias no teatro realizado em São Paulo em 2017. O evento foi apresentado por Claudia Ohana.
        Os maiores vencedores, com dois prêmios cada um, foram os espetáculos Refluxo e Grande Sertão Veredas.

Foto de LeeKyung Kim

        A grande surpresa da noite foi o prêmio de melhor autor para Angela Ribeiro (merecidíssimo!!) por Refluxo que valeu um emocionado agradecimento da premiada invocando a luta e a figura de Marielle, barbaramente assassinada na semana passada no Rio de Janeiro. A estonteante concepção cênica de Eric Lenate só podia levar o prêmio de melhor cenário.

Foto de Roberto Pontes

        Grande Sertão: Veredas ganhou em direção (Bia Lessa) e ator (Caio Blat, que também fez um virulento grito de alerta contra a “guerra” em que se encontra o país).
       Ilana Kaplan ganhou por Baixa Terapia e louvou a escolha para uma atriz de comédia dizendo que esse gênero é raramente lembrado nas premiações. 
        A melhor música ficou com Marcelo Pellegrini pela deliciosa trilha de Pagliacci. Em seu discurso louvando o circo e os palhaços ele não podia deixar de homenagear Fernando Sampaio e o saudoso Domingos Montagner, criadores da LaMinima e mentores do projeto Pagliacci.
        O prêmio de melhor iluminação foi para o ausente Wagner Pinto (Dilúvio) e o de melhor figurino para Ronaldo Fraga (A Visita da Velha Senhora).
        Quanto ao prêmio “Inovação” creio ter sido o que mais trabalho deu para o júri, pois os quatro indicados tinham potencial enorme para vencer: Mundana Companhia, Mungunzá, Grupo XIX e Teatro do Sol. Não havia dúvidas entre todos com quem falei que a vencedora seria a Mungunzá com seu mais que inovador Teatro de Contêiner instalado bravamente na região da Luz, mas o júri optou pela também corajosa ocupação que o Grupo XIX de Teatro faz a alguns anos na Vila Maria Zélia. Tenho certeza que os não vencedores sentiram-se honrados em “perder” para o Grupo XIX.
        O ator Ney Latorraca foi o homenageado desta edição. 
        A meu ver dois erros de logística da organização do evento provocaram um momento bastante desagradável quase ao final da premiação. O primeiro erro foi deixar para o final a homenagem a Ney Latorraca, uma vez que os interesses da maioria dos presentes estavam voltados para a divulgação dos premiados e o segundo erro foi manter aberta a divisória que separa o salão da premiação daquele onde havia os comes e bebes. Uma parte dos presentes se dirigiu ao segundo salão ao final da divulgação e quando Ney Latorraca fazia seu discurso de agradecimento, ouviam-se ao fundo as vozes da multidão que papeava enquanto comia e bebia. Visivelmente incomodado o ator começou a se dirigir grosseiramente à outra sala chegando ao cúmulo de lhes chamarem de “alcoolatras anônimos”. Lamentável! Por mais razão que tivesse isso não é atitude de um homenageado.
        Mas como tudo acaba em festa, a bela recepção continuou até mais tarde com os convivas bebendo, comendo e se congraçando enquanto continuava a chover lá fora.
        Parabéns aos premiados, aos indicados e a todos os profissionais que enriqueceram a cena paulistana em 2017.

21/03/2018


Um comentário:

  1. Interessante saber detalhes da premiação através dos seus comentários. Pena a indiferença de alguns diante do discurso de um colega, tal qual a indiferença política em relação ao povo.

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