Conheci Cláudia
Barral em 2019 quando comentava com um amigo que eu não havia gostado de A
Cobradora, peça que tínhamos acabado de assistir e uma bela jovem chegou até
mim de maneira muito simpática e disse: “Me conta porque você não gostou, eu
sou a autora”. Confesso que fiquei meio sem graça, mas como ela foi
tão elegante na sua abordagem e eu já havia feito muitos elogios a seus
trabalhos anteriores - Cordel do Amor Sem Fim (2012 e 2019), Os Minutos
Que Se Vão Com O Tempo (2016) e Hotel Jasmim (2016) – me senti a
vontade para trocar algumas ideias com ela sobre o espetáculo o que resultou em
um papo bastante agradável e sincero de ambas as partes.
Eis que agora tomo
contato que esse surpreendente O Cego e o Louco, escrito por uma quase
menina no final do século passado, onde já se nota o perfeito domínio da jovem
dramaturga na construção dos diálogos e no desenvolvimento da trama que tem
desfecho surpreendente, que eu não ousaria revelar aqui.
Texto conciso com
apenas 16 páginas, segundo Daniel Dias da Silva no release, que Gustavo Wabner
traduziu cenicamente de maneira brilhante colocando as duas personagens em um
confronto que apesar de se revelar repetido cotidianamente é muito forte e vai
envolvendo o espectador até o final surpresa. Para tanto Wabner contou com o
excelente trabalho dos atores Alexandre Lino, como o vigoroso e dominador
Nestor, pintor cego e Daniel Dias da Silva, o tímido e servil Lázaro, irmão de
Nestor (a movimentação corporal e, em especial das mãos, de Daniel é um detalhe
precioso de sua magnífica performance).
Colaboram para o bom
resultado da encenação da Lunática Companhia de Teatro, a cenografia de Sergio
Marimba, os discretos figurinos de Victor Guedes, a iluminação de Fernanda
Mantovani e a preciosa direção de movimento de Sueli Guerra.
É distribuído um programa simples, mas com as informações básicas e importantes. Lição que toda produção de espetáculos deveria aprender, em prol da memória do nosso teatro.
O CEGO E O LOUCO está em cartaz na Sala Paschoal Carlos Magno do Teatro Sérgio Cardoso até 26/02 com sessões de sexta a domingo às 19h (não haverá espetáculos na semana do Carnaval).
06/02/2023
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