Se há algo de podre
no reino da Dinamarca, há também algo deliciosamente divertido no palco do
Teatro Porto.
Esse criativo musical
escrito por Karey Kirkpatrick e John O’Farrell com músicas de Karey e Wayne
Kirkpatrick recebeu também criativa versão brasileira de Claudio Botelho, tendo
sua tradução cênica assinada por Gustavo Barchilon.
Tudo funciona nesse
delicioso espetáculo que se propõe a mostrar ficcionalmente como surgiu o
teatro musical na Inglaterra de 1595, onde Shakespeare dominava a cena teatral,
fazendo os irmãos Nick e Nigel do Rêgo Soutto darem tratos à bola para tentar
ultrapassar a fama e o sucesso do assim chamado bardo.
A semelhança entre as
palavras Hamlet e omelete cria toda a hilária confusão da trama.
Há uma cena antológica
no espetáculo que acontece quando o vidente Nostradamus vislumbra que o gênero musical seria o sucesso
futuro do teatro. São também hilárias as citações de frases
de sonetos e de peças de Shakespeare.
Pelas atrapalhadas criadas e também por ação de Shakespeare, a família Rêgo Soutto é expulsa da Inglaterra e na versão original da peça, se exila nos Estados Unidos onde deverá criar os musicais da futura Broadway; na versão brasileira eles são deportados para o Brasil e seria muito interessante se eles chegassem na Praça Tiradentes e criassem o teatro de revistas; mas isso é uma outra história que fica para uma outra vez!
De qualquer maneira,
num caso ou no outro, na Inglaterra quem continuará reinando absoluto será
Shakespeare que, ao que a peça conta, roubou o argumento de Hamlet do
pobre Nigel!
Marcos Veras
interpreta o irmão Nick, obcecado por criar um espetáculo de sucesso que o faça
pagar suas contas; sua esposa é vivida por Laila Garin, o irmão tímido Nigel
tem Leo Bahia no papel e sua namoradinha Portia é interpretada por Bel Lima. Os
destaques ficam com os divertidos George Sauma e Wendell Bendelack que
interpretam, respectivamente, Shakespeare e Nostradamus. A linha do coro é
igualmente talentosa e completa harmoniosamente a cena. Todo o elenco
interpreta, canta e dança muito bem ao som de ótima banda não vista durante o
espetáculo e que só aparece em cena para os aplausos.
A cuidada produção do
espetáculo tem excelentes profissionais em sua ficha técnica: Alonso Barros na
coreografia e na direção de movimento, Thiago Gimenes na direção musical, Fábio
Namatame nos figurinos, Duda Arruk nos cenários, Maneco Quinderé no desenho de
luz e Tocko Michelazzo/Gabriel Bocutti no desenho de som.
Tudo em prol do máximo deleite do espectador.
Divertimento inteligente que dá gosto ver!!
ALGUMA COISA PODRE
está em cartaz no Teatro Porto até 06 de agosto com sessões às sextas às 20h,
aos sábados às 16h e às 20h e aos domingos às 15h e às 19h.
NÃO PERCA!
19/06/2023
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