terça-feira, 2 de setembro de 2025

A GRANDE MAGIA

 

Foto de João Caldas

1.   Um pouco sobre o autor

        Eduardo De Filippo (1900-1984) foi um ator, diretor e dramaturgo napolitano muito popular nas décadas de 1950 e 1960. Em seus 84 anos de vida atuou, dirigiu e escreveu para teatro, cinema, rádio, televisão e até ópera. Teve um encontro com Pirandello (1867-1936) em 1933 com quem escreveu “O Hábito Novo” em 1935. A relatividade da verdade, tema tão caro a Pirandello, está presente nesta “A Grande Magia” escrita em 1948 e ora em cartaz no SESC 14 Bis.

De Filippo escreveu cerca de 50 peças, todas de cunho popular e crítico e poucas chegaram aos palcos brasileiros. Em 1965, na fase agônica do TBC, Alberto D’Aversa montou “Esses Fantasmas” com Otelo Zeloni, tentando, sem sucesso, repetir o sucesso de “Os Ossos do Barão”. Só em 1986, o autor volta aos palcos do Rio de Janeiro com “Sábado, Domingo e Segunda (direção de José Wilker) e em 1988 com “Filomena Marturano!” (direção de Paulo Mamede), ambas com interpretações antológicas da saudosa Yara Amaral. Ao que consta De Filippo só volta aos palcos paulistanos em 1999 com “A Arte da Comédia” (direção de Marcio Aurelio), em 2003 com “Sábado, Domingo e Segunda” (direção de Marcelo Machioro) e em 2014 novamente com a deliciosa “A Arte da Comédia” (direção de Sergio Módena).

É, portanto, mais que oportuna a escolha de “A Grande Magia” para celebrar os 25 anos da Cia. Elevador de Teatro Panorâmico. 

2.   A montagem 

A primeira parte da peça, bastante engraçada e interessante, se passa em frente a um hotel, onde são apresentadas as personagens e onde se realizam os números de mágica, sendo que um deles fará “desaparecer” a esposa do estressado Calogero, fato que desencadeia todo o resto da trama. A peça perde ritmo na segunda parte só o recuperando no final com a reviravolta no comportamento da personagem Calogero.

        Com exceção da bela trilha sonora com músicas do cantor italiano Paolo Conte, o diretor Marcelo Lazzaratto optou por um ambiente atemporal, não reforçando o italiano tanto nos cenários como na interpretação do elenco, é de se estranhar, portanto, a composição da excelente atriz Carolina Fabri com gestual e voz das mulheres napolitanas.

        As personagens masculinas são melhor desenvolvidas pelo autor do que as femininas dando a oportunidade de ótimas interpretações de Gabriel Miziara e Ernani Sanchez além de promover momentos brilhantes de Chico Carvalho (o mago charlatão) e de Pedro Haddad (Calogero).

        O mesmo não se pode dizer no elenco feminino: Marina Vieira e Rita Gullo atuam de maneira caricatural e gritada em todas as personagens que interpretam. Chiara Lazzaratto não tem chance de mostrar o seu talento no papel da menina risonha Amélia. Larissa Garcia interpreta com discrição a esposa desaparecida. A grande atriz Carolina Fabri está totalmente fora do contexto criado por Lazzaratto numa interpretação caricata como uma mulher italiana vulgar.

        Completam o elenco Fernando Vilar (o amante) e João Portela, uma espécie de narrador e leitor das rubricas.

         A montagem de Lazzaratto, bastante digna e portadora de bons momentos teatrais, merece ser vista.

        A GRANDE MAGIA está em cartaz no SESC 14 Bis até 21 de setembro. Sexta e sábado às 20h e domingo às 18h.

Sessões extras: Dias 4 e 11 (quinta) às 15h e dia 18 (quinta) às 20h.

        02/09/2025

 

 

 

 

 

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