Antes
de usar o adjetivo tomei o cuidado de consultar o dicionário para evitar
qualquer erro, mas entre seus múltiplos significados ,“elegante” também é algo
que tem “proporção adequada entre os
elementos de uma composição artística; harmonia; elegância de forma”. SIM!
Tudo é elegante nesta nova montagem que tem a marca registrada de Eduardo
Tolentino e do Grupo TAPA.
A
começar pelo atualíssimo texto de Arthur Schnitzler (1862-1931), autor que não
é inédito entre nós, uma vez que escreveu Senhorita
Else (montada em 1997 por Marcio Aurelio), La Ronde e o romance Breve
Romance de Um Sonho (adaptado para a tela por Stanley Kubrick em 1999 com o
título de De Olhos Bem Fechados). Por
meio das aventuras e desventuras de um Don Juan às avessas a peça discute temas
como o relacionamento humano e o papel da mulher numa sociedade machista. São
brilhantes e esclarecedores os diálogos entre os protagonistas Anatol e seu
amigo e alter ego Max.
A
encenação de Tolentino prima pelo bom gosto: cenários e figurinos produzidos
por Marcela Donato (ambos sem indicação de autoria na ficha técnica distribuída)
condizentes com o ambiente atemporal da peça, mas que têm um toque de Europa da
primeira metade do século XX. Diga-se de passagem, que os belos figurinos poderiam
servir como homenagem a Lola Tolentino, figurinista de todas as montagens de
TAPA até o seu falecimento. A trilha sonora de Alexandre Martins e a iluminação
de Nelson Ferreira complementam com harmonia a encenação.
Destaque
especial para as belíssimas trocas de cena na penumbra coreografadas com
extrema precisão por todo o elenco. Para esses intermezzos, o diretor ainda propõe dois números musicais, um muito
bem sucedido (Fim de Caso) e outro que
destoa do todo (September Song) pela
interpretação equivocada da atriz.
Belas
e talentosas atrizes compõem a ala feminina do elenco, todas elas interpretando
mulheres que passaram pela vida de Anatol: Camila Czerkes (Annie) em uma das
cenas mais hilárias da peça; Isabella Lemos elegantíssima e classuda vestindo
um sensual tailleur vermelho como a amante Else; Antoniela Canto como a
exuberante e revoltada Ilona e Cinthya Hussey como Gabrielle na última cena,
que é tocante como desfecho, mas um tanto longa e repetitiva, sendo a única que
poderia sofrer algum corte nessa bela montagem com duração de 150 minutos.
Completam o time feminino Athena Beal (Cora) e Natalia Moço (Bianca).
Esse
time feminino dá sustento às primorosas interpretações da dupla masculina:
Adriano Bedin (Max) e Bruno Barchesi (Anatol). Ambos conduzem com muito garbo as
diversas tramas que narram fatos alegres e tristes da vida de um sujeito que
achava que todas as mulheres com que se envolveu eram coitadinhas, mas que ao
final conclui que o coitadinho é ele.
ANATOL
está em cartaz no Teatro João Caetano até 26/08 às sextas e aos sábados às 21h
e aos domingos às 19h, devendo, a seguir, cumprir temporada no Teatro Paulo Eiró de 07 a
30/09 nos mesmos dias da semana e horários. NÃO DEIXE DE VER.
11/08/2018
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