Aconteceu
na noite tempestuosa de terça feira na bonita Villa Vérico a entrega do Prêmio
Shell àqueles considerados pelo júri os melhores em sete categorias no teatro
realizado em São Paulo em 2017. O evento foi apresentado por Claudia Ohana.
Os
maiores vencedores, com dois prêmios cada um, foram os espetáculos Refluxo e Grande Sertão Veredas.
Foto de LeeKyung Kim
A
grande surpresa da noite foi o prêmio de melhor autor para Angela Ribeiro
(merecidíssimo!!) por Refluxo que
valeu um emocionado agradecimento da premiada invocando a luta e a figura de
Marielle, barbaramente assassinada na semana passada no Rio de Janeiro. A
estonteante concepção cênica de Eric Lenate só podia levar o prêmio de melhor
cenário.
Foto de Roberto Pontes
Grande Sertão: Veredas ganhou em direção
(Bia Lessa) e ator (Caio Blat, que também fez um virulento grito de alerta
contra a “guerra” em que se encontra o país).
Ilana
Kaplan ganhou por Baixa Terapia e
louvou a escolha para uma atriz de comédia dizendo que esse gênero é raramente
lembrado nas premiações.
A
melhor música ficou com Marcelo Pellegrini pela deliciosa trilha de Pagliacci. Em seu discurso louvando o
circo e os palhaços ele não podia deixar de homenagear Fernando Sampaio e o
saudoso Domingos Montagner, criadores da LaMinima
e mentores do projeto Pagliacci.
O
prêmio de melhor iluminação foi para o ausente Wagner Pinto (Dilúvio) e o de melhor figurino para
Ronaldo Fraga (A Visita da Velha Senhora).
Quanto
ao prêmio “Inovação” creio ter sido o que mais trabalho deu para o júri, pois
os quatro indicados tinham potencial enorme para vencer: Mundana Companhia, Mungunzá, Grupo XIX e Teatro do Sol. Não havia dúvidas entre todos com
quem falei que a vencedora seria a Mungunzá
com seu mais que inovador Teatro de
Contêiner instalado bravamente na região da Luz, mas o júri optou pela
também corajosa ocupação que o Grupo XIX
de Teatro faz a alguns anos na Vila Maria Zélia. Tenho certeza que os não
vencedores sentiram-se honrados em “perder” para o Grupo XIX.
O
ator Ney Latorraca foi o homenageado desta edição.
A
meu ver dois erros de logística da organização do evento provocaram um momento
bastante desagradável quase ao final da premiação. O primeiro erro foi deixar
para o final a homenagem a Ney Latorraca, uma vez que os interesses da maioria
dos presentes estavam voltados para a divulgação dos premiados e o segundo erro
foi manter aberta a divisória que separa o salão da premiação daquele onde
havia os comes e bebes. Uma parte dos presentes se dirigiu ao segundo salão ao
final da divulgação e quando Ney Latorraca fazia seu discurso de agradecimento,
ouviam-se ao fundo as vozes da multidão que papeava enquanto comia e bebia.
Visivelmente incomodado o ator começou a se dirigir grosseiramente à outra sala
chegando ao cúmulo de lhes chamarem de “alcoolatras anônimos”. Lamentável! Por
mais razão que tivesse isso não é atitude de um homenageado.
Mas
como tudo acaba em festa, a bela recepção continuou até mais tarde com os
convivas bebendo, comendo e se congraçando enquanto continuava a chover lá
fora.
Parabéns
aos premiados, aos indicados e a todos os profissionais que enriqueceram a cena
paulistana em 2017.
21/03/2018
Interessante saber detalhes da premiação através dos seus comentários. Pena a indiferença de alguns diante do discurso de um colega, tal qual a indiferença política em relação ao povo.
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