1.
Um
pouco sobre o autor
De Filippo escreveu cerca de 50 peças,
todas de cunho popular e crítico e poucas chegaram aos palcos brasileiros. Em
1965, na fase agônica do TBC, Alberto D’Aversa montou “Esses Fantasmas” com
Otelo Zeloni, tentando, sem sucesso, repetir o sucesso de “Os Ossos do Barão”.
Só em 1986, o autor volta aos palcos do Rio de Janeiro com “Sábado, Domingo e
Segunda (direção de José Wilker) e em 1988 com “Filomena Marturano!” (direção
de Paulo Mamede), ambas com interpretações antológicas da saudosa Yara Amaral.
Ao que consta De Filippo só volta aos palcos paulistanos em 1999 com “A Arte da
Comédia” (direção de Marcio Aurelio), em 2003 com “Sábado, Domingo e Segunda”
(direção de Marcelo Machioro) e em 2014 novamente com a deliciosa “A Arte da
Comédia” (direção de Sergio Módena).
É, portanto, mais que oportuna a escolha de “A Grande Magia” para celebrar os 25 anos da Cia. Elevador de Teatro Panorâmico.
2. A montagem
A primeira parte da peça, bastante engraçada e interessante, se passa em frente a um hotel, onde são apresentadas as personagens e onde se realizam os números de mágica, sendo que um deles fará “desaparecer” a esposa do estressado Calogero, fato que desencadeia todo o resto da trama. A peça perde ritmo na segunda parte só o recuperando no final com a reviravolta no comportamento da personagem Calogero.
Com exceção da bela trilha sonora com
músicas do cantor italiano Paolo Conte, o diretor Marcelo Lazzaratto optou por
um ambiente atemporal, não reforçando o italiano tanto nos cenários como na
interpretação do elenco, é de se estranhar, portanto, a composição da excelente
atriz Carolina Fabri com gestual e voz das mulheres napolitanas.
As personagens masculinas são melhor
desenvolvidas pelo autor do que as femininas dando a oportunidade de ótimas
interpretações de Gabriel Miziara e Ernani Sanchez além de promover momentos
brilhantes de Chico Carvalho (o mago charlatão) e de Pedro Haddad (Calogero).
O mesmo não se pode dizer no elenco
feminino: Marina Vieira e Rita Gullo atuam de maneira caricatural e gritada em
todas as personagens que interpretam. Chiara Lazzaratto não tem chance de
mostrar o seu talento no papel da menina risonha Amélia. Larissa Garcia
interpreta com discrição a esposa desaparecida. A grande atriz Carolina Fabri
está totalmente fora do contexto criado por Lazzaratto numa interpretação
caricata como uma mulher italiana vulgar.
Completam o elenco Fernando Vilar (o amante)
e João Portela, uma espécie de narrador e leitor das rubricas.
A montagem de Lazzaratto, bastante digna e portadora de bons momentos teatrais, merece ser vista.
A GRANDE MAGIA está em cartaz no SESC 14
Bis até 21 de setembro. Sexta e sábado às 20h e domingo às 18h.
Sessões extras: Dias 4 e 11 (quinta) às 15h e dia 18 (quinta) às 20h.
02/09/2025
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