- Boa noite. Eu sou o Capiroto e estou aqui para lhes dizer umas verdades: parem de me culpar por todo mal que as senhoras e os senhores fazem para a humanidade e assumam suas perversidades!
O
espetáculo escrito e dirigido por Rodrigo França e interpretado por Leandro
Melo poderia começar assim e o bonito é que eles provam por A mais B que o
Capiroto está com a razão ao se revoltar por ser responsabilizado pelos males
do mundo.
O texto é quase
didático (sem jamais ser chato) ao mostrar como a sociedade e as religiões criaram
mitos que se prestam a perpetuar o poder daqueles que já o detém, mantendo os
oprimidos como eternos humilhados, ofendidos e servis, como tão bem já demonstrou
Dostoievski.
O tema é árido, mas a encenação assinada pelo
próprio autor é tratada com leveza e até certo humor, para isso muito contribui
a excepcional interpretação de Leandro Melo que dirige com muita elegância as
acusações diretamente ao espectador sem agredi-lo, mas fazendo-lhe refletir sobre
os fatos. Colaboram também para a grandeza da encenação o cenário de Clebson
Prates, a iluminação de Pedro Carneiro, a trilha sonora de João Vinicius
Barbosa e a importante arte digital de Akueran.
Quem
já viu Leandro Melo nos diversos musicais em que participou (ele acaba de
interpretar Lennie Dale em Elis – A Musical que estava em cartaz na Sala
Nydia Licia do Teatro Sérgio Cardoso) sabe do seu talento como
dançarino e cantor, mas só irá descobrir a sua potência e versatilidade como
intérprete ao assistir Capiroto.
É
lastimável elogiar e querer recomendar um espetáculo quando ele já saiu de
cartaz (quarta-feira, dia 08/11, foi a última apresentação), mas fica o alerta:
se voltar ao cartaz, não perca CAPIROTO, um dos mais instigantes espetáculos
apresentados nos palcos paulistanos neste ano.
Descubra de onde vêm
os males que afligem nosso planeta e deixe o diabo em paz!
10/11/2023
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