Rir
faz bem; dizem que desopila o fígado! E isso acontece quando a comédia não
apela para efeitos rasos e chulos. Confesso que tenho certo preconceito em
relação a certo tipo de comédia de forte apelo comercial que é oferecido em
alguns teatros da cidade. E havia essa resistência em relação a A Banheira de Gugu Keller que está em
cartaz na cidade há cinco temporadas.
A
convite de meu caro André Grecco fui ontem assistir ao espetáculo e me diverti
muito!
A
peça de Gugu Keller segue a receita dos bons vaudevilles com as tradicionais entradas e saídas das personagens
por várias portas. Assim como a Olímpia de Trair
e Coçar É Só Começar, Melissa é a verdadeira protagonista da peça sendo o
pivô de todos os divertidos quiproquós da trama. Brincadeira a parte, a peça
até poderia se chamar A Traveca Travessa!!
A
história gira em torno de Melissa, travesti que fez programa com um senhor na
casa dele e que é surpreendida junto com ele por um assaltante que acaba os
trancando no banheiro da casa. A esposa do homem está para chegar e a confusão
está armada. O som do celular de Melissa é o motivo das primeiras gargalhadas
do público, gargalhadas essas que perduram durante toda a hora e meia da peça.
André
Grecco brilha como a divertida Melissa com trejeitos, caras e bocas deliciosos
e bem dosados atingindo o auge da comunicação quando desce à plateia para uma
gostosa interação com o público. Jorge Paulo é um divertido assaltante e tem
seu melhor momento na parte final quando também é trancado no banheiro. Wagner
Maciel representa o marido assustado. Apesar de falarem um pouco baixo, Carol
Hubner (a esposa) e Glaura Lacerda (a amiga) também têm seus momentos de humor
e Carol poderia tirar mais partido cômico das cenas em que procura a chave se
se permitisse “soltar mais a franga”.
Originalmente
a peça foi dirigida por Alexandre Reinecke e atualmente Val Keller assina a
“adaptação de direção”.
Outra
boa surpresa foi rever o Teatro Maria Della Costa por dentro! Com exceção das
poltronas velhas e desconfortáveis, a sala de espetáculos conserva certa
imponência e o palco tem excelente dimensão para voltar a apresentar grandes
espetáculos.
Plateia do teatro com o cenário de Mira Andrade no palco
Da parte externa e da sala de espera (que certo
dia foi um charmoso café com ares parisienses) não se pode dizer o mesmo e
estava mais do que na hora da APETESP devolver à cidade, este espaço que foi um
marco do teatro paulistano. É melancólico ver a foto do espetáculo Gimba e o painel na subida da escada
abandonados e amarelados pelo tempo.
Faz falta também a escultura de Maria Della
Costa como Joana D’Arc (da peça inaugural do teatro O Canto da Cotovia em 1954), realizada, se não me engano, por Bruno
Giorgi.
Painel com a equipe de Gimba (1959), exposto no saguão do teatro
Mas
esta matéria não quer ser nostálgica: A
Banheira é ótimo divertimento e merece uma visita. Volta ao cartaz para sua
sexta temporada em 2020 a partir de 03 de janeiro no mesmo teatro às sextas e
sábados às 21h30.
22/12/2019
Nenhum comentário:
Postar um comentário