Jarbas Capusso Filho inicia sua peça
em um clima beckettiano e entrega aos poucos a razão daquelas duas Alices
estarem naquele local indefinido vestidas iguais, com o mesmo penteado e tendo
muitas outras coisas em comum.
A denúncia da violência dos homens com
as mulheres é o mote principal da peça, mas Capusso trata o assunto de maneira
bastante original e surpreendente.
Joana Dória responde com muita
criatividade à tradução cênica do texto, sendo responsável também pelos
figurinos e pelo cenário, o qual deve remeter ao que ela imagina como deve ser
aquele “local indefinido”. O desenho de luz de Henrique Andrade e a instigante
trilha sonora de Pedro Semerighi se somam às intenções da diretora.
Nicole Cordery, em mais um momento
marcante de sua rica trajetória responde mais uma vez por uma personagem
chamada Alice, neste caso é uma mulher realista e cansada de sonhar; por outro lado a
outra Alice, em significativa interpretação de Fábia Mirassos (que nos
surpreende a cada novo trabalho), é doce e ainda acredita que seu Godot está
para chegar.
Uma embalagem com plástico bolha está
presente em toda a ação e vai ser a estrela da comovente cena final onde
tomamos conhecimento das milhares de Alices que sofrem agressões em suas vidas.
Alices deve ser assistida com muita atenção e servir de alerta contra atitudes que a sociedade machista insiste em perpetuar.
Trata-se de uma peça feminista sem os
cacoetes e clichês muito comuns em espetáculos do gênero.
ALICES está em cartaz no SESC Pinheiros até 13 de dezembro com sessões de quinta a sábado às 20h30.
23/11/2025

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